Ciência

Por que comer ultraprocessados faz mal à saúde, segundo a ciência

Na última década, os brasileiros aumentaram em 5,5% o seu consumo desses alimentos. Entenda porque isso é um problema
Imagem: Franki Chamaki/ Unsplash/ Reprodução

Uma pesquisa da USP apontou que os ultraprocessados contribuíram com cerca de 10% das mortes entre pessoas de 30 a 69 anos no Brasil em 2019. Outro estudo de pesquisadores chineses descobriu uma relação entre o consumo desses alimentos e o aumento no risco de demência.

Além disso, a ingestão de ultraprocessados tende a elevar o risco do desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

No Brasil, embora 98% dos ultraprocessados tenham ingredientes nocivos à saúde, pessoas passaram a ingeri-los cada vez mais. Na última década, os brasileiros aumentaram em 5,5% o seu consumo deste tipo de alimento. 

Mas o que são os alimentos ultraprocessados e por que eles fazem tão mal?

O que são alimentos ultraprocessados

Ao contrário dos alimentos minimamente processados ou in natura, os alimentos ultraprocessados tiveram sua composição original radicalmente alterada pelos fabricantes. Dessa forma, há pouco ou quase nada de produtos naturais em sua composição.

Por isso, eles são feitos basicamente de substâncias derivadas de alimentos e aditivos. Para identificar, basta procurar embalagens que listam muitos ingredientes, com itens que muitas vezes você nunca ouviu falar ou não consegue ter na cozinha da sua casa. 

Em geral, os ultraprocessados são repletos de conservantes, emulsificantes, aromatizantes e corantes que não são comuns na culinária caseira. Assim, eles têm a aparência e o sabor palatável como atrativos.

A definição abrange uma ampla variedade de alimentos que você encontra em qualquer mercado: desde sopas instantâneas até salgadinhos e certos produtos de carne, como salsichas.

Por que os alimentos ultraprocessados são tão prejudiciais?

Os alimentos ultraprocessados tendem a ser baixos em nutrientes benéficos e ricos em açúcar e calorias. No entanto, não é apenas isso que os torna prejudicial à saúde.

A classificação como ultraprocessado é relativamente recente e não considera apenas seus nutrientes, mas os processos que ele passa antes de chegar ao consumidor. 

Chamada de Classificação NOVA, ela foi estabelecida depois de pesquisadores concluírem que era insuficiente considerar apenas os nutrientes na relação entre alimentos e saúde. Por isso, passaram a considerar a maneira como esses alimentos eram modificados com o processamento.

Assim, cientistas que pesquisam alimentos ultraprocessados dizem que parece haver algo no próprio processamento – não apenas no conteúdo nutricional – que os torna prejudiciais. Em um estudo que apoia essa ideia, pesquisadores dividiram pessoas em dois grupos e controlaram o que elas comeram por duas semanas. 

Todas comeram quantidades idênticas de calorias, açúcar, gordura, fibras e micronutrientes. Contudo, um grupo comeu uma dieta repleta de alimentos ultraprocessados. No final, essas pessoas foram as que ganharam peso, enquanto as outras perderam alguns quilos.

Uma teoria para explicar isso, elaborada pelo Centro de Pesquisa Epidemiológica em Nutrição e Saúde Pública da Universidade de São Paulo, é que os ultraprocessados são feitos para o consumo excessivo. 

Isso porque eles são prontos para comer e são hiper palatáveis – muito doces ou muito salgados. Isso também pode influenciar as pessoas a comerem rápido demais.

Outra ideia é que alguns dos produtos químicos presentes nos alimentos ultraprocessados, especialmente os emulsionantes, perturbam as bactérias intestinais. Dessa forma, os sinais de satisfação enviados ao cérebro são prejudicados.

Por todos estes motivos, especialistas concordam que a redução do consumo de alimentos ultraprocessados não deve ser responsabilidade apenas do público. Eles alegam que é preciso implementar políticas para expandir o acesso a alimentos saudáveis, além de alertar o público sobre os perigos através da rotulagem clara.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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