Óleos essenciais podem substituir conservantes potencialmente cancerígenos, aponta estudo

Feito de óleos extraídos de plantas medicinais e aromáticas, o produto pode impulsionar a produção e causar menos riscos à saúde
óleos essenciais
Imagem: Pexels/Reprodução

Em busca de substitutos para conservantes sintéticos potencialmente cancerígenos do grupo hidroxitolueno butilado (BHT) e hidroxianisol butilado (BHA), usados em produtos cárneos, pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um antioxidante natural capaz de inibir a proliferação de bactérias do gênero Salmonella. Composto por óleos essenciais extraídos de plantas medicinais e aromáticas, o produto pode impulsionar a produção aviária com menos riscos à saúde.

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O estudo que deu origem à tecnologia surgiu de uma pesquisa coordenada por Marta Cristina Duarte, no âmbito de um projeto financiado pela FAPESP. Também recebeu apoio da empresa Ouro Fino Saúde Animal.

A doutoranda Adriana Figueiredo, sob orientação de Duarte, conduziu a análise da efetividade de óleos essenciais para o controle da proliferação da Salmonella em frangos de corte. E observou atividade positiva em relação à combinação dos óleos essenciais extraídos de Thymus vulgaris e Ocimum gratissimum (blenda de óleos essenciais, ou BOE) como antioxidantes.

“Após todos os ensaios de efetividade in vitro, Adriana iniciou os testes com a blenda dos óleos essenciais aplicada em almôndegas de carne de frango. Essa combinação na carne crua produziu uma atividade antioxidante muito favorável, além do efetivo controle contra a Salmonella”, explica Duarte.

Os óleos essenciais poderão ser usados como conservantes naturais em substituição ao BHT e BHA e contornar dois dos principais problemas enfrentados pelos produtores para garantir a qualidade das mercadorias: a proliferação de bactérias como a Salmonella e a durabilidade dos produtos cárneos, altamente perecíveis. O invento já teve comprovação em carnes de frango e agora será analisado para outros tipos de carnes.

A tecnologia está licenciada, com a intermediação da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a Terpenia, empresa paulistana que recebe apoio financeiro do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e que pode realizar os testes com maior avanço em direção ao mercado.

“Tivemos um avanço significativo nos ensaios em escala produtiva, apoiados pela FAPESP, tanto para o antioxidante natural como para o inibidor de proliferação da Salmonella. Esperamos finalizar em breve os estudos para levar os produtos ao mercado”, explica Wolney Longhini, da Terpenia.

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Na formulação do antioxidante natural, os óleos essenciais são submetidos a um processo no qual são microencapsulados e transformados em um pó para aplicação direta nas carnes. A alteração dos óleos para o pó é feita a partir da combinação com polímeros, resultando em um produto sólido menos volátil, que facilita seu manuseio e aplicação.

A tecnologia já passou por testes laboratoriais e constatou-se a mesma efetividade de conservação dos produtos sintéticos. O pó oriundo desses óleos poderia, assim, substituir os antioxidantes sintéticos, prejudiciais à saúde humana, e ser uma opção natural para a conservação de alimentos.

*Com informações do Jornal da Unicamp.

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