Parler, rede social adotada por extremistas de direita, volta ao ar com novo CEO interino
Executivos da Parler diziam que a rede social voltaria a funcionar a qualquer momento. Bom, esse dia parece ter chegado, já que, após mais de um mês offline – tanto das lojas de aplicativos quanto do serviço de hospedagem da Amazon -, a plataforma reapareceu nesta segunda-feira (15) – e com direito a um novo CEO interino.
Em um comunicado à imprensa, a empresa confirmou que seu novo líder é Mark Meckler, cofundador do grupo de direita Tea Party Patriots. O anúncio foi feito pouco mais de uma semana depois que a Parler demitiu o agora ex-CEO, John Matze, que afirmou ter encontrado “resistência constante” à sua visão de produto. Mesmo assim, sob a liderança de Matze, a base de usuários de Parler disparou.
No novo cargo, Meckler disse que a Parler foi construída para proteger a liberdade de expressão. Além disso, destacou que a rede social é dirigida por uma equipe experiente e que agora veio para ficar. “Quando o Parler foi tirado do ar em janeiro por aqueles que desejam silenciar dezenas de milhões de americanos, nossa equipe se reuniu, determinada a cumprir a promessa à nossa comunidade altamente engajada, de que voltaríamos mais fortes do que nunca. Estamos entusiasmados em receber todos de volta”, disse.
A Parler ainda afirma ter mais de 20 milhões de usuários e declarou que o serviço está disponível apenas para quem já tinha cadastro antes da suspensão temporária do app. Novos usuários poderão começar a se inscrever para contas na próxima semana. O The Verge relata que as postagens antigas na rede social parecem ter sido apagadas, mas que usuários importantes, como o apresentador da Fox News, Sean Hannity, postaram esses conteúdos novamente.
Outro detalhe: a Parler não revelou que está fornecendo serviços de hospedagem, apenas disse que a plataforma é “construída em uma tecnologia robusta, sustentável e independente”. Em janeiro, rede social começou a receber serviços do registrador de nomes de domínio Epik, famoso por hospedar sites de conteúdo ofensivo e perigoso.
Vale destacar que, apesar de voltar à ativa, o aplicativo não voltou às lojas da Apple ou do Google – na verdade, a própria empresa indica em seu site instruções de como baixar o serviço no celular. Por enquanto, apenas smartphones Android são compatíveis.
De acordo com o comunicado, o comitê executivo da Parler está procurando um CEO permanente para liderar a rede social. O Gizmodo US entrou em contato com a companhia para pedir comentários adicionais sobre seu relançamento, bem como uma confirmação de que está permitindo a postagem de conteúdo já publicado anteriormente, mas ainda não obtivemos resposta.
O app Parler ganhou notoriedade em meio aos atos violentos que ocasionaram a invasão ao Capitólio dos EUA, no último dia 6 de janeiro. Dados de GPS demonstraram que vários usuários da ferramenta pareciam ter conseguido entrar no prédio do Congresso americano. A plataforma, que dificilmente é moderada, também foi palco de ameaças de morte assustadoras contra políticos e CEOs de tecnologia, bem como apelos para uma nova guerra civil.
A Parler também está sendo investigado pelo Comitê de Supervisão da Câmara por oferecer ao ex-presidente Donald Trump uma participação de 40% na empresa se abrisse uma conta enquanto ele estava no cargo. O presidente do comitê também pediu ao FBI para investigar a companhia.