O que é Helio-3 e por que esta startup quer construir mina na Lua
A startup Interlune, formada por ex-funcionários da Blue Origin — do criador da Amazon, Jeff Bezos –, quer liderar uma corrida para explorar o hélio-3 na Lua. Com um investimento inicial de US$ 15 milhões, a Interlune planeja iniciar a mineração em solo lunar a partir de 2030.
O hélio-3 é um isótopo não-radioativo do hélio que tem despertado grande interesse como um potencial combustível para fusão nuclear devido às suas propriedades únicas.
Enquanto o hélio comum possui dois prótons e dois nêutrons, o hélio-3 tem apenas um nêutron, tornando-o mais leve e com características distintas. Este isótopo é raro na Terra, mas acredita-se que exista em abundância na Lua, o que o torna um recurso valioso para a produção de energia limpa e eficiente.
Vantagens do hélio-3
A empresa argumenta que a mineração lunar de hélio-3 poderia revolucionar a geração de energia, substituindo fontes não-renováveis e reduzindo significativamente o impacto ambiental na Terra.
A fusão nuclear utilizando hélio-3 é particularmente interessante porque é uma reação aneutrônica, ou seja, não produz nêutrons perigosos como subproduto, o que resulta em menos lixo radioativo e maior eficiência energética.
Além disso, estima-se que a quantidade de hélio-3 disponível na Lua poderia fornecer energia para a Terra por milhares de anos.
No entanto, a exploração lunar enfrenta desafios legais e técnicos significativos. Tratados internacionais, como o Acordo do Espaço Exterior de 1967 — o qual o Brasil é signatário — proíbem reivindicações nacionais da Lua. Ou seja, nenhum país pode ser “dono” da Lua.
Apesar disso, o acordo não aborda diretamente a mineração por empresas privadas. Isso deixa um vácuo legal para as empresas que pretendem explorar o satélite natural da Terra.
Além disso, a viabilidade técnica e econômica da mineração lunar ainda precisa ser comprovada. Contudo, as estimativas sugerem que o custo de uma usina de fusão de hélio-3 poderia ser bilionário.
A iniciativa da Interlune, se bem-sucedida, poderá não apenas fornecer uma fonte de energia limpa e praticamente inesgotável, mas também marcar o início de uma nova era de exploração espacial e utilização de recursos além da Terra.