Conheça as primeiras cordas vocais feitas em um laboratório

Um laboratório americano criou cordas vocais do zero. Elas ainda são um protótipo, mas trazem esperança para pessoas que perderam a voz por causa de doenças.

As primeiras cordas vocais feitas em um laboratório trazem esperança a pessoas que perderam suas vozes em função de uma doença, acidente ou alguma cirurgia invasiva.

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Na teoria, as cordas vocais são bem simples: são dois tecidos musculares alinhados com dobras delicadas de mucosa. Com a pressão do ar, elas podem vibrar mais de mil vezes em um segundo, permitindo que humanos produzam uma grande variedade de nuances de som. No entanto, muitas doenças e cirurgias podem danificar esses tecidos.

Uma equipe da Universidade de Wisconsin criou réplicas do zero. Eles pegaram uma estrutura 3D feita de colágeno e usaram dois diferentes tipos de células pra criar as cordas vocais artificiais — fibroplastos que foram criados em um músculo liso e células epiteliais que foram unidas para se tornarem um delicado revestimento. As células doadas para a criação da estrutura foram pegas de um homem morto, e as laringes foram removidas de pacientes.

As cordas vocais criadas em laboratório foram desenvolvidas em duas semanas, atingindo 16 milímetros de comprimento e 1 milímetro de espessura. Elas foram, então, implantadas na laringe e na traqueia removidas de cachorros, onde foram testadas ao serem assopradas com uma falsa traqueia. O resultado, segundo os pesquisadores, foi um som parecido com “eeee”, mas diferente daqueles emitidos por kazoos.

Isso pode parecer um fracasso, mas na verdade é como uma corda vocal deveria soar, considerando a falta de ajustes. Os humanos podem moldar um som usando variações sutis na garganta e na boca para produzir os sons de voz que estamos acostumados. A pesquisa foi publicada no Science Translational Medicine.

A equipe também verificou que as cordas criadas em laboratório eram biologicamente viáveis ao inserir pequenos pedaços em ratos com sistemas imunes parecidos com humanos. Elas não foram rejeitadas, o que sugere que devem funcionar bem em humanos.

Apesar da descoberta, ainda há muito a ser feito. A equipe reconhece que são necessário extensivos testes em animais, pesquisa com células tronco e uma série de experiências antes dessas cordas vocais poderem ser aplicadas em humanos. Os cientistas estimam 13 anos para as cordas vocais estarem prontas para ser usadas em tratamentos.

[Science Translational Medicine via Guardian]

Imagem do topo: Maya2008/Shutterstock.

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