Nem mesmo o remoto oceano Ártico está a salvo dos plásticos, mostra estudo
O Ártico está aquecendo três vezes mais rápido do que o resto do mundo. Como se as mudanças climáticas não fossem o bastante, um novo estudo publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment mostra que a região também está sendo afetada por restos de plásticos.
A análise foi feita por pesquisadores do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha, que tem sede na Alemanha. De acordo com os cientistas, altas concentrações de microplásticos já podem ser encontradas no mar, praias remotas, rios e até mesmo no gelo e na neve do Ártico.
Parte da poluição vem de fontes locais, como as próprias comunidades do Ártico e embarcações de pesca. Outros detritos são transportados através de correntes oceânicas e também pelo vento. O Ártico também recebe mais de 10% da descarga global de água dos rios, com grande quantidade de plástico sendo levada até a região dessa maneira.
Até então, o Ártico era considerado uma região deserta e praticamente intocada. Agora, é possível que o problema por lá aumente. Todos os anos, os oceanos são inundados com 380 milhões de toneladas de plástico, e a tendência é que a produção global do material dobre até 2045.
Há poucos estudos sobre os efeitos do plástico no Ártico, mas alguns pontos já são claros para os pesquisadores. Em primeiro lugar, a poluição afeta os animais que vivem na região, que muitas vezes acabam se prendendo ou sufocando com os detritos. Já os microplásticos acabam sendo ingeridos pelos animais e entram na cadeia alimentar, chegando até mesmo aos pratos dos seres humanos.
O plástico também pode adiantar o derretimento de geleiras, já que suas partículas escuras contribuem para uma maior absorção de luz solar. Sem falar na sua entrada no ciclo da chuva, que pode acabar influenciando o clima a longo prazo.
Um tratado internacional para conter a poluição dos plásticos e reduzir seu uso foi assinado durante a Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA) deste ano. Os pesquisadores consideram este um passo importante para reduzir os efeitos dramáticos da poluição no Ártico e também no resto do globo.