Não custa lembrar que alguns vazamentos de produtos são propositais

Evan Blass, um dos principais vazadores do mercado de tecnologia, explica um pouco a dinâmica deste trabalho e que muita coisa é feita de propósito.
Foto: Warren Wong / Unsplash

O famoso “vazador” Evan Blass, mais conhecido pelo seu Twitter @evleaks, revelou mais uma coisa interessante sobre a indústria de tecnologia. Desta vez, não é um novo aparelho, mas sim uma prática: vazamentos controlados.

Blass cobrou publicamente a fabricante chinesa Vivo. Segundo ele, a agência que trabalha para a marca o fez assinar um acordo de confidencialidade e ensaiou um “vazamento controlado” para o lançamento do X50, mas depois deu um “ghosting” e não entrou mais em contato. A empresa não respondeu, e Blass apagou sua mensagem.

Apesar de ser um assunto raro, não é a primeira vez que Blass comenta essa prática. Em uma entrevista para a BBC em 2014, ele falou sobre esse tipo de expediente das fabricantes.

“As empresas dirão que nunca estão felizes com vazamentos, mas isso não é verdade. Eu já recebi vazamentos controlados, e é por isso que, se um fabricante diz que odeia vazamentos… eles não estão sendo sinceros. Mais de um — mais de dois — me deram material para vazar.”

Em outra entrevista, desta vez para o PhoneArena em 2019, Blass disse que vazamentos controlados acontecem, mas não são comuns. Ele também comentou que todas as empresas gostariam de manter seus segredos, mas nem todas priorizam o fator surpresa na hora de lançar um produto e, por isso, não constroem um planejamento voltado a isso.

Blass, em 2014, também disse que os vazamentos ajudam a gerar repercussão para os aparelhos, aumentando o número de ciclos de notícias.

Pense assim: em vez de um aparelho ser notícia apenas em duas ou três ocasiões — geralmente no lançamento, no início das vendas e nos testes da imprensa –, a mídia pode noticiar cada pequeno aspecto que vaza, levando a marca a ficar em evidência por mais tempo.

E os vazamentos não são a única maneira de gerar esse burburinho. Algumas marcas mandam comunicados ou até mesmo aparelhos para jornalistas e youtubers com antecedência, e eles assumem o compromisso de que não falar sobre o produto antes de uma data combinada.

É o chamado embargo, no jargão da imprensa. Alguns embargos são parciais: o jornalista recebe o produto antes e pode fazer um texto curto sobre ele, mas não pode publicar um review completo, por exemplo. Assim, a empresa consegue um ciclo de notícia a mais.

Seja qual for a estratégia empregada, é bom ter em mente que, em um mercado tão disputado quanto o de smartphones, as marcas vão tentar fazer de tudo para conseguir a atenção do público.

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