[Review] PocketBook Color e Hisense A5C: como são os primeiros aparelhos com tela e-ink colorida

Se fala há muito tempo sobre telas e-ink coloridas e como elas podem ser legais para ler revistas ou quadrinhos. Estes dois gadgets auxiliam na tarefa.
PocketBook Color e Hisense A5C. Crédito: Andrew Liszewski/Gizmodo
PocketBook Color e Hisense A5C. Crédito: Andrew Liszewski/Gizmodo

Os e-readers sobreviveram à chegada do iPad e de outros tablets. E não foi só isso: eles seguem inovando. O ano de 2020 marca a chegada das primeiras telas coloridas da E Ink. Elas estão presentes em produtos como o PocketBook Color e Hisense A5C. Como a maioria dos produtos de primeira geração, eles estão longe de serem perfeitos, mas prometem tornar os leitores eletrônicos uma alternativa mais atraente aos tablets LCD.

A tecnologia da E Ink é fundamentalmente diferente de como as telas LCD e OLED funcionam. Ela oferece algumas vantagens exclusivas que permitiram que dispositivos como o Amazon Kindle e o Rakuten Kobo mantivessem sua popularidade, como baterias de duração incrível e visibilidade total sob a luz solar direta, que tornam o Kindle mais interessante do que o seu iPad para levar para a praia.

Mas a E Ink também tem suas desvantagens — a mais óbvia delas é a limitação a apenas preto e branco. As empresas têm trabalhado no desenvolvimento de telas e-ink coloridas há anos. Uma dessas tentativas foi da Qualcomm, cujos visores Mirasol inspirados em asas de borboleta tiveram um lançamento muito limitado em 2012 e desapareceram rapidamente.

Hoje, a maior fabricante de telas de papel eletrônico é a E Ink, cuja tecnologia de tela de baixo consumo é encontrada na grande maioria dos e-readers e e-notes disponíveis no mercado. Nos últimos dois anos, a empresa tem mostrado um pouco das versões coloridas de suas telas de papel eletrônico. No início deste ano, na CES 2020, a E Ink revelou que sua tecnologia de cores finalmente estaria disponível para os consumidores este ano.

Hisense A5C

Podemos dizer que o primeiro dispositivo colorido da E Ink disponível para as massas foi o smartphone Hisense A5C.

Apresentando uma versão de 5,84 polegadas da nova tela colorida Kaleido da E Ink, no papel o Hisense A5C parecia uma alternativa promissora aos smartphones da Samsung e da Apple que lutam para passar um dia com uma única carga.

O uso de uma tela E Ink ajuda a bateria de 4.000 mAh do Hisense A5C a manter o telefone funcionando por até duas semanas, o que é impressionante, mas as limitações da tela acabam relegando tornando o aparelho mais uma curiosidade do que algo que você quer realmente usar.

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Alimentado por um processador Snapdragon 439 com 4 GB de RAM e rodando o Android 9, o A5C é bem fraquinho. A tela da E Ink, embora ofereça grande legibilidade à luz do sol, tem uma taxa de atualização proibitivamente lenta: uma desvantagem comum e conhecida das telas e-ink.

Você pode alternar entre o modo Clear e o modo Smooth, que prioriza a velocidade em que a tela é atualizada em relação à qualidade do que é exibida (minimizando os artefatos visuais geralmente deixados para trás quando a imagem muda), mas nenhuma das opções é ideal.

O que atrapalha ainda mais a usabilidade do A5C é sua tela, que acaba ofuscada pelo brilho e com cores desbotadas.

Por menos de US$ 300, o A5C não é terrivelmente caro, mas como a Hisense está sediada na China, isso significa que o smartphone Android chega sem acesso à Google Play Store e aplicativos do Google como o Chrome ou Maps.

Encontrar aplicativos que não sejam as opções incluídas (que geralmente apresentam suas interfaces em chinês) requer que você passe por muitos obstáculos e instale lojas de aplicativos de terceiros. Já existem smartphones de e-paper melhores, incluindo o próprio A5 PRO CC da Hisense.

