O futuro idealizado pela Intel não tem cabos e vem com controles por movimento

A Intel tem diversos projetos para o futuro, incluindo eliminar os cabos das nossas vidas e produzir híbridos de notebooks e tablets finos e com controle por movimento.

Há algumas semanas a Intel realizou a sua conferência anual para desenvolvedores, a Intel Developer Conference, e apresentou alguns dos seus planos para o futuro das casas conectadas e dos híbridos de tablets e notebooks. Hoje, em São Paulo, a empresa voltou a falar de algumas dessas ideias e conferimos de perto como ela imagina que será o amanhã.

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Futuro sem cabos

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Como falamos há alguns meses, a Intel quer um futuro sem fios. Já usamos muito menos fios hoje em dia do que no passado – conseguimos transferir arquivos entre diferentes dispositivos conectados a uma mesma rede. E essa rede já é sem fio. Mas ainda falta um pouco para eliminarmos completamente esses cabos que só complicam nossa vida e fazem bagunça. A Intel promete que a partir da linha Skylake de processadores os cabos vão ser ainda menos presentes nas nossas vidas, mas isso vai ser só a partir de algum momento de 2015 e queremos isso agora.

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Bem, agora não vai dar mesmo. Mas é bom saber que o desenvolvimento de novas tecnologias wireless está bem avançado. A Intel tem, por exemplo, a Charging Bowl, que é nada menos do que uma tigela que carrega a bateria dos seus gadgets. Ela usa a tecnologia Rezence – uma alternativa ao Qi dos carregadores sem fio da atualidade – que permite que mais de um aparelho seja carregado ao mesmo tempo na mesma superfície. No caso da Charging Bowl, você pode colocar um smartphone e um tablet pequeno dentro da tigela e os dois serão carregados.

E pensando além disso, a tecnologia Rezence pode ser aplicada a tecidos. Imagine uma toalha de mesa que carrega seu laptop. Isso é possível, e a Intel está investindo nesse tipo de desenvolvimento. A empresa acredita que, nos próximos anos, cafeterias terão balcões que carregam gadgets de clientes – entre, coloque seu notebook em cima da mesa e ele será carregado, sem a necessidade de nenhum cabo.

Edison, Galileo e a Internet das Coisas

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falamos um pouco sobre os chips Edison, que fazem parte dos planos da Intel de estar dentro de tudo na internet das coisas (e nos vestíveis). Trata-se de um pequeno chip que pode funcionar como cérebro de absolutamente qualquer coisa. E quando digo que ele é pequeno, é porque é realmente pequeno – pouco maior do que uma moeda.

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Para os que curtem um faça-você-mesmo, a Intel aposta nos chips Galileo, pequenas placas de desenvolvimento Arduino que permitem que qualquer coisa seja conectada à internet. A segunda geração da linha Galileo tem um SoC Intel Quark X100, CPU de 32 bits de 400MHz e 256MB de RAM, além de entradas USB e porta Ethernet. Uma das demonstrações preparadas pela empresa envolvia uma máquina de fazer bolhas de sabão. Ela, conectada ao Twitter, buscava uma hashtag específica e, quando encontrava, soltava as pequenas bolhas. Mas ela serve para muitas outras aplicações – você pode configurar o modo como o portão da garagem da sua casa vai funcionar ao se conectar à internet, por exemplo, criando um app próprio para abri-lo ao se aproximar da garagem.

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Tablets, notebooks e híbridos

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Recentemente a Intel apresentou os processadores Core M com a promessa de enfim nos entregar os verdadeiros híbridos de laptop e tablet. E, considerando o modelo de referência Llama Mountain, parece que ao menos no caminho certo a empresa está.

>>> Novos processadores Intel Core M podem enfim permitir os verdadeiros híbridos de laptop e tablet

O dispositivo é surpreendentemente fino (7,2mm de espessura) e leve (670g). Não, sério, é leve demais. Fiquei um pouco assustado ao pegar o tablet na mão, esperava algo muito mais pesado. De acordo com a empresa, a linha Core M é bem eficiente no consumo de energia, o que possibilita baterias finas que não prejudicam a autonomia do aparelho – que aguenta até 8 horas, diz a empresa. Resta saber se o processador Core M dá conta do recado – a linha Atom nunca foi muito boa em desempenho.

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Esta é a placa-mãe do Llama Mountain com o SoC Core M no meio

Além dos híbridos, a Intel também tem um design de referência para um tudo-em-um portátil. É um dispositivo com uma tela imensa de 23 polegadas e que também é fino – 20mm de espessura – e pode ser carregado para todos os cantos da casa. Ou então, se você preferir, ele pode ser usado deitado em cima de uma mesa. Ou como um monitor comum, com seu suporte traseiro. Para carregá-lo pela casa, use uma alça escondida na parte superior do aparelho.

