[Review] Galaxy Note 10+: o exagero tem seu preço, mas que smartphone, hein?

Lançado em setembro, o Galaxy Note 10+ é um dos melhores smartphones Android disponíveis no mercado e com especificações de respeito.
Galaxy Note 10+
Fotos por Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

A Samsung não brinca em serviço e trouxe o Galaxy Note 10 para o Brasil num espaço de tempo curto em relação ao seu anúncio nos Estados Unidos — algo que outra empresa cujo logotipo é uma fruta também fez. O anúncio foi em agosto e em 20 de setembro já era possível comprá-lo no varejo.

Para ver na prática qual é a do segundo smartphone topo de linha da Samsung no ano, fiquei por duas semanas com o Galaxy Note 10+ e já adianto que ele é um monstro. Sério.

“Que exagero!” foi uma das frases que mais repeti enquanto utilizava o Galaxy Note 10+ nessas últimas semanas. Não que isso seja ruim — de fato, é um dos Androids com melhores especificações do ano, além de ser bem bonito. No entanto, a questão que sempre paira é: será que eu preciso disso tudo?

Fiu fiu

Você pode falar o que quiser da Samsung, mas é inegável o fato de que a empresa sabe fazer smartphones bonitos. Eu estava especificamente com o modelo Aura Glow, portanto ele tinha aquela traseira que muda de cor conforme a incidência de luz. Vai ficar muito sujo de dedo? Sim. Eu ligava para isso? Não. Mas tem quem se importa, né?

Traseira do Galaxy Note 10+ na cor Aura Glow

Outro chamariz do aparelho é a parte frontal. É praticamente 100% tela, apenas com uma fina moldura e um furinho discreto que abriga a câmera selfie. Na traseira, nada de protuberância na câmera, como alguns outros aparelhos. O leitor biométrico também não está ali: ele fica na parte inferior da tela, como já rolava no Galaxy S10+.

O Note 10+ também estreou algo novo na Samsung: a retirada da entrada convencional de fone de ouvido — algo que a empresa já se orgulhou bastante e que já foi alvo de várias campanhas para zoar concorrentes. Só tem uma entrada USB-C. Em contrapartida, a companhia conta com um ótimo fone de ouvido AKG USB-C.

Detalhe da entrada USB-C do Galaxy Note 10+

O aparelho é grande, hein? A tela AMOLED de 6,8 polegadas é gigantesca. O smartphone em si não é escorregadio, mas como é muito grande e minhas mãos são pequenas, não rolou uma pegada boa. Por praticidade, talvez eu preferisse a versão padrão do Note 10.

Como toda a linha Note, ele tem uma canetinha esperta. A S Pen 2 continua conectada ao telefone, podendo ser carregada em um compartimento no próprio Note 10+. Pessoalmente, não sou muito de usar o acessório, mas já ouvi falar de pessoas que algum aparelho da linha Note há mais tempo que o acessório facilita para editar vídeos e fazer esboços, por exemplo. Da minha parte, o que gostei mesmo foi a facilidade de tomar notas com o celular desbloqueado. Lembro-me de ter assistido a algumas palestras e conseguir facilmente fazer anotações rápidas, sem precisar acessar muito menus ou um bloco de notas especial.

Caneta S Pen do Galaxy Note 10+

A companhia também falou sobre a função de escrever com letra de mão e um sistema converter para texto digital. Funciona até que bem na maioria da vezes, mas precisa melhorar. Em alguns momentos, tinha de reescrever o recorte da letra T para o sistema entender ou mesmo colocar o pingo no i (às vezes me esquecia de colocar, aí aparecia a letra e).

A Samsung implementou também outros comandos, como a possibilidade de controlar as câmeras usando gestos. É possível trocar entre a câmera selfie e o conjunto na traseira, ajustar o nível de zoom e disparar a câmera. Não foi muito útil para mim, mas vejo que há quem possa curtir isso.

Desempenho

Desde que a Samsung introduziu a interface One UI no fim de 2018, usar os aparelhos da marca ficou bem melhor. Se a TouchWiz era congestionada, a empresa parece ter feito a lição de casa e a tornou mais simples. Os ícones estão maiores (o que é bom para aparelhos de tela grande) e quase qualquer função no menu Configurações é facilmente encontrável com uma busca.

