Pesquisador brasileiro produz ‘whey’ à base de grilos
Um pesquisador brasileiro decidiu produzir uma farinha proteica – como um whey protein – a base de um ingrediente inusitado: grilos.
O cientista de alimentos Antonio Bisconsin Junior pesquisou as vantagens do alimento e produziu a farinha como parte de sua tese de doutorado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. A pesquisa foi intitulada “Insetos Comestíveis: Estudo do Consumidor e Desenvolvimento de Ingrediente Alimentício”.
Ele acredita que a ingestão de insetos pelos seres humanos, uma prática iniciada na era paleolítica, pode vir a fazer parte da alimentação da maior parte das pessoas no futuro.
“Os maiores obstáculos para inseri-los [os insetos] maciçamente na alimentação humana são culturais e psicológicos”, afirma Bisconsin, em comunicado. Natural de Rondônia, ele lembra que, na infância, já sabia da existência desse hábito entre os povos originários, embora os insetos não integrassem a sua dieta.
Saudável e sustentável
O pesquisador enumera os vários motivos para considerarmos os insetos uma alternativa alimentar para a população mundial. Dois deles destacam-se como os mais fortes: o primeiro está relacionado à qualidade nutricional; e o segundo, à sustentabilidade.
Na comparação com as carnes bovina, suína, de frango e de peixe, predominantes no cardápio da população ocidental, os insetos possuem altos teores de proteína.
Além disso, descreve o cientista, trata-se de “um alimento com proteína de boa qualidade. Com lipídios saudáveis e fibra insolúvel que pode ajudar no trato intestinal. Eles têm todos os aminoácidos de que necessitamos na dieta, ao contrário dos produtos de origem vegetal”.
Prática milenar
Apesar de a prática parecer exótica aos olhos da população urbana ocidental de hoje, o uso de insetos na alimentação humana começou na época dos hominídeos.
Os insetos fazem parte da cultura de diversas etnias dos povos originários brasileiros. Eles também são comuns, por exemplo, na Tailândia – com seus espetinhos de grilo – e no México, onde são vendidos a granel.
Atualmente, os insetos já fazem parte do cardápio de quase 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Os dados são da Organização das Nações Unidas (ONU).