Ciência

Mergulhadores de Turks e Caicos usam antibióticos para tratar corais doentes

Ação de ONG tenta controlar a propagação da perda de tecido de coral pétreo (SCTLD), doença mais letal que atinge os corais. Entenda mais esse projeto
Imagem: NOAA/ Unsplash/ Reprodução

Em 2019, as Ilhas Turks e Caicos se tornaram o sétimo país do Caribe a confirmar que uma doença está se espalhando por seus corais. 

A perda de tecido de coral pétreo (SCTLD, na sigla em inglês) é a condição mais letal para esses animais invertebrados, que também já estão ameaçados pelas mudanças climáticas.

Agora, mergulhadores rumam às águas profundas não apenas para apreciar as belezas do fundo do mar, mas para ajudar as espécies que ali vivem.

O que é a SCTLD

A perda de tecido de coral pétreo é uma doença que afeta mais de 30 espécies do animal. Acredita-se que é causada por bactérias e, por isso, pode ser transmitida pelo contato direto ou pela circulação da água.

Em geral, um coral pode morrer poucas semanas depois de ser infectado. 

A doença apareceu pela primeira vez há cerca de uma década e hoje já se espalhou para 28 países da região do Caribe. Para piorar o cenário, os corais também enfrentam uma batalha contra as mudanças climáticas, que aquecem os oceanos e causam o embranquecimento dos animais.

Isso, por sua vez, já pode causar sua morte, mas faz com que fiquem ainda mais fracos e suscetíveis às contaminações como a perda de tecido de coral pétreo.

Por isso, muitos esforços buscam compreender quem causa a SCTLD e quais as estratégias para tornar os corais mais resistentes.

O caso de Turks e Caicos

Na tentativa de evitar a proliferação da perda de tecido de coral pétreo, uma ONG de Turks e Caicos mobilizou mergulhadores profissionais para aplicação de pomadas antibióticas nos animais.

Chamada TC Reef Fund, a ONG trabalha com a colaboração de voluntárias e do departamento de meio ambiente do governo. Por enquanto, o medicamento aplicado contém amoxicilina.

Embora a pomada não impeça que os corais sejam reinfectados, ela pode manter uma colônia viva o suficiente para se reproduzir. Além disso, também tem obtido sucesso ao deter a propagação da doença. Mas há o receio de que possa estimular o desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos.

No entanto, há motivos para esperança. Recentemente, pesquisadores do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, nos Estados Unidos, descobriram o primeiro probiótico bacteriano eficaz para tratar a SCTLD.

Restauração dos recifes

Ao mesmo tempo, as ilhas Turks e Caicos avançaram em pesquisas sobre restauração de recifes. Eles criaram um banco de germoplasma em terra, com financiamento da Fundação John Ellerman, de Londres.

Dessa forma, retiram fragmentos de corais saudáveis dos oceanos e mantém as amostras em tanques. Por lá, pesquisadores criaram algo como uma água do mar sintética, que contém o equilíbrio ideal de minerais.

Além disso, como os corais obtêm grande parte de sua alimentação de algas vivendo em seus tecidos, os cientistas também alimentam as amostras com o que chama de “smoothies de algas”.Depois, se necessário, irão replantar a prole no recife. Essa estratégia permite conservar a diversidade genética dos corais, especialmente das espécies mais suscetíveis.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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