Frango pode fazer tão mal para colesterol quanto a carne vermelha

Deixar de comer carne vermelha e passar a comer frango para abaixar o colesterol pode não ser a melhor estratégia de dieta, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (4). Foi descoberto que os níveis de colesterol do sangue das pessoas aumentavam de forma similar quando elas consumiam uma dieta tanto com carne vermelha […]
Prato de frango grelhado com temperos
AP

Deixar de comer carne vermelha e passar a comer frango para abaixar o colesterol pode não ser a melhor estratégia de dieta, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (4).

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Foi descoberto que os níveis de colesterol do sangue das pessoas aumentavam de forma similar quando elas consumiam uma dieta tanto com carne vermelha quanto carne branca (especificamente frango e outras aves), comparado com uma dieta sem carne.

Esse efeito no colesterol, no entanto, pode não fazer tão mal para o seu coração quanto parece.

Os pesquisadores da Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Oakland (CHORI, na sigla em inglês) recrutou mais de 100 voluntários saudáveis para o experimento com a dieta.

Eles dividiram os participantes em dois grupos gerais: um deles consumindo refeições ricas em gorduras saturadas, enquanto os outros tiveram o oposto. Ambos os grupos foram separados mais uma vez em três seções.

Por quatro vezes por semana, em uma ordem aleatória, voluntários consumiam uma dieta rica em carne branca ou carne vermelha ou proteínas não-animal, e então intercalavam com outras dietas.

Ao longo do caminho, eram realizados exames de sangue para medir os níveis do colesterol total, bem como da lipoproteína de baixa densidade, ou LDL, considerado o “mau colesterol”, que pode causar um acúmulo de placa em nossas artérias e aumentar o risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral.

De acordo com Ronald Krauss, diretor de Pesquisa de Aterosclerose do CHORI e um dos autores do estudo, esta é a primeira pesquisa a comparar diretamente os efeitos da carne vermelha, carne branca e fontes de proteína não provenientes de animais nos níveis de colesterol em dietas em que outros nutrientes principais foram mantidos constantes e a ingestão de gordura saturada foi controlada.

E o que eles descobriram foi surpreendente, dado o conhecimento convencional em torno da carne branca.

“Nossa nova descoberta foi que o nível de colesterol LDL [o mau colesterol] se mantinha independente do consumo de carne vermelha ou de carne branca, e que o nível de LDL era menor com a proteína vegetal”, disse Krauss ao Gizmodo por e-mail.

“Estes resultados foram semelhantes nas dietas ricas e pobres em gordura saturada. Assim, o resultado pode ser visto como indicativo de um efeito de aumento do colesterol com ambos os tipos de carne, além do efeito de redução de colesterol com consumo de alimentos vegetais”, completou.

O estudo foi publicado na terça-feira no American Journal of Clinical Nutrition.

No entanto, os efeitos do colesterol sobre a saúde do coração ainda não estão completamente esclarecidos, nem quais são os alimentos específicos que podem afetar os níveis de colesterol.

Isso porque existem diferentes tipos de LDL, caracterizados pelo tamanho de suas partículas. Enquanto o LDL pequeno e médio está fortemente ligado a um maior risco de doença cardiovascular, a relação é mais fraca para o LDL de grande porte.

Neste estudo, o consumo dos dois tipos de proteína fez com os níveis de LDL de grande porte subissem, sem aumentar os outros tipos. O consumo de gorduras saturadas também levou a um aumento do LDL de grande porte, sem afetar os níveis dos tipos menores.

“Portanto, usar o nível de colesterol LDL padrão como a medida de risco cardiovascular pode levar a superestimar o risco da ingestão de carne e da gordura saturada, já que o teste de colesterol LDL pode refletir altos níveis de partículas LDL de grande porte”, disse Krauss.

O estudo tem alguns poréns. A equipe não investigou os efeitos do consumo de peixe, também considerada carne branca e que muitas vezes contém níveis mais elevados de gorduras mais saudáveis, como ômega-3s – que alguns defendem que serve para reduzir o colesterol total.

Também não foram estudados os produtos processados que muitas vezes são feitos com carne vermelha, como bacon ou salsichas de carne bovina. Qualquer um desses fatores poderia tornado a comparação mais favorável para a carne branca.

As agências de saúde pública recomendam há muito tempo que as pessoas tentem reduzir o consumo de carne vermelha e passem a comer carne branca ou vegetais como sua principal fonte de proteína. Por isso, os resultados deste estudo têm algumas implicações importantes.

Embora ainda possam haver razões para preferir a carne branca à vermelha por motivos de saúde (um risco menor de câncer, por exemplo), os autores dizem que suas descobertas sugerem que ter uma dieta rica em proteínas vegetais pode ser a melhor maneira de manter o colesterol sob controle.

“Tudo o que podemos dizer do nosso estudo é que se você está tentando diminuir o colesterol, diminuir o consumo de carne branca de aves pode ser tão eficaz quanto diminuir o de carne vermelha”, disse Krauss. “E uma vez que as pessoas possam diferir em suas opiniões, um teste de colesterol é a melhor maneira de saber como a dieta está indo”.

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