[Review] Moto G7: um smartphone para você considerar antes da sua próxima compra
A Motorola neste ano antecipou o lançamento da linha Moto G. No ano passado, o Moto G6 foi apresentado em abril, enquanto o G7 chegou ao mercado brasileiro em fevereiro. A antecipação, ao meu ver, tem relação com posicionamento de mercado. Neste período do ano, a líder no Brasil, a Samsung, costuma dar atenção para seu top de linha, o Galaxy S10 e alguns aparelhos da linha A. Então, a gama intermediária da Motorola teve uma avenida inteira para desfilar sozinha e ganhar um moral com o consumidor.
Passei um bom tempo com o smartphone da Motorola e, de cara, digo que você deveria considerá-lo se quiser pagar algo em torno de R$ 1.500. Os destaques ficam pelo seu visual sóbrio (o notch de gota é uma solução discreta e interessante), o Android 9 Pie puro e um bom desempenho de hardware e câmera.
Usando
A tela é grande, viu? O display de 6,24 polegadas Full HD chama bastante a atenção, e sua lateral coberta de metal ajuda a dar um grau no visual do Moto G7. O notch é formato de gota apenas para abrigar a câmera frontal, diferente de alguns aparelhos, como os novos iPhones, em que há um alto-falante junto com o sensor para selfie. No G7, o alto-falante fica em baixo, ao lado da porta USB-C e a entrada P2 de fone de ouvido.
Na traseira, fica a câmera dupla que conta com uma leve protuberância e o sensor de digital no logo da Motorola. A saliência da câmera tem seus críticos, mas, neste caso, devo admitir que ela é importante, pois auxilia no processo de encaixar o dedo no sensor de digital, tornando mais difícil sujar a lente com suas impressões digitais.
Aliás, o Moto G7 tem desbloqueio facial, mas não se empolgue muito. Ele funciona só em ambientes claros e pode ser burlado com uma foto. Lógico, não é todo mundo por aí que tem uma foto sua, mas é importante você saber que não está 100% seguro.
Confesso que utilizar o Moto G7 não foi lá muito diferente do meu Pixel 3 XL. O Android 9 Pie puro ajudou bem na ambientação, então consegui facilmente silenciar notificações, achar os apps que eu queria baseado no uso e otimizar o uso da bateria nas ocasiões em que sabia que ia ficar longe de uma tomada.
Agora, o que foi legal durante o teste é que a Motorola soltou uma atualização do Android 9 Pie que liberou o recurso de Bem Estar Digital. Caso você não conheça, é uma funcionalidade da plataforma do Google que mostra o quanto você usa determinados apps e a configurar modos para tentar reduzir o uso do telefone. Pessoalmente, gosto do modo Relaxar. Ele possibilita bloquear tudo quanto é tipo de notificação durante um intervalo de tempo (digamos, das 23h às 7h, por exemplo). Além disso, ele possibilita configurar interrupções de app (exemplo: permitir usar o Instagram 30 minutos por dia) ou mesmo ativar a escala de cinza.
Este último recurso não é necessariamente novo, pois era possível deixar a tela toda cinza com outros apps. No entanto, automatizado, como rola no Android 9 Pie, facilita bastante. É impressionante como ver o display do telefone sem cores tira o incentivo de usá-lo. (Se você perde o sono porque fica moscando à noite vendo redes sociais, tente deixar na escala de cinza).
Desempenho
Temos aqui o SoC (System on a Chip) Snapdragon 632, da Qualcomm, e ele não negou fogo em nenhuma das tarefas rotineiras, como alternar entre apps ou rolar pela timeline do Twitter ou do Facebook.
(Para ser justo, ele é um pouco mais lento em algumas tarefas que o Pixel 3 XL. Digo isso pois o jornalista/blogueiro de tecnologia, na maioria das vezes, acaba sendo privilegiado ao ter acesso a muitos aparelhos topo de linha e acaba desbancando outros dispositivos de gama menor. Óbvio que comparando o G7 com um topo de linha, ele perde na rapidez de funções do dia a dia, mas para quem não tem esse tipo de contraste, não deve notar grandes engasgos.)
Se você curte joguinhos no smartphone, o Moto G7 também não deve te deixar na mão, pelo menos em jogos casuais, como Supercat 2 e Guns of Boom, rodaram liso.
Para não usar o Asphalt (que inclusive roda tranquilo no G7) como parâmetro, que é um dos jogos mais batidos, instalei o Garena Free Fire, um game no estilo Battle Royale que tem feito algum sucesso no mundo Android. Estamos falando aqui de um game de quase 500 MB e com muita trocação de tiro.
A inicialização deu umas travadas de leve, mas abriu normalmente. O game rodou bem e o único problema é que a renderização dos itens, como as cabanas do jogo, que ficavam um pouco esquisitas enquanto o personagem corria. Porém, isso não impediu que eu conseguisse jogar o shooter de boas.
A única questão é que o alto-falante fica na parte de baixo do telefone. Então, enquanto jogava, ocasionalmente eu tampava a saída de som e não ouvia direito os sons das passadas dos adversários. No entanto, é só plugar o fone de ouvido ou usar um fone Bluetooth que resolve.
Ver vídeos nele também é de boas, mas o som do alto-falante não é estéreo. Então, se você gosta de ouvir sem fone, talvez o áudio não seja dos melhores. Mas, de novo, é só colocar um fone no aparelho que resolve tudo.
