Microsoft diz que deu tudo certo com seu datacenter que ficou dois anos submerso

Microsoft deixou um datacenter operante no fundo do mar por dois anos; empresa disse que deu tudo certo com o experimento.
Datacenter da Microsoft tirado do fundo do mar. Crédito: Reprodução/Microsoft/YouTube
Crédito: Microsoft

O datacenter subaquático instalado pela Microsoft perto das Northern Isles da Escócia emergiu novamente das profundezas do oceano nesta segunda-feira (14) e está incrivelmente intacto, exceto por estar coberto por sujeira do mar.

O datacenter — que a Microsoft afundou sob 36 metros de água na costa das Ilhas Orkney da Escócia em 2018 — se assemelha a um grande tanque hermético de combustível.

Depois de dois anos no fundo do mar, agora está coberto de algas, cracas e anêmonas do tamanho de um melão. Mas o pesquisador de Projetos Especiais da Microsoft, Spencer Fowers, disse no anúncio que a empresa estava “muito impressionado” com a falta de “crescimento marinho endurecido”.

No interior, 864 servidores com 27,6 petabytes coletivos de armazenamento e uma infraestrutura de resfriamento enfrentaram os elementos em uma atmosfera de gás inerte — a Microsoft observou que as condições do local de teste do European Marine Energy Center podem incluir correntes de maré de 14 quilômetros por hora e ondas de 18 metros durante tempestades.

Na verdade, a Microsoft afirmou que o equipamento se saiu melhor do que os sistemas terrestres. O líder do Projeto Natick, Ben Cutler, disse que as Northern Isles tiveram taxas de falha de apenas um oitavo do que seria esperado em um data center tradicional e que funcionou “muito bem” na rede de energia da região, que é 100 por cento eólica e solar.

Isso justifica a hipótese de que o fundo do mar é preferível para fazendas de servidores a ambientes de superfície onde os equipamentos podem ser danificados pela corrosão do oxigênio e umidade, mudanças constantes de temperatura e movimento físico durante a manutenção.

Colocar datacenters embaixo d’água também pode permitir um posicionamento mais próximo dos clientes e, obviamente, torna o resfriamento muito mais fácil. Além disso, a Microsoft sugeriu anteriormente que eles poderiam ser alimentados por geradores de corrente de marés. As unidades também são portáteis e podem ser facilmente escaladas para operações maiores.

Um problema óbvio é que os reparos no local são impossíveis, embora a Microsoft tenha escrito em seu blog que os servidores nos datacenters atuais já são substituídos duas vezes por década. A empresa espera que o aumento da confiabilidade dos servidores subaquáticos signifique que “os poucos que falham cedo são simplesmente colocados off-line”.

O Verdict relatou em 2018 que o possível impacto ambiental dos centros de dados subaquáticos não está claro; uma unidade pode ter um impacto desprezível na temperatura local, mas muitas delas podem ter efeitos perceptíveis na vida marinha.

“Embora possa haver benefícios substanciais para empresas como a Microsoft na transferência de sistemas de armazenamento de dados offshore, os efeitos de qualquer estrutura colocada no ambiente marinho, especialmente uma que gere calor substancial localmente, teriam que ser investigados”, disse Gordon Watson, ecologista marinho da Universidade de Portsmouth, ao Verdict.

Watson acrescentou que qualquer local precisaria ser avaliado quanto ao impacto ambiental e que “não é tão fácil (pelo menos em países onde há legislação de planejamento marinho avançado) só colocar uma coisa dessas no fundo do mar e tirá-la cinco anos depois.”

Também existe o problema dos rendimentos decrescentes. Colin Pattinson, da Escola de Computação, Tecnologias Criativas e Engenharia da Leeds Beckett University, disse à Wired em 2018 que, embora os datacenters subaquáticos “valham a tentativa”, os ganhos de eficiência para reduzir as necessidades de energia estão diminuindo com o tempo.

“Efetivamente, o que estamos tentando fazer agora é espremer ainda mais economia com a mesma tecnologia básica”, disse Pattinson à Wired. “Podemos reduzir a taxa de aumento, mas ainda haverá um aumento nas demandas de energia que os datacenters criam devido aos volumes de dados que estamos produzindo.”

A próxima fase do Projeto Natick demonstrará a facilidade de remoção e reciclagem.

“Estamos agora no ponto de tentar aproveitar o que fizemos, em vez de sentir a necessidade de ir e provar um pouco mais”, disse Cutler no anúncio. “Fizemos o que precisamos fazer. Natick é um alicerce fundamental para a empresa usar, se for apropriado.”

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