Huawei terá smartphones com sistema operacional próprio em 2021

Em conferência para desenvolvedores, CEO da Huawei diz que HarmonyOS 2.0 estará disponível em smartphones da marca no ano que vem.
Fachada com logo da Huawei
Imagem: Getty

A Huawei terá smartphones com um sistema operacional próprio, o HarmonyOS. O anúncio foi feito pelo CEO, Richard Yu, em uma conferência da companhia para desenvolvedores. A mudança ocorre depois de mais de um ano de problemas entre a empresa e o governo dos EUA, que proibiu que ela fizesse negócios com companhias do país.

O HarmonyOS foi apresentado pela primeira vez em 2019 no lançamento de uma smart TV da marca Honor, de propriedade da Huawei. Na ocasião, a empresa disse que o sistema seria usado apenas em aparelhos de casa inteligente e internet das coisas, não em smartphones, e que continuaria apoiando o Android.

Se a intenção era mesmo essa, os planos mudaram: ao apresentar a versão beta para desenvolvedores do HarmonyOS 2.0, Yu disse que os primeiros smartphones com o sistema serão apresentados em 2021.

O beta do HarmonyOS 2.0 foi disponibilizado hoje para os desenvolvedores. Ele ainda não oferece suporte para smartphones — apenas para TVs, smartwatches e painéis de carro. O suporte para celulares chegará em dezembro.

Além disso, o sistema tem uma limitação de RAM de 128 MB atualmente, mas vai passar para 4 GB em abril e depois ser removido completamente em outubro de 2021, prometeu Yu. Ele também diz que o sistema será mais seguro e rápido que o Android — já falamos um pouco sobre os detalhes técnicos do HarmonyOS no ano passado.

A Huawei vai, de certa forma, copiar o que o Google faz com o Android. Além de desenvolver o HarmonyOS, a empresa chinesa disponibilizará uma versão de código aberto do sistema chamada OpenHarmony — o Android também tem uma versão de código aberto para quem quiser usar, chamada AOSP (Android Open Source Project).

Como lembra o Engadget, os rumores de um sistema operacional próprio da Huawei para smartphones circulam há muito tempo — desde 2012, no mínimo. O contexto para isso é uma tentativa da China de distanciar sua tecnologia das empresas dos EUA. Isso envolveu investir no Kylin — uma série de variantes do Linux para servir de alternativa ao Windows, da Microsoft — e em uma linha de processadores x86 — para substituir os chips da Intel. Essa ideia ganhou força novamente em meio à guerra comercial entre EUA e China nos últimos anos.

Desde as medidas do governo dos EUA que proibiram que empresas do país fizessem negócios com a Huawei, a fabricante chinesa continuou usando o Android, já que ele é de código aberto, mas perdeu o acesso aos serviços móveis, aos apps e à loja do Google.

No mercado chinês, isso é irrelevante, já que o Google é proibido por lá, mas isso se torna um problema na hora de conquistar nos mercados do resto do mundo, onde os serviços do Google, como Maps, Gmail e Play Store, são muito utilizados. Desde então, a Huawei tem tentado atrair desenvolvedores para seus equivalentes do Google, a loja App Galery e os Huawei Mobile Services. O HarmonyOS 2.0 parece ser um passo além.

Este, porém, não é o único problema enfrentado pela Huawei atualmente. Como a proibição de negócios coma Huawei foi ampliada e engloba também tecnologias e software dos EUA, mesmo que usados por empresas de outros países, a empresa pode ter problemas no fornecimento de componentes como circuitos integrados para processadores, telas e memória. Mesmo assim, a companhia chegou à liderança em número de smartphones despachados no segundo trimestre de 2020.

[Engadget, The Verge]

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