Facebook suspende três páginas com milhões de visualizações para que elas expliquem relações com Rússia

O Facebook suspendeu três páginas de conteúdo em vídeo da Maffick Media, uma empresa de propriedade da Ruptly, que, por sua vez, é uma subsidiária da rede estatal russa RT (anteriormente Russia Today). De acordo com a CNN, o Facebook disse que iria entrar em contato com os proprietários das páginas, pois eles não divulgavam […]
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Richard Drew/AP

O Facebook suspendeu três páginas de conteúdo em vídeo da Maffick Media, uma empresa de propriedade da Ruptly, que, por sua vez, é uma subsidiária da rede estatal russa RT (anteriormente Russia Today).

De acordo com a CNN, o Facebook disse que iria entrar em contato com os proprietários das páginas, pois eles não divulgavam adequadamente onde as páginas eram gerenciadas ou sua afiliação com o governo russo.

A Maffick Media contrata funcionários em Los Angeles, mas está registrada na Alemanha, e não nos EUA. A Ruptly é um serviço estatal, e isso sempre esteve longe de ser um segredo. No entanto, o fato de a Maffick Media ter 51% de seu controle nas mãos da Ruptly era uma informação bem mais discreta.

A CNN diz que o diretor de operações da Maffick, J. Ray Sparks, alegou que não reconhecer sua propriedade era uma “prática comercial padrão” para os operadores de uma página do Facebook:

“As pessoas que se conectam com páginas não devem ser enganadas sobre quem está por trás delas. Assim como intensificamos nosso combate ao comportamento não autêntico coordenado e ao spam motivado financeiramente no último ano, continuaremos melhorando [nossa fiscalização] para que as pessoas possam obter mais informações sobre as páginas que seguem”, disse um porta-voz do Facebook em um comunicado.

A CNN falou com representantes da Maffick antes de o Facebook suspender as páginas. O diretor de operações da Maffick, J. Ray Sparks, disse que a empresa é editorialmente independente da RT e afirmou que era “prática comercial padrão” não divulgar a propriedade de uma página no Facebook. “O público em geral nunca está interessado nessas coisas, e a prática padrão é simplesmente não mencioná-las, porque o público não está interessado”, disse ele.

O Facebook também suspendeu uma página pertencente ao In the Now, outra operação financiada pela RT e projetada para atrair o público mais jovem. Sparks diz que a Maffick Media foi originalmente criada como uma holding para o In the Now, segundo a reportagem.

Assim como a RT e a Ruptly, a Maffick Media parece ter oferecido ao público uma cobertura crítica ao governo e à mídia dos EUA, embora dentro dos limites do que geralmente é considerado como sendo a retórica do mainstream.

Segundo a CNN, as páginas incluíam a Soapbox, uma página de assuntos atuais, o canal ambiental Waste-Ed e o canal histórico Backthen. Juntos, eles tinham mais de 30 milhões de visualizações de vídeo em um curto período de tempo.

Como o canal de notícias observou, as políticas do Facebook não exigem que as páginas listem informações sobre sua propriedade, muito menos que elas gerem avisos de isenção de responsabilidade sobre o conteúdo ou alertas sobre o fato de serem patrocinadas pelo estado.

No entanto, o gigante das redes sociais está sob imensa pressão para reprimir a suposta interferência estrangeira em sua plataforma. Em 2018, a rede começou a exigir que algumas grandes páginas revelassem de onde elas são administradas através de um “processo de autorização”. Só a Waste-Ed incluía qualquer informação sobre onde era sua base de operações, segundo a CNN.

De acordo com documentos corporativos obtidos pela CNN, os 49% remanescentes de Maffick são de propriedade de sua diretora executiva Anissa Naouai, uma ex-apresentadora da RT que, segundo fontes, é próxima à editora-chefe da RT, Margarita Simonyan.

Embora Sparks tenha dito à CNN que a Maffick Media é editorialmente independente da RT, a comunidade de inteligência dos Estados Unidos escreveu, em um relatório de 2017, que acredita que o Kremlin supervisiona e coordena os canais financiados pelo Estado para impulsionar narrativas ideologicamente amigáveis.

Um dos elementos da suposta campanha russa para interferir nas eleições de 2016, por exemplo, foi promover a ideia de que Donald Trump estava enfrentando uma quantidade injusta de críticas dos meios de comunicação ao mesmo tempo em atacava implacavelmente a democrata Hillary Clinton, argumenta o relatório da inteligência dos EUA.

A CNN escreve:

Ben Nimmo, pesquisador sênior de defesa de informações do Digital Forensic Research Lab, disse à CNN que, enquanto os canais russos afirmam ser independentes do ponto de vista editorial, “eles impulsionam rotineiramente as narrativas do Kremlin, especialmente aquelas que retratam o Ocidente negativamente”.

Nimmo disse que o tom das páginas de Maffick é “amplamente anti-EUA e anti-corporativo. Isso é muito semelhante à cobertura feita pelo RT. Maffick pode, tecnicamente, ser independente, mas seu tom certamente combina com a família de canais do Kremlin.”

Outras questões em torno da Maffick Media incluem se ela deveria ter se registrado como agente estrangeiro sob o FARA Act (Lei de Registro de Agentes Estrangeiros), como a produtora T&R Production, da RT, foi obrigada a fazer em 2017. O advogado Joshua Ian Rosenstein, do escritório Sandler Reiff Lamb Rosenstein, disse à CNN que um registro de agente estrangeiro poderia ser necessário, mesmo que a empresa esteja estabelecida na Alemanha.

“Se eles estão fazendo trabalho nos EUA com o objetivo de realizar os interesses russos e são financiados por um braço do governo russo, então o registro FARA poderia ser justificado”, disse Rosenstein à CNN.

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