Fóssil achado no Brasil preenche lacuna na evolução dos pássaros, revela estudo
Em 2016, cientistas encontraram um fóssil de um pássaro no sítio paleontológico José Martin Suárez, em Presidente Prudente, que viveu no Brasil durante o Cretáceo Superior. Ele agora é chave para entender a evolução dos pássaros.
O pássaro batizado de Navaornis hestiae é o foco de um novo estudo internacional para entender a evolução do cérebro dessas aves.
Publicado no final de outubro na revista Nature, o estudo revela que o fóssil descoberto no Brasil ajudou a preencher uma lacuna na história da evolução.
O Navaornis hestiae é um intermediário entre arqueópterix – a primeira ave – e os pássaros modernos e tem quase o tamanho de um pardal.
Portanto, o fóssil é de uma ave do grupo enantiornithes, que viveu há 80 milhões de anos e foi extinto na mesma época dos dinossauros.
“O fóssil é o único com o crânio completo, não apenas do Brasil, mas também o melhor preservado do período mesozoico, fornecendo informações sobre como e quando ocorreu a evolução do sistema nervoso dos pássaros”.
Além disso, o estado de preservação do crânio desse fóssil pode esclarecer interpretações sobre a evolução da anatomia do cérebro dos pássaros.
Desse modo, o fóssil do pássaro descoberto no Brasil é a peça mais importante para entender a evolução do cérebro dos pássaros.
Graças ao estado de preservação, cientistas da Universidade de Cambridge e do Musel de História Natural de Los Angeles criaram uma reconstrução digital em 3D do cérebro do pássaro.
Veja o vídeo da reconstrução do cérebro do pássaro achado no Brasil:
Na reconstrução do cérebro do fóssil, os cientistas identificaram que o pássaro que habitava o Brasil tinha um cérebro maior que o do arqueópterix. De acordo com os cientistas, esse cérebro maior indica habilidades cognitivas avançadas.
No entanto, outras estruturas cerebrais, como o cerebelo, continuaram menos desenvolvidas. Segundo os cientistas, o Navaornis não evoluiu para ter controle sofisticado de voo dos pássaros atuais.
“A estrutura cerebral do Navaornis é quase exatamente intermediária entre o arqueópterix e os pássaros modernos. A possibilidade de estudar o cérebro desse pássaro foi um daqueles momentos em que a peça encaixa perfeitamente no quebra-cabeça”, afirmou Guillermo Navalón, um dos autores do estudo.
O cientista enfatiza que o fóssil do pássaro achado no Brasil se posiciona exatamente no meio da lacuna de 70 milhões de anos de evolução e “nos mostra o que aconteceu entre esses dois períodos desde o fim da era dos dinossauros”.