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Esse design de referência usa um processador Core i5 Broadwell e tem uma placa gráfica Intel Iris. Uma das propostas da Intel é usá-lo deitado em uma mesa para diversão em família – a tela detecta múltiplos toques, então basicamente todo mundo consegue participar do mesmo jogo, cada um no seu canto do imenso display.

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Intel RealSense

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Esta é a câmera 3D Intel RealSense

Os primeiros dispositivos já equipados com o Intel RealSense chegarão ao mercado nos próximos meses – como o tablet futurista Dell Venue 8 7840. Para refrescar a memória, a iniciativa RealSense da Intel quer miniaturizar câmeras 3D para colocá-las em diferentes dispositivos. Como notebooks e tablets, por exemplo. A ideia é controlar o seu gadget com seus movimentos, mais ou menos como faz o Kinect da Microsoft.

>>> RealSense: como a Intel quer transformar o mundo inteiro em um Holodeck

Em um rápido teste com um software de demonstração, percebi como o RealSense conseguiu detectar com facilidade minhas mãos e os movimentos que fazia com meus dedos. Segundo a Intel, ao deixar a mão parada por pouco tempo na frente da câmera, ela consegue mapear todas as articulações dos seus dedos e a partir daí é só mexê-los para controlar o computador.

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Em um jogo de demonstração, pude usar minha mão como uma plataforma para pequenos personagens na tela – eu os movia em direção a uma porta para que encontrassem a liberdade. A detecção é realmente boa e praticamente instantânea. Eu mexia minha mão em frente a tela e era muito difícil perceber um delay entre o que acontecia no mundo real e na tela.

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O RealSense também tem um sofisticado sistema de reconhecimento facial. Posicione seu rosto em frente à câmera e ela consegue detectar 78 pontos diferentes. Sorri e fiz caretas em frente à câmera e, pelo software de demonstração, vi como ela percebia quase instantaneamente a movimentação desses pontos da minha cara.

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Mas a Intel idealiza usos diferentes para o RealSense em tablets e notebooks. Enquanto no mundo dos PCs a câmera pode ser muito útil para controle por gestos, na esfera dos tablets ela pode ser empregada em recursos de fotografia – mais ou menos como faz o Dell Venue 8 7840. Ou então o RealSense pode ser usado para varredura 3D. Em uma demonstração, um tablet conseguiu criar um modelo 3D de uma das jornalistas presentes no evento apenas ao ser apontada para a pessoa. É bem impressionante – e, aparentemente, é uma tecnologia já consideravelmente madura. Vamos ver como ela se sai quando os primeiros dispositivos com a câmera chegarem ao mercado – nem sempre o mundo real é igual ao que acontece em demonstrações.

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Hologramas

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Hologramas? Hologramas! Ou mais ou menos isso. A Intel também apresentou um conceito de tela flutuante, algo próximo a um holograma mas que não é bem um holograma. Com o uso de telas e câmeras 3D, foi possível fazer uma tela flutuar no espaço e ser controlada por gestos feitos no nada. Não é como se a Princesa Leia se materializasse na sua frente com um recado para Obi-Wan Kenobi, mas é mais ou menos algo nesse sentido. A tela flutuante aparece dentro de uma caixa mais ou menos parecida com computadores de shopping center. Para enxergar o que está na tela, você precisa se posicionar bem em frente a essa caixa – você até consegue enxergar mais ou menos o que ela mostra pelos cantos, mas não com muita nitidez.

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Esses três botões “Touch”, “Play” e “Depth” são parte da tela flutuante

Testei um jogo simples que consistia em tocar em botões que surgiam na tela. Apesar de ser simples, tive um pouco de dificuldade. Não conseguia saber exatamente onde estava a tela e onde precisava mexer meus dedos para ela reconhecer o movimento – a ausência de feedback tátil atrapalha um pouco, já que tocar o nada é um pouco complicado. Talvez seja questão de costume – outras pessoas que estavam na apresentação conseguiram desempenho melhor que o meu no jogo, então talvez o problema seja eu. Mas, de qualquer forma, está claro que é uma tecnologia ainda em desenvolvimento que precisa ser aperfeiçoada.

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A Intel tem muitos projetos e promessas para o amanhã, e alguns deles parecem realmente promissores. Mas o mundo não é feito de promessas, e de nada adianta ter tantos projetos se não conseguir efetivamente levá-los para o mundo real. Mas as cartas da Intel estão na mesa – vamos agora acompanhar os próximos passos de desenvolvimento até que, quem sabe um dia, conseguimos nos livrar completamente de cabos. Ou ao menos de grande parte deles.

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