Interface One UI do Galaxy Note 10+Ele tem um modo de operação com uma mão para quem tem mão pequena

Por questões estéticas, prefiro ainda o Android puro, mas vale ressaltar que a One UI adicionou recursos antes do Google, como um modo escuro e coisas que o sistema não conta nativamente, como a possibilidade de marcar notificações como lidas apenas arrastando notificações para o lado.

Modo noturno do Galaxy Note 10+ com a interface One UI

Bateria

A bateria é de 4.300 mAh, e aguenta muito que bem o tranco de um dia todo e mais um pouco, mesmo com o telão do Note 10+. Ah, e ele também tem carregamento reverso, que possibilita fornecer carga para qualquer aparelho com padrão Qi, como já ocorria no Galaxy S10+.

Por volta das 9 da manhã, deixava ele 100%. Então, a caminho do trabalho, ouvia pelo menos 1 hora de  podcast ou música no Spotify pelo 4G. Depois ficava em um ambiente com Wi-Fi por um bom tempo, checando redes sociais e respondendo gente no WhatsApp (que virou o novo e-mail). Em um desses dias, tirei algumas fotos e ouvi mais um pouco de música. O nível da bateria, no fim do dia, estava ainda na casa dos 40%. No dia seguinte, quando acordei, o telefone estava com carga de uns 30%, que deu para aguentar ainda pela manhã.

Galaxy Note 10+

Importante ressaltar que a configuração da tela estava em FullHD, mas você pode ajustar para QuadHD ou mesmo HD para ter uma autonomia melhor de bateria. Para fazer isso, basta ir em Configurações > Tela > Resolução de Tela e selecionar a que você quiser. Quanto maior a resolução, mais carga será consumida.

Ah, mas e o Angry Birds? Roda liso? Sempre gosto de tirar um barato de aparelhos muito sofisticados e sobre o que é possível fazer com eles. Portanto, Angry Birds roda liso, e acrescento que quase qualquer coisa muito pesada vai rodar bem no Note 10+.

A unidade que eu testei tinha 12 GB de RAM e 256 GB para armazenamento. Então, o smartphone tinha mais memória RAM e o mesmo armazenamento do computador que usei para escrever essa análise, o que para mim é algo bizarro, mas sinal dos tempos, né? O processador é o Exynos 9825 de 2,7 GHz — diferente do que acontece nos EUA, onde a empresa apostou no Snapdragon 855.

Joguei o clássico Asphalt 8, o recém-lançado Mario Kart Tour e me arrisquei no Free Fire algumas vezes. Não houve nenhum tipo de travamento ou engasgo.

Dex

Essa questão do desempenho, aliás, me leva para um outro assunto que é o Samsung Dex. Se você não sabe, o Dex é uma interface presente em alguns Galaxy S que permite transformar o smartphone em um desktop. Antes, era necessário uma série de acessórios para que ele funcionasse, mas agora dá para fazer isso conectando o aparelho a um computador com porta USB-C.

Lógico, se quiser conectar um monitor e um mouse ao Note 10+, você precisará de um dock, mas agora é só ao conectar a porta USB-C com o programa Samsung Dex no computador e você poderá navegar em seu smartphone pelo computador.

Samsung Dex no MacOS

Na prática, isso pode ser bom para manipular arquivos — ainda que não seja tão fácil assim copiar, por exemplo, fotos do celular para o computador, coisa que não deu para fazer no macOS –, questões de privacidade ou simplesmente usar apps do computador numa tela maior, o que inclui também games móveis.

Game Launch mostra comandos do teclado para games no Samsung Dex

Logo ao conectar o smartphone ao computador, ele já abre uma interface, mostrando como navegar e, no caso de jogos, até as teclas para controle do game. No lado direito inferior, você tem acesso às notificações do telefone, podendo inclusive dispensá-las. Não usei muito, mas quem utiliza o smartphone para fins profissionais, talvez seja uma boa, pois o acesso está muito mais facilitado.

Detalhe das notificações do smartphone Galaxy Note 10+ no Samsung Dex

Câmera

O Note 10+ tem algumas semelhanças com o Galaxy S10+. O conjunto de câmeras na traseira é praticamente o mesmo, com a diferença que o Note tem um sensor Depth Vision VGA (ou time of flight) para detectar melhor a distância dos objetos presentes no ambiente.

