Morrem 2 passageiros de navio que está em quarentena no Japão por causa de coronavírus
Dois passageiros do navio Diamond Princess, que está atracado em Yokohama, no Japão, morreram do COVID-19, de acordo com a emissora pública NHK. Eles são os primeiros passageiros do navio a morrer desde que ele foi colocado em quarentena em 5 de fevereiro. Agora são três os mortos pelo novo coronavírus no Japão.
Além disso, a Coreia do Sul e o Irã relataram suas primeiras mortes pelo surto do novo coronavírus, elevando o número de países com o vírus para pelo menos 29 e o número de mortes fora da China para 11 — incluindo dois em Hong Kong, um em Taiwan, um na França e outro nas Filipinas. Mais de 2.120 pessoas morreram até agora na China, a origem do vírus, e outros 75 mil foram infectados.
Um dos passageiros falecidos do navio de cruzeiro no Japão era um homem de 87 anos que sofria de asma, de acordo com a NHK. O outro passageiro era uma mulher de 84 anos que não sofria de condições pré-existentes, apesar de notícias iniciais que alegaram erroneamente que ela tinha outros problemas de saúde. Os dois passageiros do navio de cruzeiro eram japoneses.
Pelo menos 620 das 3.700 pessoas da Diamond Princess testaram positivo para o coronavírus, tecnicamente conhecido como SARS-CoV-2. Elas foram levadas a hospitais próximos nas últimas duas semanas. Pelo menos 27 entre os que testaram positivo estão em estado grave com COVID-19, o nome da doença causada pelo novo coronavírus. A partir de quarta-feira, as pessoas que não tiverem a presença do vírus em seus exames podem sair, embora o processo de desembarque leve algum tempo para os milhares que ainda estão a bordo.
O passageiro falecido de 87 anos do Diamond Princess foi hospitalizado em 11 de fevereiro; a passageira falecida de 84 anos, no dia 12. Embora suas mortes tenham sido anunciadas hoje, não está claro quando exatamente eles morreram.
O governo japonês recebeu críticas pela forma com que tem lidado com o surto de coronavírus, especificamente por sua decisão de colocar em quarentena tantas pessoas juntas em um navio de cruzeiro. Um especialista em doenças infecciosas, Kentaro Iwata, conseguiu recentemente embarcar no Diamond Princess após muitos obstáculos burocráticos. Ele alega que o navio foi terrivelmente gerenciado para combater a doença.
Surpreendentemente, Iwata disse que toda a operação estava sendo realizada por burocratas do governo, em vez de médicos ou especialistas em doenças, e que não foram criadas áreas para manter os pacientes infectados longe de pacientes saudáveis.
“Eu estive na África lidando com o surto de Ebola. Eu estava em outros países lidando com o surto de cólera. Eu estava na China em 2003 para lidar com a SARS […] nunca tive medo de me infectar ”, disse ele em um vídeo do YouTube, agora excluído. “Mas, dentro da Diamond Princess, eu estava com tanto medo […] porque não havia como saber onde está o vírus.”
Não está claro por que Iwata excluiu seus vídeos do YouTube em japonês e inglês, mas o South China Morning Post relata que ele defende sua avaliação. Otros usuários do YouTube postaram de novo seu vídeo.
https://youtu.be/SjGEGMLs4TE
O governo japonês insiste que não fez nada de errado, especialmente quando se trata dos dois passageiros de cruzeiros que morreram recentemente.
“Acreditamos que lidamos com a situação de maneira apropriada”, disse Masami Sako, funcionário do Ministério da Saúde do Japão, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (20). “Transferimos os dois passageiros para os hospitais assim que descobrimos que eles estavam com febre. Isso foi antes de termos os resultados dos testes.”
EUA
O Departamento de Estado dos EUA transportou cerca de 340 dos 400 passageiros americanos da Diamond Princess de volta para os EUA em aviões fretados no início desta semana, embora não pretendesse trazer de volta qualquer pessoa que testasse positivo para o COVID-19.
Todos ficaram em quarentena na Base da Força Aérea de Travis, na Califórnia, ou na Base Conjunta de San Antonio-Lackland, no Texas, e não terão permissão para sair por pelo menos 14 dias. Mais de 14 passageiros americanos que foram trazidos de volta para os EUA apresentaram resultado positivo para o vírus e estão recebendo cuidados médicos.
Coreia do Sul
A Coreia do Sul está tendo dificuldade de conter o vírus. Nesta quinta (20), o país relatou sua primeira morte por COVID-19. Um homem de 63 anos que morreu na província de Gyeongsang do Norte depois de ser diagnosticado com pneumonia. O COVID-19 só foi descoberto durante um exame post mortem, de acordo com o Korea Times. O homem estava acamado há 20 anos, e as autoridades de saúde locais estão investigando como ele foi contaminado pelo vírus.
As autoridades de saúde da Coréia do Sul também relataram 53 novos casos de COVID-19, dobrando o número total de infecções no país para 104. O Korea Times relata que 51 dos novos casos relatados na quinta-feira são da cidade de Daegu, com uma população de 2,5 milhões, enquanto os outros dois estão em Seul, a maior cidade da Coréia do Sul, com cerca de 10 milhões de habitantes.
O prefeito de Daegu, Kwon Young-jin, chamou o surto de coronavírus de “crise sem precedentes” e tomou a decisão de fechar algumas escolas e bibliotecas da região, de acordo com uma matéria da Yonhap.
“A partir de hoje, evite deixar sua casa o máximo possível”, pediu Kwon aos residentes em uma entrevista coletiva na quinta-feira (20).
Acredita-se que pelo menos metade das novas infecções em Daegu esteja conectada a uma igreja chamada Igreja de Shincheonji de Jesus. A igreja foi fundada em 1984 por um homem chamado Lee Man-hee, de 89 anos, que é considerado o Messias de acordo com seus seguidores. A igreja é frequentemente considerada uma seita e é conhecida por ter grandes cultos de 1.000 pessoas ou mais. Essas reuniões estão sendo reduzidas para combater a propagação da doença.
Irã
O Irã também relatou suas primeiras mortes pelo vírus na quarta-feira, de acordo com a agência de notícias estatal IRNA. Os dois pacientes que morreram não tiveram nenhum contato com pessoas de outros países, nem mesmo da China, com base em reportagens da mídia local. A idade dos dois pacientes não foi divulgada, mas o New York Times citou uma fonte local que os descreve como “idosos”.
A França relatou sua primeira morte em 15 de fevereiro e Taiwan relatou sua primeira morte em 17 de fevereiro. E embora o número de infecções pareça estar diminuindo na China, há uma preocupação muito séria de que o resto do mundo esteja prestes a passar por uma pandemia.