Ciência

Plantar árvores em savanas para sequestrar carbono não compensa, diz estudo

Nessas regiões, as gramíneas contribuem com mais da metade do carbono armazenado no solo; o plantio de árvores não vale os custos
Imagem: David Clode/ Unsplash/ Reprodução

Com o aumento dos alertas sobre as mudanças climáticas, novas iniciativas surgem na tentativa de contribuir para a neutralização das emissões de carbono. Um estudo publicado na revista Nature Geoscience investigou a eficácia de alguns desses projetos – e parece que nem sempre valem a pena.

A pesquisa se concentrou em iniciativas de sequestro de carbono através do plantio de árvores em savanas tropicais. A lógica desses projetos é que, ao aumentar o número de plantas realizando fotossíntese, mais dióxido de carbono é removido da atmosfera. 

Em geral, as árvores podem armazenar o CO2 de duas maneiras: em sua biomassa ou no solo. O armazenamento subterrâneo de carbono ainda é difícil de mensurar, uma vez que as próprias gramíneas do local também realizam o processo. 

Assim, fica difícil compreender o que é efeito do plantio e o que já aconteceria de qualquer maneira. Por isso, a pesquisa visou separar esses dois resultados.

Entenda o estudo

Yong Zhou, líder da pesquisa, investigou junto com sua equipe um projeto de sequestro de carbono realizado no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, e diversas outras savanas tropicais em todo o mundo.

De início, eles analisaram o tipo de carbono armazenado produzido por diferentes vias de fotossíntese: C4 para gramíneas e C3 para árvores. Dessa forma, puderam analisar a contribuição de cada uma no sequestro de CO2 para o solo.

Os pesquisadores descobriram que as gramíneas contribuem com mais da metade do carbono orgânico no solo até uma profundidade de 1 metro. Por outro lado, o plantio de árvores em ecossistemas de gramíneas aumentou o carbono orgânico do solo em 5,74 megagramas de carbono por hectare.

Contudo, considerando que grande parte desse carbono orgânico capturado pelas árvores está concentrado na camada superficial do solo, há um risco neste processo. O CO2 armazenado superficialmente pode ser liberado na atmosfera durante incêndios florestais, o que está se tornando cada vez mais frequente.

Dessa forma, os benefícios podem não ser suficientes para compensar os custos de gerenciamento de recursos hídricos e a biodiversidade em seu crescimento. Por isso, o plantio de árvores em savanas tropicais pode não ser tão eficaz no sequestro de carbono como inicialmente esperado. 

Os pesquisadores sugerem que depender das gramíneas como o principal impulsionador do sequestro de carbono nas savanas é a melhor opção. Portanto, é preciso reconsiderar os ganhos de projetos de plantio nessas regiões e realizar mais pesquisas na área.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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