Um relatório divulgado pela agência Moral Rating apontou que boa parte das empresas multinacionais que prometeram deixar a Rússia, devido à Guerra na Ucrânia, ainda estão ativas no país.
A Moral Rating é uma organização criada após a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e tem como membros ucranianos, britânicos, americanos, chineses, coreanos, lituanos, malgaxes (da ilha de Madagascar), russos, turcos e cingapurianos. O objetivo do grupo é justamente monitorar o comportamento moral das empresas em relação à guerra na Ucrânia.
Entre as 114 empresas analisadas, o relatório apontou que apenas sete empresas (6% do total) saíram totalmente da Rússia após o início da guerra. São elas: Alphabet (controladora do Google), Amazon, BMW Group, Deutsche Telekom, Honda Motor, Sysco e Valero Energy.
Por outro lado, 63 empresas (55%) adotaram um meio-termo, suspendendo apenas parte das atividades russas, mas não encerrando completamente as operações. “Muitos deles afirmam que cortaram os laços com a Rússia, mas, na verdade, continuam com algumas atividades ou não cumprem as promessas”, disse o grupo.
As 44 multinacionais restantes (39%) – que atuavam na Rússia no momento da invasão da Ucrânia –, não fizeram nenhum anúncio oficial sobre uma potencial retirada por conta da guerra. Boa parte dessas empresas são de origem chinesa.
“Lavagem moral” em prol da Ucrânia
O relatório criticou o fato de as empresas ainda manterem prédios e funcionários na Rússia, como uma forma de agilizar uma possível reentrada no mercado em um potencial momento de pós-guerra. A atitude foi chamada de “lavagem moral”, indicando que as empresas só anunciaram a retirada “voluntária” do país após pressão popular, incluindo de funcionários, clientes e investidores.
Entre as empresas que mantêm alguma operação em solo russo, possuem ativos locais ou não divulgaram um prazo para a suspensão completa das atividades estão grandes multinacionais, muitas delas de tecnologia, como Apple, Meta, Microsoft, Dell, LG, Intel, Samsung, Sony, entre outras.
A Moral Rating cita algumas exceções (ou “brechas”), como a Nestlé e a PepsiCo que continuam a vender leite na Rússia por questões “humanitárias”; ou a Microsoft que está “apoiando escolas e hospitais” do país agressor.
No caso da Apple, o relatório lembra que a empresa foi aplaudida em março, quando interrompeu a venda de produtos e desativou a Apple Pay na Rússia. Porém, a empresa da maçã teria omitido a informação que ainda estava importando ouro, tungstênio e tântalo de mineradoras russas para fabricar seus produtos. Em resposta ao site Fast Company, a Apple afirma que não estava importando mais esses metais da Rússia.
“Evitando os holofotes, eles podem manter seus clientes e acionistas no escuro, enquanto continuam ganhando com a Rússia e enquanto o regime de Putin se beneficia do outro lado da transação”, disse Mark Dixon, fundador da agência Moral Rating.