Pesquisadores britânicos encontram raro vírus híbrido da Influenza e VSR

Vírus híbrido é como "cavalo de Tróia", disseram pesquisadores; estudo mostrou que fusão é capaz de driblar anticorpos mesmo em pessoas vacinadas
Pesquisadores britânicos encontram raro vírus híbrido da Influenza e VSR
Novo vírus híbrido consegue burlar anticorpos da vacina e infectar células pulmonares, diz pesquisa. Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Divulgação

Pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, identificaram um fenômeno raro: a formação de um vírus híbrido a partir do encontro dos vírus Influenza e VSR (vírus sincicial respiratório).  

Segundo a pesquisa, publicada na revista Nature Microbiology na segunda-feira (24), a fusão é incomum porque são agentes infecciosos de famílias diferentes. Enquanto a Influenza infecta as células do nariz e garganta, o VSR invade a traquéia e o pulmão. 

O novo vírus surge a partir da combinação de genomas e proteínas externas de ambos. “É um novo tipo de patógeno, como um cavalo de Tróia”, disse o professor Pablo Murcia, que supervisionou a pesquisa, ao jornal britânico The Guardian

Quando formado, o vírus híbrido foi capaz de infectar células mesmo na presença de anticorpos que normalmente bloqueariam a contaminação. Na prática, é como se a união da Influenza e VSR usasse proteínas parecidas para “invadir” células pulmonares sem ser reconhecido.

Ao “driblar” o sistema imunológico, o vírus híbrido também consegue acessar mais órgãos além das células pulmonares. Ele tem potencial para aumentar as chances de uma simples gripe desencadear uma infecção pulmonar grave ou pneumonia viral, muitas vezes fatal. 

Competição de vírus 

Ao encontrar vestígios do vírus, os pesquisadores deliberadamente infectaram células pulmonares humanas com o Influenza e VSR. Ali, descobriram que, em vez de competir entre si, como fazem alguns microrganismos, eles se fundiram. 

Como resultado, o vírus híbrido ganhou uma forma de palmeira: o VSR é o tronco, e a Influenza, as folhas. No experimento, a equipe identificou que o novo agente pode infectar tanto camadas cultivadas de células quanto células respiratórias individuais.

“Isso é relevante porque as células estão presas umas às outras e as partículas dos vírus terão que entrar e sair de alguma maneira”, explicou Stephen Griffin, virologista da Universidade de Leeds. 

Agora, a pesquisa quer descobrir se o vírus híbrido pode se formar em pacientes com infecções simultâneas de Influenza e VSR. Outro ponto de interrogação é se o mesmo acontece com outras combinações de vírus. 

Se isso se confirmar, será possível explicar porque as coinfecções muitas vezes levam à piora no estado de saúde de pacientes, especialmente no caso de pneumonia viral. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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