NASA pede financiamento bilionário para seu plano de trazer solo marciano à Terra

A NASA está oficialmente pedindo ao Congresso para financiar um projeto de retorno de amostras de Marte, uma das missões mais complexas da agência espacial.
Concepção artística do veículo espacial Mars 2020 depois de deixar cair amostras de solo marciano na superfície. Imagem: NASA/JPL-Caltech

A NASA está oficialmente pedindo ao Congresso para financiar um projeto de retorno de amostras de Marte, no que seria uma das missões mais complexas já tentadas pela agência espacial.

A tão esperada solicitação de orçamento da NASA para o ano fiscal de 2021 foi lançada na segunda-feira (10) e mostra todas as coisas relacionadas a espaço e aeronáutica que a agência espacial gostaria de realizar nos próximos anos – e a quantidade de dinheiro necessária para fazer tudo acontecer.

A NASA quer gastar US$ 25,25 bilhões em 2021, 12% a mais do que em 2020. Entre os muitos itens listados, o orçamento solicita provisões para a próxima missão Artemis (que pode ver os astronautas americanos pousarem na Lua em 2024), novas missões de observação da Terra, operações em andamento de voos espaciais com baixa órbita terrestre (incluindo missões a bordo da Estação Espacial Internacional), uma missão à lua de Júpiter Europa, e uma missão de retorno de amostras de Marte.

Em termos de números específicos, a agência espacial está pedindo ao Congresso US$ 3 bilhões para desenvolver um sistema de pouso lunar humano para Artemis, que, se aprovado, seria a “primeira vez que teremos financiamento direto para um pouso humano desde o Programa Apollo”, disse o diretor da NASA, Jim Bridenstine, em seu prefácio à solicitação de orçamento. Além disso, a NASA quer US$ 8,76 bilhões para projetar e construir sistemas de exploração espacial, US$ 2,71 bilhões para desenvolver projetos científicos planetários e US$ 1,97 bilhão para financiar missões científicas da Terra, entre outras coisas.

O Martian Ascent Vehicle decolando com sua carga. Imagem: NASA/JPL-Caltech

O custo do transporte espacial em 2021 foi estimado em US$ 1,88 bilhão, com o chefe da NASA dizendo que a capacidade de lançar astronautas americanos do solo dos EUA é “uma capacidade que nunca devemos perder novamente”. Quanto à missão proposta Europa Clipper, a NASA está pedindo US$ 403,5 milhões para impulsionar o desenvolvimento, o que, na opinião deste humilde repórter, valeria cada centavo; Europa é um dos objetos mais fascinantes do sistema solar, com sua crosta gelada que esconde um oceano potencialmente habitável.

A NASA ainda quer US$ 233 milhões para financiar as Missões Futuras de Marte – uma grande parte da qual seria alocada “para estudos e desenvolvimento de tecnologia…para uma missão de retorno de amostras de Marte”, de acordo com a solicitação de orçamento. Isso marca um próximo passo importante no programa, no qual a agência espacial mantém parceria com a Agência Espacial Europeia.

A NASA já provisionou essa futura missão de retorno de amostras através do design do rover Mars 2020, que está programado para ser lançado em julho. Quando esta máquina ainda não nomeada começar a rolar na superfície marciana, ela usará sua broca para descer abaixo da superfície e extrair materiais de amostra. O conteúdo extraído pela broca será colocado dentro de 30 cartuchos do tamanho de canetas, que o veículo espacial eventualmente deixará na superfície. A NASA esperava que essas amostras fossem buscadas e devolvidas à Terra durante uma missão futura, e agora parece que isso poderia realmente acontecer.

A missão Mars Sample Return (MSR ) envolverá três fases distintas, se você incluir a contribuição do Mars 2020. A segunda fase enviaria outro lander a Marte, que implantaria um veículo espacial projetado para interceptar os caches deixados para trás. Um braço de transferência de amostras colocaria cada caixa dentro de um Mars Ascent Vehicle (MAV), que seria lançado no espaço com sua preciosa carga. O terceiro estágio envolveria um satélite de suporte esperando na órbita de Marte, que interceptaria o foguete e enviaria as amostras em uma trajetória em direção à Terra.

A missão MSR também exigirá a construção de uma instalação segura de recuperação de amostras, para garantir a integridade das amostras e garantir que nada vaze e contamine nosso meio ambiente aqui na Terra (não sabemos, por exemplo, que substâncias perigosas espreitam em solo marciano – uma preocupação compartilhada pelos planejadores do Programa Apollo).

É uma missão tremendamente complexa, com muitas partes móveis. O MSR envolveria várias inovações técnicas, incluindo o primeiro retorno de amostra de outro planeta, o primeiro lançamento de foguete de outro planeta e a primeira missão de ida e volta de outro planeta.

“É complicado, mas felizmente não estamos fazendo isso sozinhos. Temos uma grande parceria com a Agência Espacial Europeia e eles estão oferecendo algumas das principais peças desta missão”, disse Austin Nicholas, engenheiro líder da missão MSR do Jet Propulsion Laboratory da NASA, em um vídeo da NASA. “Na NASA, nós temos vários centros trabalhando em todas as diferentes peças”.

Especificamente, a equipe MSR está em parceria com o Marshall Space Flight Center no Mars Ascent Vehicle, os centros de pesquisa Langley e Ames para o veículo de entrada na Terra, o Glenn Research Center para as rodas do rover de busca de amostras e o Goddard Space Flight Center para a carga do orbitador. É “um esforço inteiro da NASA para realizar o retorno de amostras de Marte”, disse Nicholas, que espera lançar os componentes do segundo e terceiro estágio em 2026 e retorno de amostras até 2031.

Uma vez na Terra, essas amostras seriam estudadas com instrumentos de última geração. O Mars 2020 está programado para pousar na cratera Jezero, que já abrigou um grande lago. Amostras deste local forneceriam aos cientistas uma melhor compreensão dos produtos químicos e compostos encontrados no solo marciano, e possivelmente até mesmo bioassinaturas indicativas de vida antiga.

A nova solicitação de orçamento da NASA para 2021 ainda precisa ser aprovada pelo Congresso e muitos dos itens e números listados no documento de 817 páginas podem ser ajustados.

Ao mesmo tempo, a atual estratégia Lua-Marte da NASA contrasta com um projeto de lei recentemente proposto pela Câmara dos EUA que veria os astronautas americanos na Lua em 2028 e em Marte até 2033. A proposta também mudaria a capacidade da NASA de adquirir parceiros do setor privado, que poderia ter uma influência relevante sobre o orçamento proposto recentemente. Muitos pontos a serem considerados, mas parece que teremos muitas novidades interessantes sobre exploração espacial na próxima década.

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