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Marte agarrou cometa que viajava pelo Sistema Solar, sugere novo estudo

Se confirmada a descoberta em Marte, esta é a primeira vez que astrônomos identificam a captura de um cometa por um planeta terrestre

Fobos, uma das luas de Marte

Um novo estudo propõe que a lua de Marte, Fobos, pode ser, na verdade, um cometa (ou parte de um) capturado gravitacionalmente pelo planeta vermelho há muito tempo. A revista Astronomy and Astrophysics publicará a descoberta, baseada em fotos inéditas do satélite marciano.

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Por anos, cientistas tentam descobrir as origens de Fobos e seu satélite irmão, Deimos. Astrônomos teorizavam que as luas seriam antigos asteroides atraídos pela gravidade de Marte. Isso devido às suas composições químicas serem semelhante aos objetos do Cinturão de Asteroides. No entanto, a nova pesquisa descobriu que eles podem se tratar, na verdade, de antigos — e agora extintos — cometas.

Como aconteceu a descoberta?

A fim de resolver o mistério do nascimento de Fobos, a JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão) pretende lançar a missão MMX (Martian Moons eXploration), em 2026.

Durante o trabalho de análise de imagens para definir a trajetória da espaçonave, a autora e professora de astronomia na Universidade Paris Cité, Sonia Fornasier, encontrou cerca de 300 novas imagens de Fobos que forneceram a pista cometária do astro. As fotos, das câmeras da sonda Mars Express, da ESA (Agência Espacial Europeia), documentaram em alta resolução várias características do satélite.

A equipe então usou a técnica da fotometria para descobrir que a superfície de Fobos não refletia a luz de maneira uniforme. Sua superfície, por exemplo, parecia mais brilhante quando o Sol estava diretamente acima. Os astrônomo chamam este fenômeno de “onda de oposição”, característico de objetos sem ar do Sistema Solar. Além disso, os cientistas descobriram que a superfície de Fobos era porosa, como areia.

Ambas as propriedades são características dos cometas da família de Júpiter, cujas órbitas são ajustadas gravitacionalmente pelo planeta. As propriedades fotométricas de Fobos, aliás, corresponderam quase perfeitamente às do cometa 67P, por exemplo. Ou seja, os pesquisadores concluíram que Fobos é, possivelmente, um cometa capturado por Marte.

As descobertas do estudo também têm implicações para Deimos, que também pode já ter sido um cometa. Os pesquisadores sugerem ainda que as duas luas podem ter sido um único cometa. Posteriormente, a gravidade de Marte dividiu o corpo em duas partes, formando as duas luas.

Mais possibilidades de aprisionamento de cometas

Se confirmado, esta é a primeira vez que uma “lua cometa” é identificada girando ao redor de planetas terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte).

“Se os satélites marcianos são de fato cometas capturados, isto implica que os cometas também podem ser capturados por planetas telúricos [terrestres],” explicou Fornasier (via Space.com), acrescentando que algumas luas de Saturno provavelmente se originaram do Cinturão de Kuiper, região que envolve o Sistema Solar, de onde surgem muitos cometas.

Entretanto, alguns parâmetros fotométricos, como a fração de luz espalhada, não correspondem aos dos outros cometas. Agora, simulações dinâmicas, considerando movimentos dos objetos celestes, ajudarão a determinar a probabilidade da teoria. Por fim, a missão MMX também irá coletar amostras físicas de Fobos para desvendar o mistério de sua origem.

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