Historiadores podem estar errados há séculos sobre este vaso da Roma Antiga

Uma nova pesquisa mostra que o artefato mais famoso do Museu Britânico, o Vaso de Portland, foi fabricado por meio de uma técnica diferente daquela tradicionalmente suposta por historiadores e arqueólogos. Durante séculos, especialistas em antiguidades disseram que o Vaso de Portland, junto com outros artefatos de vidro camafeu romano, foram fabricados por romanos antigos […]

Uma nova pesquisa mostra que o artefato mais famoso do Museu Britânico, o Vaso de Portland, foi fabricado por meio de uma técnica diferente daquela tradicionalmente suposta por historiadores e arqueólogos.

Durante séculos, especialistas em antiguidades disseram que o Vaso de Portland, junto com outros artefatos de vidro camafeu romano, foram fabricados por romanos antigos usando uma técnica de vidro soprado. Mas o cientista da Universidade Nacional da Austrália e especialista em vidro Richard Whiteley agora está desafiando essa antiga suposição, argumentando que muitas peças de vidro camafeu romano foram construídas com uma técnica de processamento a frio agora conhecida como “pâte de verre” (ou “pasta de vidro”).

“Não se trata de provar que as pessoas estavam erradas. Trata-se de corrigir um registro histórico e reviver e restaurar uma técnica perdida há mais de dois mil anos”

Para aqueles que curtem esse tipo de coisa, isso pode ser um choque. O vidro camafeu romano dessa era, além de ser extremamente raro (sabe-se apenas de 15 outros vasos e placas de vidro camafeu romano), tem sido enormemente influente. O Vaso de Portland (criado entre 30 aC e 50 dC) é provavelmente a peça mais conhecida de vidro camafeu romano, inspirando muitos artesãos e fabricantes de vidro desde o começo do século XVIII até os dias atuais. Essas peças de vidro ornado incluem vasos, grandes placas de parede e pequenos itens de joalheria. Historiadores e arqueólogos suspeitavam que o vidro camafeu era feito por um processo que exigia a técnica de vidro soprado, mas Whiteley diz ter descoberto evidências que afirmam que esse não é o caso.

“Não se trata de provar que as pessoas estavam erradas”, disse Whiteley em um comunicado. “Trata-se de corrigir um registro histórico e reviver e restaurar uma técnica perdida há mais de dois mil anos.”

Imagem: ANU

Ele chegou a essa conclusão depois de examinar alguns vidros de camafeu romano do departamento de clássicos da Universidade Nacional da Austrália usando tomografia computadorizada. Isso lhe permitiu ver, pela primeira vez, forma, direção e composição das bolhas de ar presas entre as camadas azuis e brancas do vidro romano.

“Lembro-me do momento em que vi, eu disse: meu deus, isso é extraordinário, porque eu também vi marcas de trabalho a frio na superfície que eram inconsistentes com a suposição de que havia sido soprado”, disse Whiteley. “Eu esculpo e moldo vidro com minhas mãos, faço isso há décadas. As marcas que vi eram inconsistentes com o que vejo em meu trabalho.”

Mais especificamente, a equipe de Whiteley viu uma configuração de bolha com o vidro que é produzida por um movimento de pressão e virada. Ele teoriza que um vidro granulado frio foi embalado em um molde, e então uma gota de vidro azul fundido foi colocado e pressionado contra o molde, aquecendo os grânulos brancos por trás.

“Simplesmente, não se consegue uma bolha daquele tamanho e aquele formato achatado a partir do sopro”, afirmou. “O mais impressionante disso tudo não é seu tamanho ou seu achatamento, mas sim termos encontrado uma seção em que o vidro azul se misturou com as manchas brancas granuladas de vidro.”

Whiteley admite que não é a primeira pessoa a fazer essa afirmação. Na década de 1990, a artista alemã Rosemarie Lierke chegou à mesma conclusão, mas seus artigos não foram aceitos por falta de evidências. Whiteley vai apresentar sua nova evidência em uma conferência de trabalhos de vidro históricos no Museu Britânico na próxima semana, e seu estudo de apoio ainda precisa aparecer em uma publicação revisada por outros especialistas. Até lá, precisamos controlar nossas expectativas em relação a essa descoberta.

Whiteley espera que sua nova teoria atraia atenção e financiamento suficientes para que uma equipe de pesquisa recrie o Vaso de Portland usando o método pâte de verre. Em sua opinião, isso resolveria o debate de uma vez por todas.

Entramos em contato com diversos especialistas para ouvir suas opiniões sobre a pesquisa e vamos atualizar essa publicação se tivermos uma resposta.

[Australian National University]

Imagem do topo: Carole Raddato/Flickr

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