O consumo de podcasts está crescendo, e o Spotify quer ser o YouTube deste ramo
Você curte podcasts? Eu curto, mas tenho a consciência de que não é todo mundo que escuta. Dados do Ibope mostram que 4 entre 10 internautas brasileiros já ouviram podcast alguma vez na vida. Além disso, o Spotify informa que a audição dos programas cresce 21% mensalmente desde janeiro de 2018. Mas quanto é isso?
O Spotify não divulga publicamente o número (e praticamente ninguém da indústria), mas a empresa pelo menos fala em “dezenas de milhões de pessoas” já ouvindo os podcasts no mundo.
É complicado falar com muita certeza do tamanho deste mercado. O setor é bem fragmentado entre diversos tocadores, o que pode, às vezes, dificultar a análise da audiência, mas, por outro lado, isso dá mais opções para os ouvintes.
Mesmo assim, dados de diferentes instituições mostram que tem havido uma movimentação forte no Brasil.
Segundo a pesquisa Soundcast Stats Soundbites, feita pela empresa que desenvolve o plugin PowerPress, que ajuda a distribuir podcasts para diferentes plataformas, o Brasil é o segundo maior país com download de podcasts, com 110 milhões de downloads no ano de 2018. A título de comparação, o líder são os Estados Unidos, com mais de 660 milhões de downloads no ano.
A Deezer — que, para ser justo, foi a primeira plataforma de streaming a oferecer o serviço de podcasts no Brasil, em 2015 — também mostra certo crescimento no gênero neste ano. Em um levantamento recente, a companhia fala que o consumo de podcasts no serviço subiu 177% no Brasil nos últimos 12 meses.
Apesar do não detalhamento de informações, o fato é que o Spotify quer ser uma espécie de “YouTube dos podcasts” (ou a “Casa dos podcasts”, como eles falam nas propagandas deles). Pelo menos foi isso o que deu para concluir no evento Spotify for Podcasters Summit, realizado em São Paulo nesta sexta-feira (1º).
Para ser o player número um das pessoas, a companhia tem investido em algumas produções feitas em parceria com veículos de imprensa, como a Folha de S. Paulo, com o Café da manhã. Este evento para reunir a comunidade, discutir o tema e trocar experiências é mais uma iniciativa nessa linha.
Além disso, a empresa vem investindo em publicidade desde 2018 para falar da funcionalidade e tentar ser o tocador principal dos programas.
Nessa briga por destaque, o Spotify está investindo para conseguir esse protagonismo, e a empresa diz que é líder na América Latina. No entanto, hoje, o mercado de podcasts está com menos cara de YouTube e com mais cara de plataformas de streaming de filmes e séries — que caminham lentamente para uma grande concorrência e fragmentação. A Apple está nessa há anos, o Google também tem um player próprio, e há uma série de outros tocadores independentes bons e com muitos ouvintes, como PlayerFM, Overcast e Pocket Casts, que mudou recentemente seu modelo de negócios. Teremos um grande vencedor nessa batalha?