Ciência

Fóssil achado no Brasil preenche lacuna na evolução dos pássaros, revela estudo

Descoberto no interior de SP, o Navaornis hestiae é um intermediário entre arqueópterix – a 1ª ave – e os pássaros modernos e tem quase o tamanho de um pardal
Imagem: Stephanie Abramowicz/Divulgação

Em 2016, cientistas encontraram um fóssil de um pássaro no sítio paleontológico José Martin Suárez, em Presidente Prudente, que viveu no Brasil durante o Cretáceo Superior. Ele agora é chave para entender a evolução dos pássaros.

O pássaro batizado de Navaornis hestiae é o foco de um novo estudo internacional para entender a evolução do cérebro dessas aves.

Publicado no final de outubro na revista Nature, o estudo revela que o fóssil descoberto no Brasil ajudou a preencher uma lacuna na história da evolução.

O Navaornis hestiae é um intermediário entre arqueópterix – a primeira ave – e os pássaros modernos e tem quase o tamanho de um pardal.

Portanto, o fóssil é de uma ave do grupo enantiornithes, que viveu há 80 milhões de anos e foi extinto na mesma época dos dinossauros.

“O fóssil é o único com o crânio completo, não apenas do Brasil, mas também o melhor preservado do período mesozoico, fornecendo informações sobre como e quando ocorreu a evolução do sistema nervoso dos pássaros”.

Além disso, o estado de preservação do crânio desse fóssil pode esclarecer interpretações sobre a evolução da anatomia do cérebro dos pássaros.

Desse modo, o fóssil do pássaro descoberto no Brasil é a peça mais importante para entender a evolução do cérebro dos pássaros.

Graças ao estado de preservação, cientistas da Universidade de Cambridge e do Musel de História Natural de Los Angeles criaram uma reconstrução digital em 3D do cérebro do pássaro.

Veja o vídeo da reconstrução do cérebro do pássaro achado no Brasil: 

Na reconstrução do cérebro do fóssil, os cientistas identificaram que o pássaro que habitava o Brasil tinha um cérebro maior que o do arqueópterix. De acordo com os cientistas, esse cérebro maior indica habilidades cognitivas avançadas.

No entanto, outras estruturas cerebrais, como o cerebelo, continuaram menos desenvolvidas. Segundo os cientistas, o Navaornis não evoluiu para ter controle sofisticado de voo dos pássaros atuais.

“A estrutura cerebral do Navaornis é quase exatamente intermediária entre o arqueópterix e os pássaros modernos. A possibilidade de estudar o cérebro desse pássaro foi um daqueles momentos em que a peça encaixa perfeitamente no quebra-cabeça”, afirmou Guillermo Navalón, um dos autores do estudo.

O cientista enfatiza que o fóssil do pássaro achado no Brasil se posiciona exatamente no meio da lacuna de 70 milhões de anos de evolução e “nos mostra o que aconteceu entre esses dois períodos desde o fim da era dos dinossauros”.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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