Entenda como a pandemia tem afetado os recentes lançamentos espaciais

Pacientes de Covid-19 estão usando oxigênio líquido para tratamento, mesmo componente usado em missões espaciais
Imagem: ULA

A pandemia afetou diversas esferas da sociedade, inclusive relacionados a lançamentos espaciais, que foram de adiamentos a interrupções. Isso se deve pela escassez de recursos como oxigênio líquido.

A NASA anunciou, na semana passada, que o lançamento do satélite Landsat 9 seria adiado uma semana devido à falta de nitrogênio líquido na base militar. Segundo a nota, “as atuais demandas pandêmicas de oxigênio líquido medicinal afetaram o fornecimento do suprimento de nitrogênio líquido necessário”.

No caso, o problema não estava na falta de recurso, mas no transporte. Del Jenstrom, gerente do projeto da NASA Landsat 9, afirma que os caminhões-tanque que transportam o composto estão sendo utilizados para levar oxigênio aos locais onde os pacientes estão internados.

O satélite seria lançado com o foguete Atlas 5, da United Launch Alliance (ULA) que usa nitrogênio gasoso convertido do nitrogênio líquido, para lançar durante as operações de teste e contagem regressiva.

A Defense Logistics Agency, responsável pela instalação que converte nitrogênio líquido em gasoso, determinou na semana passada que o suprimento de nitrogênio da base militar estava “criticamente baixo” e insuficiente para suportar os testes de pré-lançamento do foguete Atlas 5 para o Landsat 9.

A Airgas, fornecedora de gases industriais e medicinais, está enviando pelo menos uma dúzia de navios à Califórnia para reabastecer o suprimento de nitrogênio, disse Jenstrom.

O oxigênio líquido é importante para combater os sintomas graves de Covid-19 pois a maioria dos pacientes internados com o vírus precisa de oxigênio bombeado diretamente para os pulmões.

Ao mesmo tempo, o composto  é um dos propulsante mais usados em veículos lançadores. Serve como um oxidante em combinação com combustíveis como hidrogênio líquido, querosene e metano. Os casos de Covid-19 aumentando nos Estados Unidos se tornaram um efeito cascata na cadeia de abastecimento e tem atingindo agências espaciais.

Caminhões-tanque da Praxair entregam oxigênio líquido para a plataforma de lançamento 39B no Kennedy Space Center da NASA na Flórida, em 2017. Imagem: NASA / Kim Shiflett

Dias antes no anúncio da NASA, Gwynne Shotwell, presidente e chefe de operações da SpaceX, falou as dificuldades em garantir o fornecimento de oxigênio líquido durante o 36º Simpósio Espacial. “Nós realmente seremos impactados este ano com a falta de oxigênio líquido para o lançamento”, disse ela. “Certamente vamos garantir que os hospitais terão o oxigênio de que precisam, mas para qualquer pessoa que tenha oxigênio líquido de sobra, envie-me um e-mail”.

Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, disse que a falta de oxigênio líquido, até agora, não afetou as operações de lançamento da empresa. “Este é um risco, mas ainda não é um fator limitante”, Musk tuitou.

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A SpaceX é a maior usuário de oxigênio líquido da indústria espacial. A empresa usa oxigênio líquido em combinação com querosene para colocar os foguetes Falcon 9 em órbita.

Os problemas da cadeia de suprimento de oxigênio líquido está atravessando fronteiras. Dmitry Rogozin, chefe da Roscosmos (agência espacial russa), tuitou que a Roscosmos transferiu há meses “quase todo” o oxigênio para hospitais. Isso fez adiar os testes de motores de foguetes.

[Universe Today] [SpaceNews] [Spaceflight Now]

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