Pentágono cancela contrato de US$ 10 bilhões com a Microsoft após disputas com Amazon

O projeto previa aumentar a segurança em nuvem do Departamento de Defesa dos EUA.
Imagem: AFP (Getty Images)
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O contrato para o projeto Joint Enterprise Defense Infrastructure (JEDI) foi oficialmente cancelado. A informação foi confirmada nesta terça-feira (6) por oficiais militares dos Estados Unidos. O projeto era um esforço conjunto de US$ 10 bilhões (R$ 52 bilhões) entre o Pentágono e a Microsoft, e tinha por objetivo ajudar a revisar e modernizar as operações de TI do órgão de defesa americano.

O JEDI, que envolveria a migração de grandes quantidades de dados do Departamento de Defesa (DoD) para um sistema de nuvem comercial, tinha sido objeto de intensa competição corporativa, em um processo judicial acirrado que vinha se arrastando há anos.

“Com a mudança no ambiente de tecnologia, ficou claro que o contrato JEDI Cloud, que foi adiado por muito tempo, não atende mais aos requisitos para preencher as lacunas de capacidade do DoD”, disse um porta-voz do Departamento de Defesa, em comunicado enviado à imprensa.

O contrato, que teria garantido o trabalho de TI com o Pentágono por mais de uma década, foi elaborado pela primeira vez em 2017. Inicialmente, o acordo gerou uma disputa intensa de licitações entre algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo, incluindo Google, Amazon, Microsoft, Oracle, entre outras. Os laços se estreitaram para Microsoft e Amazon, sendo que a dona da maior rede de varejo online do mundo parecia que iria levar a melhor.

No entanto, em 2019, o DoD anunciou ter concedido o JEDI à Microsoft — um resultado que a Amazon não aceitou muito bem. A empresa se posicionou publicamente contra a decisão, acusando o contrato de ser politicamente motivado e indevidamente influenciado pelo então presidente Donald Trump (que, ao que tudo indica, odeia Jeff Bezos). Posteriormente, a empresa entrou com uma ação com base nesse argumento.

Agora, ao que parece, todo aquele drama foi em vão. Um porta-voz do Departamento de Defesa disse a repórteres nesta terça que, “com a mudança no ambiente de tecnologia”, o contrato “não atende mais os requisitos para preencher as lacunas de capacidade do DoD”.

Embora o JEDI possa estar morto, o Pentágono anunciou simultaneamente uma nova iniciativa de nuvem chamada Joint Warfighter Cloud Capability (JWCC), descrita como “um contrato de quantidade indefinida e entrega por tempo indeterminado de múltiplos fornecedores” que está solicitando ofertas específicas da Microsoft e da Amazon, já que aparentemente são as únicas companhias com recursos substanciais suficientes para atender às necessidades do Pentágono.

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Amazon e Microsoft sobre o fim do JEDI

Tanto a Amazon quanto a Microsoft emitiram comunicados destacando o que pensam sobre o fim do antigo projeto do Pentágono. Em nota ao The Verge, a Amazon se mostrou favorável à decisão, mas cutucou o contrato dizendo que não era baseado em propostas, mas sim em influências externas sem licitações governamentais. A companhia ainda destacou que sua tecnologia de nuvem está mais forte do que nunca, e que espera construir soluções que ajudem a modernizar o Departamento de Defesa dos EUA.

A Microsoft, por sua vez, também disse respeitar a decisão do Pentágono em não prosseguir com o projeto, uma vez que “a segurança dos Estados Unidos depende de atualizações tecnológicas críticas que superam a importância de qualquer contrato”.

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