Compre:
Em uso contínuo, o Moto G7 com seus 3.000 mAh aguentou dez horas. Para mim, foi o suficiente para ter um dia de uso — na maioria das vezes, fico em áreas com conexão Wi-Fi e uso conexão móvel 4G para ouvir músicas no Spotify por pelo menos três horas (tempo de trajeto no transporte público de ida e volta) e checar redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). Então, saia de casa às 10h e voltava por volta das 21h já no finzinho e no modo economia de bateria.
É um desempenho razoável, de modo geral, mas um pouco decepcionante, pois a capacidade de bateria é a mesma do Moto G6 (3.000 mAh). A Motorola poderia ter sido um pouco mais generosa e ter colocado um pouco mais de capacidade.
Câmera
Como é tradição na linha Moto G, todos os gestos de sempre estão presentes no G7. Então, uma chacoalhada lateral abre a câmera, uma outra chacoalhada muda para a câmera selfie. Já o chacoalhão na vertical aciona a lanterna. Até aí, nenhum segredo para quem já teve ou manuseou algum Motorola na vida.
Por ter recursos de inteligência artificial, uma das adições no G7 é a compatibilidade com o Google Lens. Então, você consegue apontar a câmera para determinados objetos e fazer uma pesquisa sobre eles ou mesmo apontar para um menu em língua estrangeira que ele traduz na hora. Ele também oferece suporte à realidade aumentada — na opção de câmera Adesivos R.A., é possível fazer com que os itens nativos sejam inseridos numa cena.
Na traseira, há uma câmera dupla, sendo um sensor de 12 megapixels f/1.8 e outro de 5 megapixels com abertura f/2.2. Como de praxe em aparelhos da linha Moto G, a câmera manda muito que bem em cenas bem iluminadas, com bastante detalhamento no primeiro plano e cores vívidas, sobretudo em paisagens e com o modo HDR ligado. Se você quiser checar detalhes numa imagem, sobretudo em itens do segundo plano (como árvores), notará que elas estarão com definição baixa.
As limitações dos sensores começam a aparecer em fotos com pouca iluminação. Aí sobram itens granulados, ruídos na imagem e luzes estouradas.
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(Aí vai outra retratação do jornalismo de tecnologia: apenas aparelhos topo de linha conseguem tirar fotos boas à noite sem uso de flash, graças à inteligência artificial e sensores mais sofisticados; então, fotos fidedignas noturnas só vão ser captadas com um Galaxy S10 da vida e concorrentes.)
Você ainda pode usar alguns modos de fotografia, como cor em destaque (você escolhe uma cor da cena, e o app de câmera torna o restante preto e branco) e filtro interativo (é possível ver ao vivo como vai ficar determinada cena com os filtros do app da câmera).
Aqui, vale ressaltar que as fotos em HDR costumam ocupar bastante espaço (algumas imagens de paisagem ficam facilmente com uns 5 MB). Então, apesar dos 64 GB de armazenamento disponível, é melhor ficar esperto com o armazenamento — ou mesmo configurar algum serviço para backup de imagens. Portanto, use o HDR com moderação, se espaço de armazenamento é uma preocupação.
A câmera selfie de 8 megapixels (abertura f/2.2), por não ter um sensor de profundidade, permite tirar fotos no modo retrato, mas usando inteligência artificial para desfocar o fundo. O legal é que você consegue configurar ao vivo o nível de desfoque. De modo geral, as fotos saem bem boas, sobretudo com boas condições de luz.
Outra opção legal para quem curte selfies é o modo selfie em grupo. Ao selecioná-lo, o app de câmera exibe um pequeno retângulo na tela mostrando o enquadramento da cena. Assim, é possível ter mais controle do que está sendo captado.
Conclusão
Desnecessário dizer que estamos numa época em que o smartphone está meio que commoditizado. A maioria dos modelos realiza as principais tarefas do usuário médio — permitem acessar redes sociais com rapidez, tem um bom armazenamento e tiram fotos satisfatórias.
O Moto G7 é uma das melhores opções de custo benefício para o mercado brasileiro. No entanto, ele tem problemas: uma bateria com a mesma capacidade do ano passado e o processador igual ao do Moto G6 Plus, lançado em 2018.
Se você quiser algo parecido e na mesma faixa de preço, uma possibilidade é dar uma olhada no Asus Zenfone 5, que tem mais bateria (3.300 mAh) e o processador Snapdragon 636, presente no G7 Plus.
De resto, o Moto G7 é um ótimo aparelho para quem quer navegar nas redes sociais sem precisar se preocupar em apagar arquivos enviados pelo WhatsApp, jogar alguns games móveis e tirar uma onda com umas fotos de boa qualidade em ambientes bem iluminados.
Especificações do Moto G7
- Tela: 6,24 polegadas
- Resolução de 2.270 x 1.080 pixels (densidade de 403 ppi)
- Sistema operacional: Android Pie
- Processador: Snapdragon 632 (1,8 GHz)
- Armazenamento: 64 GB, expansível
- RAM: 4 GB
- Câmera traseira: 12 megapixels, abertura f/1.8 + 5 megapixels, abertura f/2.2
- Câmera frontal: 8 megapixels, abertura f/2.2
- Reconhecimento facial
- Bateria: 3.000 mAh
- Conectividade: 4G LTE, Bluetooth 5, Wi-Fi 802.11ac
- NFC: varia de acordo com o mercado
- Tamanho: 157 x 75,3 x 7,92 mm
- Peso: 174 g
- Cores: ônix e polar
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