China e Japão atravessam crise na taxa de natalidade e perda de mão de obra
No final de março, a autora americana Jennifer D. Sciubba lançou seu livro 8 Billion and Counting. Nele, a pesquisadora aborda as mudanças demográficas pelas quais o mundo está passando e também expõe como as nações podem lidar com elas.
A discussão pode começar pela China, que pelo quinto ano consecutivo está enfrentando uma queda na taxa de natalidade. Por muito tempo o país foi conhecido por sua política de filho único, mas isso mudou em 2021. Agora, os casais podem ter até três filhos, mas são as mulheres que não estão mais abertas a isso.
Com uma menor taxa de natalidade, são esperados mais idosos. A população não só tende a encolher nesse cenário, como também ocorre uma diminuição da mão de obra no país.
O Japão, por exemplo, já está nesse caminho. Por lá, robôs estão trabalhando como assistentes de cuidadores de idosos como forma de suprir a demanda. Com mais pessoas fora do mercado de trabalho, o governo se vê frente a um desafio: preservar o crescimento econômico.
E qual a melhor forma de fazer isso? De acordo com a autora, há quatro opções: aumentar a idade de aposentadoria, cortar benefícios, fazer com que mais pessoas no país trabalhem ou aumentar a imigração.
A última opção é polêmica. Países pobres como a Jordânia, Turquia e Quênia abrigam 85% dos refugiados, enquanto países ricos resistem a dar asilo para pessoas vindas de locais devastados pela guerra, como Síria e Afeganistão. Por outro lado, a introdução desse grupo no mercado de trabalho poderia ajudar a substituir os aposentados e manter a economia girando.
Enquanto alguns perdem, outros ganham – o que não necessariamente é bom. É esperado que a população da África Subsaariana aumente seis vezes neste século. Em 2050, a Etiópia e a República Democrática do Congo devem se juntar aos dez países mais populosos do mundo, ranking do qual o Brasil faz parte.
Porém, o consumo da população africana ainda é menor do que aquele registrado em países ricos, que estão vendo uma diminuição de suas populações. Para ter uma ideia, até o final da primeira semana de 2022, a população americana havia superado as emissões anuais de dióxido de carbono equivalentes a aquela liberada por cidadãos de 22 países de baixa renda.
De acordo com Sciubba, nesse sentido, ter menos consumidores ricos pode ser benéfico para a Terra. “O consumo insustentável e o crescimento populacional estão sufocando os mares com plástico, entupindo nossos rios com produtos químicos e enchendo a atmosfera do planeta com gases de efeito estufa”, explica.