Como a NASA levará a sonda Parker até o Sol sem que ela queime

Uma espaçonave humana finalmente está se dirigindo ao centro do Sistema Solar. A primeira janela de lançamento da NASA para a sonda Parker (Parker Solar Probe) começa neste sábado, e, se tudo correr bem, a nave vai começar sua jornada até o Sol. Não diretamente até o Sol, é claro. Ela passará sete vezes por […]

Uma espaçonave humana finalmente está se dirigindo ao centro do Sistema Solar. A primeira janela de lançamento da NASA para a sonda Parker (Parker Solar Probe) começa neste sábado, e, se tudo correr bem, a nave vai começar sua jornada até o Sol.

Não diretamente até o Sol, é claro. Ela passará sete vezes por Vênus, chegando em algum momento a 6,11 milhões de quilômetros da superfície solar, um pouco mais do que quatro vezes o diâmetro do Sol. Porém, apesar das temperaturas de mais de 1.300 ºC, os instrumentos da nave permanecerão em apenas 29,4 ºC, o que parece positivamente frio, considerando as circunstâncias.

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“É a primeira vez que voamos qualquer tipo de instrumento como esse tão perto do Sol. E também é a primeira vez que tivemos a tecnologia disponível para fazer isso”, disse Mitzi Adams, física solar da NASA, em entrevista ao Gizmodo. “É uma combinação dessas duas coisas que torna isso empolgante para mim.”

A tecnologia chave é um sistema de proteção térmica que protege a nave, junto com um sistema de resfriamento à base de água, segundo um comunicado de imprensa do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.

Diagrama do escudo de calor da sonda. Gráfico: Greg Stanley/Universidade Johns Hopkins

O sistema de proteção térmica levou dez anos para ser desenvolvido. Ele tem duas camadas de carbono reforçado com fibra de carbono, que retém suas propriedades estruturais em alta temperatura. Entre essas camadas está a espuma de carbono, um material que é principalmente composto por ar e, portanto, não transfere muito calor. Em cima disso está uma camada exterior de óxido de alumínio, um material branco que reflete a luz. Uma camada de tungstênio fica entre o carbono e o óxido de alumínio para que os dois não reajam e tornem a camada externa cinza.

Abaixo, a engenheira principal do escudo de calor da sonda Parker, Betsy Congdon, mostrando as propriedades térmicas do escudo de calor:

Porém, o ambiente em torno do Sol é formidavelmente intenso. A coroa tem temperaturas de milhões de graus Celsius, e cientistas estão tentando entender por que ela é tão mais quente do que o próprio Sol, cuja superfície está mais para milhares de graus Celsius.

“Sabemos que isso acontece devido ao campo magnético que conecta a superfície do Sol com sua atmosfera externa, mas ainda estamos aprendendo sobre como a [energia] sai do campo magnético em direção à coroa”, disse o físico solar Alphonse Sterling, da NASA, ao Gizmodo. “Esse é um dos mistérios chaves do Sol e da física solar.”

Nos anos 1950, o cientista Eugene Parker, que recebe homenagem no nome da sonda solar, ajudou a explicar como o vento solar se origina da coroa. A sonda Parker será capaz de investigar diretamente as questões em torno desse processo, explicou Sterling.

Gif demonstrando o comportamento da coroa do Sol. Gráfico: Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA/Lisa Poje/Genna Duberstein

A sonda solar Parker vai voar através da coroa exterior, mas as partículas são esparsas o bastante para não transferir muito calor para a nave, segundo a NASA. É como estender sua mão dentro de um forno — se você deixá-la lá apenas brevemente, não machuca, a menos que você toque o metal.

Embora todos estejamos extremamente empolgados com o lançamento, vai demorar um pouco até que possamos apreciar descobertas científicas dessa missão. A sonda não fará suas abordagens mais próximas do Sol antes de 2024. Até lá, a sonda fará órbitas mais apertadas sucessivamente, passando por Vênus sete vezes para acelerar por meio da manobra de estilingue gravitacional.

Uma vez que a sonda chegar lá, esperamos que ela possa responder a algumas das questões ardentes da humanidade sobre o Sol — mas, certamente, ela também irá suscitar novos mistérios.

Imagem do topo: NASA

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