Detalhe da câmera do Galaxy Note 10+

Ao todo, tirando o sensor Depth Vision, são três sensores:

  • um de 12 MP telefoto de abertura f/2.1;
  • um de 16 MP ultra-wide angle de 123 graus;
  • um de 12 MP grande angular de abertura dupla f/1,5 ou f/2,4 e estabilização óptica.

As fotos saem com cores destacadas e grande riqueza de detalhes. Ainda sobre as cores, há quem possa reclamar que há um pequeno exagero, porém isso não deve ser um problema para o usuário médio que talvez preze uma foto mais vistosa em vez de algo mais fiel à realidade.

O modo noturno, na maioria das vezes, registra fotos boas, mas se o local é escuro e há pontos de luzes (como faróis de carro ou lâmpadas de iluminação pública), existe uma tendência de eles estourarem e de a imagem ficar granulada.

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Algo que parece um pouco bobo, mas que é relevante: os modos de câmera têm ajustes muito parecidos no Note 10+. Digo isso pois alguns telefones têm um ajuste de nível de cor na ultra-grande angular e outro completamente diferente na grande angular ou na lente telefoto.

Se você gosta de gravar vídeos, o aparelho ajusta bastante com estabilização tanto óptica quanto de software. Então, se você precisar gravar um vídeo enquanto anda, por exemplo, ele faz um bom papel — lógico, inferior a um aparelho ligado à um gimbal, mas com um resultado bem competente. O recurso Live Focus ajuda no ajuste de foco durante a gravação ou mesmo usar o modo bokeh em uma gravação, o que pode ser interessante na filmagem de uma pessoa falando, por exemplo.

Conclusão

Como foi lançado recentemente, o preço dele continua o mesmo da estreia na maioria dos varejistas, partindo de R$ 5.999. Então, se você quer um, meu conselho é esperar um pouco, pois deve cair em breve o preço dele, da mesma forma que já ocorreu com o Galaxy S10.

O Galaxy Note 10+ é lindo e chama bastante atenção — se quiser uma versão mais discreta, não considere a Aura Glow. Não porque ela é feia, longe disso, mas é bem chamativa.

O aparelho é lindo e potente. De cara, penso que o foco dele são consumidores profissionais — tem muita memória e armazenamento, além do Dex, que pode ajudar bem quem roda sistemas do trabalho e precisa acessar este tipo de informação a todo tempo e sem demoras. Por outro lado, penso também que este seria um bom device para gamers, ainda que ele não tenha as conveniências do recém-lançado ROG Phone II, da Asus.

De qualquer jeito, eu diria que ele é um smartphone para todo mundo, só que não é um aparelho para o bolso de todos.

Especificações do Galaxy Note 10+

  • Tela: 6,8 polegadas Quad HD+
  • Câmeras traseiras: ultra-wide 16 MP f/2.2, wide-angle 12 MP, telefoto 12 MP e câmera DepthVision VGA
  • Câmera frontal: 10 MP f/2.2 (80 graus)
  • Dimensões e peso: 71.8 x 151.0 x 7.9mm, 168g (Note 10) e 77.2 x 162.3 x 7.9mm, 196g (Note 10+)
  • Processador: Exynos 7nm 64 bit Octa-Core (Max. 2.7 GHz + 2.4 GHz + 1.9 GHz)
  • Memórias: 12 GB de RAM com opções de 256 GB ou 512 GB de armazenamento
  • Chip: Dual SIM híbrido, pode ser dois Nano Sim ou um slot microSD
  • Bateria: 4.300 mAh
  • Sistema: Android 9 Pie com One UI
  • Conexões: Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac/ax (2.4/5GHz), Bluetooth 5.0, NFC, GPS, USB tipo C
  • Pagamento: NFC e MST
  • Sensores: Acelerômetro, barômetro, sensor sob a tela ultrassônico, sensor geomagnético e sensor giroscópico
  • Autenticação: PIN, password, sensor de digital sob a tela e reconhecimento facial
  • Preço: R$ 5.999
  • Cores: Branco, preto e Aura Glow

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