Ciência

Índia quer produzir chuva artificial para reduzir poluição do ar

A capital Nova Delhi enfrenta um dos piores níveis de qualidade do ar do mundo; ideia levanta controvérsias entre especialistas, mas já foi realizada em outros países
Imagem: Aquib Akhter/Unsplash/Reprodução

Nova Delhi, capital da Índia, está sempre entre as primeiras posições das listas sobre as cidades com mais poluição do mundo. E não à toa: os níveis de poluentes cancerígenos no ar como o PM2,5 frequentemente ultrapassam mais de 30 vezes os limites estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

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Por isso, cientistas indianos estão buscando maneiras de diminuir a poluição na cidade. Agora, eles pretendem desenvolver uma tecnologia para semear nuvens e estimular chuva artificial, a fim de limpar a névoa de poluentes que cobre a capital. Mas há controvérsias.

A poluição em Nova Delhi

De modo geral, a névoa de poluentes em Delhi é formada por uma mistura de emissões de gases tanto das indústrias quanto dos veículos. Há também os agravantes sazonais, como incêndios nos campos de agricultura, que acontecem assim como no Brasil, e o período de inverno.

Durante os meses de outubro a fevereiro, a poluição piora ainda mais. Isso porque o ar mais frio aprisiona as partículas poluentes.

Como resultado, a saúde da população é prejudicada: a exposição aos poluentes leva a derrames, problemas respiratórios, doenças cardíacas e até mesmo câncer. Por isso, os moradores de Nova Delhi são aconselhados a usar máscaras faciais ao ar livre o tempo todo.

Caso contrário, eles podem morrer, em média, 12 anos mais cedo devido à poluição do ar. Outras medidas foram tomadas, como a proibição da entrada de veículos a diesel na cidade, mas os resultados não trouxeram muitos resultados. 

Por isso, o governo pediu que Instituto Indiano de Tecnologia (IIT) em Kanpur preparasse chuvas artificiais.

Como funciona a chuva artificial

Para criar uma chuva artificial, é preciso modificar o clima. Isso acontece através da liberação de sais nas nuvens, com a ajuda de aviões ou bases terrestres. Os cristais de sal incentivam a condensação, que é a mudança da água em seu estado gasoso para o líquido.

Então, gera a chuva. De acordo com o professor de engenharia da IIT, Sachchida Nand Tripathi, outros cientistas ingleses já utilizaram a técnica e conseguiram aumentar em 20% a precipitação. Outros países também já investiram na tecnologia, como a China, a Indonésia e a Malásia.

Contudo, não há comprovação de que a medida será eficaz a longo prazo – e há ressalvas em relação ao gasto que ela demanda. Os custos exatos não foram divulgados, mas a mídia indiana sugeriu que poderia chegar a 10 milhões de rúpias (R$587 mil, em conversão direta) a cada 100 quilômetros quadrados.

Tripathi alega que uma chuva modesta já ajudaria muito o cenário de Nova Delhi. Segundo ele, a tecnologia “não mostrou nenhum efeito adverso onde foi tentada”.

Contudo, ainda faltam autorizações de órgãos governamentais para executar o plano. E outros pesquisadores sugerem que o alívio é apenas passageiro, uma vez que o cessar das chuvas faz com que as massas de ar poluído voltem a cobrir a cidade.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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