Pocketbook Color

Por enquanto, se você quiser a melhor experiência em telas coloridas e-ink, é melhor você ficar com um e-reader: o PocketBook Color, verdadeiro foco deste teste.

Por mais que o Hisense A5C tenha me deixado desapontado com a nova tecnologia de tela colorida da E Ink, o PocketBook Color de US$ 230 me deixou animado com isso novamente. Os e-readers da PocketBook não são tão conhecidos nos Estados Unidos, onde dispositivos como o Amazon Kindle detêm a maior parte do mercado, mas em outros lugares do mundo seus dispositivos são populares por serem acessíveis, repletos de recursos e compatíveis com quase qualquer tipo de arquivo de e-book que você jogar neles.

Pocketbook ColorA tela E Ink Kaleido do PocketBook tem melhor aparência sob iluminação forte, com cores particularmente marcantes e saturadas sob luz solar intensa. Foto: Andrew Liszewski/Gizmodo

O PocketBook Color apresenta uma versão de seis polegadas da nova tela colorida Kaleido da E Ink e, como não está escondido atrás de um painel brilhante reflexivo, as cores parecem brilhantes, saturadas e são uma experiência completamente diferente do Hisense A5C. Ver as cores pela primeira vez em um e-reader que foi limitado apenas a preto e branco por mais de 15 anos é uma experiência nova.

No entanto, em sua forma atual, a tecnologia colorida E Ink ainda não consegue competir com a fidelidade de cores de LCDs ou OLEDs. Mesmo um tablet barato tem uma tela que pode reproduzir mais de 16 milhões de cores. A Kaleido da E Ink é limitada a apenas 4.096 — ou cerca de 0,02% das cores de uma imagem colorida de 8 bits.

Pocketbook Color. Crédito: Andrew Liszewski/GizmodoA resolução das imagens coloridas e do texto é limitada a 100 PPI. Portanto, ao tentar ler histórias em quadrinhos, você precisará ampliar e girar bastante as imagens na tela de seis polegadas. Foto: Andrew Liszewski/Gizmodo

Mas a falta de fidelidade de cores não é o maior problema com as primeiras telas coloridas da E Ink. A tela de seis polegadas resolução de 1.072 x 1.448 pixels, ou 300 PPI, a mesma da tela do Kindle Oasis. Só que isso só vale ao visualizar texto ou imagens em preto e branco. Ao visualizar imagens coloridas ou texto colorido, a resolução cai para apenas 100 PPI, o que é muito menos do que até mesmo o Kindle básico, que tem uma tela de 167 PPI.

Isso não é um problema ao ler livros com imagens ou ilustrações: o texto será exibido em 300 PPI enquanto apenas a resolução das partes coloridas será reduzida. Isso se torna um problema ao visualizar arquivos PDF que incluem texto não editável armazenado como imagens, bem como quadrinhos.

Se você já sofreu ao ler uma história em quadrinhos em um e-reader com tela em preto e branco, o PocketBook Color é uma experiência completamente diferente e muito superior. Até mesmo os quadrinhos de paleta de cores reduzida parecem ótimos, mas você vai ter que ficar dando zoom até deixar o texto grande o suficiente para ler, o que não é a experiência mais rápida ou suave, já que o PocketBook Color vem com processador dual-core de 1 GHz e apenas um 1 GB de RAM.

Kobo ao lado de Pocketbook Color
O PocketBook Color inclui uma luz frontal de LED, mas ao contrário de outros e-readers, não pode ser ajustado para uma cor mais quente para uma leitura confortável à noite. Ela permanece com uma tonalidade fria para ajudar a reprodução de cores da tela da E Ink a permanecer o mais precisa possível. Crédito: Andrew Liszewski/Gizmodo

Pocketbook ColorA luz frontal do PocketBook Color tende a desbotar as cores na tela E Ink. A melhor experiência de visualização vem com uma sobrecarga de luz brilhante, como ao ar livre em um dia ensolarado. Crédito: Andrew Liszewski/Gizmodo

O PocketBook Color inclui uma luz frontal ajustável, mas ao contrário de e-readers como o Kobo Clara HD, a temperatura dela não pode ser ajustada para uma configuração mais quente para leitura à noite. Ele permanece em um branco frio (com um tom ligeiramente azulado) em todos os momentos para garantir a precisão das cores, mas a luz frontal tende a desbotar a tela E Ink Kaleido.

