Nova pesquisa liga 13 Reasons Why a aumento de suicídios, e Netflix mostra estudo que diz o contrário
A série 13 Reasons Why, da Netflix, que explora a razão pela qual a sua protagonista morreu por suicídio, provocou um debate entre a comunidade de pesquisadores para saber se a produção contribuiu para um aumento das taxas de suicídio. O CEO da Netflix, Reed Hastings, respondeu a essa acusação após a primeira temporada, afirmando simplesmente que “ninguém é obrigado a assistir“. Entretanto, depois de outro estudo ligando um aumento nos índices de suicídio de adolescentes ao programa ser notícia nesta semana, o serviço de streaming assumiu uma postura ligeiramente mais comedida.
“Acabamos de ver este estudo e estamos analisando a pesquisa, que entra em conflito com o estudo da semana passada da Universidade da Pensilvânia”, disse um porta-voz da Netflix ao Gizmodo em um e-mail na terça-feira (30). “Este é um tópico extremamente importante, e temos trabalhado duro para garantir que lidemos com essa questão sensível de forma responsável.”
O porta-voz enviou um link para um artigo que detalhava um estudo publicado na revista científica Social Science and Medicine deste mês. Esse estudo constatou que, dos adultos de 18 a 29 anos entrevistados, aqueles que terminaram a segunda temporada da série, lançada em maio de 2018, tiveram efeitos benéficos. Mas os adultos pesquisados que não terminaram a temporada tinham um risco maior de suicídio.
Não é exatamente a descoberta mais tranquilizadora dada a segunda opção, mas ela enfraquece ligeiramente o novo estudo, revigorando o debate sobre se o programa está ou não ligado a um aumento nos suicídios.
A pesquisa desta semana foi publicada no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. Ela descobriu que, nos nove meses seguintes ao lançamento do programa, houve 195 suicídios a mais entre jovens americanos de 10 a 17 anos do que o esperado com base em dados históricos.
Especificamente, em abril de 2017, um mês depois do lançamento da série, 190 jovens americanos morreram por suicídio, o que é cerca de 30% maior do que as taxas de suicídio de cinco anos antes, informou o USA Today. Mas essas descobertas dificilmente são conclusivas, já que outros possíveis fatores ou eventos que ocorreram por volta da mesma época do lançamento do programa podem estar ligados a essas mortes.
Ainda não está claro como exatamente a Netflix responderá às inquietações dos pesquisadores e críticos. Porém, se o histórico for alguma indicação do futuro, é improvável que cancelem a série completamente por causa dessa preocupação.
Se você ou alguém que você conheça esteja tendo pensamentos suicidas, por favor, ligue para o Centro de Valorização da Vida em 188 ou acesse o site da associação, que oferece outros canais de contato, como conversa por chat ou mesmo e-mail.