Enguias são rastreadas até o nascedouro pela 1ª vez na história

Cientistas aplicaram rastreadores em enguias europeias, conseguindo mapear o caminho da espécie até o Mar dos Sargaços, no Atlântico Norte
Enguias são rastreadas até o nascedouro pela 1ª vez na história
Imagem: Bernard Dupont/Wikimedia Commons/Reprodução

No início da década de 1920, o biólogo dinamarquês Johannes Schmidt avistou larvas de enguias europeias (Anguilla anguilla) no Mar dos Sargaços, no meio do Atlântico Norte. Os animais estavam bem distantes de seu habitat natural, nas costas europeia e africana. 

A conclusão era simples: aquele era o local de desova dos peixes. Mas faltava aos cientistas explicações sobre como as enguias chegavam até lá. Um novo estudo publicado na revista Scientific Reports finalmente responde essa questão.

Entre as informações conhecidas pelos pesquisadores, estava o fato de que as enguias europeias passavam em algum momento pelos Açores, em Portugal. Sabendo disso, cientistas foram até o local e capturaram 21 animais. Então, colocaram rastreadores neles e depois os devolveram ao oceano. 

Seis enguias chegaram ao Mar de Sargaços com os rastreadores ainda presos. Foram meses de viagem, provando que esses peixes viajam entre 5 e 10 mil quilômetros até os nascedouros. A viagem completa de migração dura mais de um ano. 

Rosalind Wright, pesquisadora da Agência do Meio Ambiente do Reino Unido e coautora do estudo, disse em comunicado que a enguia europeia está criticamente ameaçada de extinção, sendo importante compreender seu ciclo de vida completo para organizar esforços de conservação da espécie. 

“Essa é a primeira vez que conseguimos rastrear enguias no Mar dos Sargaços e estamos muito satisfeitos por termos a primeira evidência direta de enguias europeias adultas atingindo sua área de desova. A jornada revelará informações sobre a migração de enguias ainda desconhecidas”, finalizou.

O método de navegação usado pelas enguias ainda não está claro. Elas podem estar sentindo os campos magnéticos da Terra, farejando pistas olfativas ou mesmo seguindo correntes oceânicas. Mais estudos são necessários para confirmar.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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