Eu descobri que a experiência de visualização ideal para o E Ink colorido é sob iluminação forte com luz própria do aparelho desligada, especialmente ao ar livre em um dia ensolarado. Mesmo em uma sala bem iluminada, as cores não se destacam ou não parecem tão saturadas como quando uma fonte de luz brilha diretamente na tela.

Revista no Pocketbook ColorRevistas ficam ótimas no PocketBook Color, apesar de sua fidelidade de cores limitada, mas a tela pequena do dispositivo e a resolução reduzida ao visualizar imagens coloridas também dificultam na hora de navegar e ler.Crédito: Andrew Liszewski/Gizmodo

Ainda acho que as telas coloridas da E Ink serão ótimas para ler conteúdo como revistas e gibis, mas não em um dispositivo como este com uma tela de seis polegadas relativamente pequena. Um e-reader colorido do tamanho de um tablet ficaria muito melhor.

Então, para quem é o PocketBook Color? Se você ainda não investiu muito dinheiro em uma livraria online como a Amazon ou a Rakuten e prefere adquirir seus materiais de leitura em outros lugares, é definitivamente um leitor eletrônico que vale a pena considerar.

Ele suporta 21 formatos de e-book, documentos e imagens, bem como arquivos de áudio e MP3 se você preferir ouvir podcasts ou audiolivros por meio de fones de ouvido com fio usando um adaptador microUSB ou sem fio via Bluetooth.

Ele tem um pouco de dificuldade com PDFs e arquivos de quadrinhos maiores, mas por outro lado, sua interface é ágil, e é bem rápido de navegar por e-books usando gestos de deslizar ou os botões. Ele ainda vem com um punhado de aplicativos, incluindo um navegador básico da web, uma calculadora, um leitor de notícias RSS, notas, desenhos básicos e até mesmo uma pequena variedade de jogos como xadrez e paciência.

Se você não o estiver usando para ler revistas ou quadrinhos, a tela colorida pode parecer inútil, mas ver as miniaturas de capas de todos os livros que carregou em cores é muito mais esteticamente agradável do que as versões em preto e branco. Os livros infantis cheios de ilustrações também são mais envolventes no PocketBook Color e tendem a ser alguns dos conteúdos mais bonitos do dispositivo, graças ao uso de cores fortes e desenhos mais simples.

Ainda falta muita inovação para que as telas coloridas da E Ink sejam de fato concorrentes dos tablets. Telas maiores, um aumento na resolução, mais fidelidade de cores e uma maneira de aumentar as taxas de atualização serão necessários antes que empresas como a Apple comecem a se preocupar com esse tipo de produto. Mas mesmo que a tecnologia permaneça relegada a dispositivos projetados apenas para leitura, ainda é um upgrade tão bem-vindo quanto as primeiras TVs em cores.

Leia-me

  • O papel eletrônico finalmente está disponível em cores, eba!
  • Oferece os mesmos benefícios dos visores de papel eletrônico em preto e branco, incluindo baixo consumo de energia e excelente visibilidade sob luz forte.
  • A fidelidade de cores é limitada a apenas 4.096 cores, enquanto uma imagem padrão de 8 bits pode ser composta por mais de 16 milhões de cores diferentes.
  • A resolução de texto e imagens coloridas também é limitada a apenas 100 PPI, enquanto o PocketBook Color pode exibir texto e imagens em preto e branco a 300 PPI
  • As cores tendem a perder a saturação quando iluminadas com luzes frontais de LED ou quando a tela colorida E Ink é coberta com uma camada superior brilhante. A experiência de visualização ideal envolve uma sobrecarga de luz brilhante, de preferência o sol.
  • Quadrinhos e revistas ficam ótimos em uma tela colorida do E Ink, mas lê-los é um desafio em um e-reader como o PocketBook Color com uma tela de seis polegadas. As telas coloridas E Ink são mais adequadas para dispositivos maiores, do tamanho de tablets.

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