O que é a “galáxia morrendo de fome” descoberta pelo James Webb
Astrônomos revelaram que observações do James Webb confirmaram a teoria de que buracos negros supermassivos podem deixar uma galáxia “morrendo de fome”.
Em um estudo publicado nesta segunda-feira (16), os astrônomos explicaram como usaram o James Webb para observar uma galáxia do tamanho da Via Láctea, formada cerca de dois bilhões de anos após o Big Bang.
Essa galáxia, chamada “Galáxia de Pablo”, fica a 12 bilhões de anos-luz da Terra, com uma massa 200 bilhões de vezes superior ao Sol. Na prática, a galáxia está “morrendo” porque um buraco negro supermassivo a deixou sem combustível para formar novas estrelas.
“Com base em observações anteriores, sabíamos que essa galáxia estava em um estado morto, pois, pelo seu tamanho, não formava muitas estrelas. Com isso, suspeitávamos que o fim da formação estelar tinha um elo com o buraco negro dessa galáxia”, afirma Francesco D’Eugenio, coautor do estudo.
Entretanto, segundo D’Eugenio, não era possível estudar essa galáxia em detalhes para confirmar tal ligação antes do James Webb.
O astrônomo ressalta que o James Webb conseguiu confirmar que a galáxia estava “morrendo de fome” e se seu estado era permanente ou temporário.
A maioria das estrelas da “Galáxia de Pablo” se formaram entre 12,5 e 11 bilhões de anos atrás. As observações do James Webb mostram que a galáxia estava expelindo enormes quantidades de gás a 1.000 km por segundo.
Essa velocidade, de acordo com o estudo, é rápida o suficiente para que o gás escape do campo gravitacional da galáxia.
Como o buraco negro deixou a galáxia “morrendo de fome”?
Assim como outras galáxias com buracos negros supermassivos, a Galáxia de Pablo tem um fluxo rápido de ventos de gás quente. No entanto, a massa desse gás é relativamente pequena.
O estudo ressalta que o James Webb conseguiu localizar um componente frio nos ventos de gás com massa mais densa. A massa desse gás frio, que a galáxia expulsa, é bem superior à massa necessária para formação de novas estrelas.
“Encontramos o culpado. O buraco negro está deixando essa galáxia morrendo de fome, mantendo-a em um estado de dormência, ao remover a fonte de ‘comida’ necessária para formar novas estrelas, algo que conseguimos confirmar graças ao James Webb”, afirma D’Eugenio.
Os astrônomos ressaltam o impacto de buracos negros supermassivos em galáxias, sugerindo que deva ser comum esse tipo de fenômeno que interrompe a formação de estrelas.
Além disso, eles destacam o papel do James Webb, afirmando que o telescópio representa “um enorme salto em termos da capacidade de estudar o início do universo e sua evolução”.
Por fim, vale ressaltar que os autores do novo estudo sobre a “Galáxia de Pablo” são os mesmos que descobriram a galáxia morta mais antiga.