Mudanças climáticas também ameaçam produção do seu cafezinho

O seu cafezinho de todas as manhãs está ameaçado. Tudo porque as mudanças climáticas já vêm provocando efeitos negativos sobre a produção do café — o que, em um futuro próximo, pode gerar um desabastecimento mundial do produto.

Segundo o site Bloomberg, as principais espécies cultivadas na atualidade – a robusta e a arábica – foram desenvolvidas no final da década de 1960. De lá para cá, não houve um grande esforço dos produtores para criar novas variedades para combater problemas modernos, como o fungo da ferrugem do café ou mesmo de besouros.

• Especialistas explicam a relação direta entre o cafezinho e o banheiro
• Consumo de café aumenta o impulso de gastar em compras
• Cientistas identificam compostos do café que causam o gosto inconfundível da bebida

Além disso, as safras estão enfrentando níveis oscilantes de calor e umidade gerada pelo aquecimento global. Somente no ano passado, milhares de hectares de produção foram dizimados – o que fez o preço do café disparar ao redor do mundo.

Essa catástrofe é mais sentida em países como a Guatemala, por exemplo, onde a produção local é a base de subsistência para cerca de 125 milhões de pessoas.

Café brasileiro também ameaçado

Já no Brasil, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontou que a produção total de café caiu 24,4% no ano passado, com a safra recuando de 63,0 milhões de sacas em 2020 para 47,7 milhões em 2021.

Parte dessa queda na safra brasileira até pode ser explicada pelo ciclo bienal do café – que faz a produção variar naturalmente de um ano para o outro –, porém, o clima também tem sido apontado como um grande vilão, principalmente por causa do recente fenômeno La Ninã, que causou secas e geadas incomuns no país.

De acordo com projeções feitas por um recente estudo, as condições do cultivo do café mudarão até 2050, o que reduzirá as áreas amigáveis para essas plantações. Os pesquisadores afirmam que o problema pode ser resolvido ao criar novas variedades de café que sejam mais resistentes às mudanças climáticas.

Uma solução apontada seria trocar a cultura do café arábica para a robusta em certas regiões, por esta ser mais resistente. Porém, este segundo tipo entrega grãos com qualidade inferior ao da arábica.

Conforme apontou a CNN, a Starbucks já vem distribuindo para agricultores variedades de café resistentes ao clima. Além disso, a empresa está buscando proteger florestas em áreas importantes de cultivo de café.

Além do Brasil e da Guatemala, áreas da América Central e do Sul, África Central e Ocidental e partes do sul e sudeste da Ásia são atualmente as mais adequadas para o cultivo de café.