NASA desenvolve rover com faróis para buscar gelo nos polos da Lua

Veículo foi projetado para entrar em regiões geladas e profundas nos polos da Lua, onde a luz do sol não chega há bilhões de anos
NASA desenvolve rover com faróis para buscar gelo nos polos da Lua
Imagem: Daniel Rutter/NASA/Divulgação

A NASA está construindo um grande rover lunar capaz de entrar nas crateras polares escuras da Lua, com o intuito de buscar depósitos de gelo. No futuro, esse material pode ajudar astronautas a fabricar combustível de foguete e garantir ar respirável.

Trata-se do primeiro rover com faróis da agência espacial. O veículo de quatro rodas e 450 kg será diferente de outros robôs movidos a energia nuclear da NASA e que exploram Marte, por exemplo.

Batizado de VIPER (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover), ele foi projetado para entrar em regiões geladas e profundas nos polos da Lua, onde a luz do Sol não chega há bilhões de anos.

A busca por água na Lua

Há mais de uma década, os cientistas constataram que os fundos frios e sombreados dessas crateras abrigam gelo de água na superfície ou perto dela. “Um grande grupo de pessoas vem trabalhando nessa ideia há mais de 10 anos”, afirmou Anthony Colaprete, cientista que atua na missão VIPER. Ele deu detalhes sobre o projeto em uma apresentação no Exploration Science Forum, evento da NASA.

O novo rover lunar da agência espacial começou a ser desenvolvido no início deste ano por engenheiros do Johnson Space Center, em Houston, nos EUA. Em junho, a NASA aprovou formalmente a equipe do VIPER para iniciar sua montagem e os testes em grande escala. O lançamento do veículo à Lua está previsto para novembro de 2024.

“Por entrar em lugares escuros, é o primeiro rover com faróis”, explicou Colaprete na última terça-feira (18). Os faróis de LED devem lançar uma tonalidade azul na paisagem cinzenta da Lua.

O VIPER também será operado de forma diferente dos demais rovers da NASA em Marte. Um sinal de rádio leva de 5 a 20 minutos para viajar na velocidade da luz entre a Terra e o planeta vermelho, mas apenas alguns segundos para fazer a viagem até a Lua.

Isso significa que os cientistas podem controlar o novo veículo lunar como se fosse um drone. “Fazemos ciência em tempo real”, acrescentou Colaprete.

O rover terá bateria de até 50 horas de duração durante cada travessia que o move para além dos raios do Sol. Ele deve ficar sempre localizado perto do horizonte nos polos lunares. O veículo entrará em hibernação quando a oscilação da rotação da Lua fizer com que o polo sul saia do campo de vista da Terra por duas semanas, interrompendo a comunicação direta.

A importância do gelo

O gelo de água é muito promissor para a exploração espacial. Os astronautas podem usar o hidrogênio e o oxigênio para gerar eletricidade ou combustível de foguete, ou até mesmo converter os gases em ar para fornecer ambientes pressurizados na Lua.

A busca por gelo nos polos da Lua tornou-se importante para o campo da ciência lunar. Um instrumento da NASA detectou pela primeira vez moléculas de água nos polos da Lua em 2009, durante a missão orbital Chandrayaan 1, da Índia, o que gerou expectativas na comunidade científica.

Mas antes, os pesquisadores precisam saber exatamente onde a água está localizada e quão fácil é alcançá-la. “Vamos para um lugar onde há hidrogênio reforçado. Pessoalmente, não tenho dúvidas de que veremos água de uma forma ou de outra, é apenas uma questão de concentração”, destacou Anthony Colaprete.

A NASA anunciou a missão VIPER em 2019. O projeto se baseia na missão Resource Prospector, que a agência espacial cancelou em 2018, quando voltou-se para uma abordagem comercial para a exploração lunar robótica.

Isso resultou no programa CLPS (Commercial Lunar Payload Services) da NASA , que tem uma lista de empresas elegíveis para licitar em “encomendas de tarefas” para transportar cargas úteis de demonstração científica e tecnológica para a Lua.

Uma dessas empresas é a Astrobotic, que a NASA selecionou em 2020 para entregar o VIPER a um local de pouso perto da Cratera Nobile — uma bacia de impacto de 73 quilômetros de largura no Polo Sul da Lua.

O contrato de aproximadamente US$ 200 milhões permite que a Astrobotic projete e construa o módulo de pouso para levar o VIPER à Lua, um sistema que a NASA teria desenvolvido a um custo maior para a missão original do Resource Prospector.

A viagem da VIPER até a Lua

A companhia selecionou o foguete Falcon Heavy, da SpaceX, para lançar o módulo de pouso Griffin da empresa, que levará o VIPER à Lua. No total, a missão deve custar cerca de 500 milhões de dólares (cerca de R$ 2,3 bilhões). O valor incluir o rover, suas cargas científicas e o contrato da Astrobotic, que cobre o custo do lançamento do Falcon Heavy.

“Nosso lançamento nominal é em 10 de novembro de 2024, com uma duração de missão de cinco meses. Estamos procurando maneiras de estender isso um mês ou dois além disso”, disse Colaprete no evento da NASA.

A agência já integrou dois dos três instrumentos científicos ao VIPER. Posteriormente, a equipe deve incluir painéis solares, quatro rodas de 50 centímetros e uma broca de um metro de comprimento. Este último deve medir a profundidade de quaisquer depósitos de gelo na superfície lunar. A NASA ainda vai instalar um conjunto de câmeras no veículo, assim como um mastro que se estende por cerca de 2,5 metros acima do solo.

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