[Review] Realme 8 Pro: câmera de 108 MP é o único diferencial no smartphone da Realme
Em pouco mais de seis meses de operação no Brasil, a chinesa Realme já lançou mais de meia dúzia de produtos — entre smartphones e dispositivos complementares, como relógio e fones de ouvido. Agora, a companhia traz ao País mais um lançamento recente: o Realme 8 Pro. Com um upgrade tímido no hardware, o foco deste intermediário está na câmera principal traseira, que tem 108 MP e a promessa de registrar fotos com alta definição, sem perda de detalhes. É um dos poucos aparelhos com essa especificação. Mas será que isso é suficiente?
Eu testei o Realme 8 Pro nas últimas semanas. E neste review conto o que eu gostei e o que não achei tão legal no celular.
Realme 8 Pro
O que é
O sucessor do quase recém-lançado Realme 7 Pro, agora com câmera principal de 108 MPPreço
Sugerido: R$2.599. No varejo: R$ 1.800Gostei
Câmera de 108 MP arrasa nas fotos; design ultra-fino e leve, mesmo para um aparelho com tela de 6,4 polegadas; traseira à prova de marcas de dedo; Snapdragon 720G ainda dá conta do recadoNão gostei
Tirando a câmera principal de 108 MP, não traz nenhuma melhoria em comparação ao Realme 7 Pro. Pior: remove algumas especificações
Design e conexões
O Realme 8 Pro não é um aparelho pequeno, mas ainda assim a marca conseguiu deixá-lo compacto o suficiente para tornar o uso mais confortável. Ele não é tão pesado (176 gramas), tem os cantos levemente arredondados e mede apenas 8,1 mm de espessura. A companhia chama o design de “Infinity Bold”, sendo que a traseira conta com um material texturizado que felizmente não guarda marcas de dedos e garante mais firmeza na pegada com as mãos.
Durante a coletiva de anúncio do produto, a Realme conta que se inspirou em um céu estrelado na escolha desse efeito, o que particularmente me agrada bastante. O que é impossível de evitar olhar é o enorme “Dare to Leap”, slogan da Realme, em letras garrafais de ponta a ponta na traseira. Acredito que a maioria das pessoas talvez nem se importe com esse detalhe, até porque usamos os smartphones com a tela virada para a gente na maior parte do tempo. Mas com certeza é um detalhe nada discreto caso precise atender o celular em público.
Completam o design uma porta USB-C para recarga, entrada de 3.5 mm para fone de ouvido, botões de liga/desliga e volume nas laterais, e o módulo das câmeras traseiras, que, diga-se de passagem, é bastante saltado. Inclusive, eu recomendo o uso da capinha protetora que vem na caixa do produto, mas se possível, tentar encontrar uma case mais resistente, já que todo o corpo do Realme 8 Pro é de plástico e passa uma sensação de fragilidade.
Tela e som
Eu percebo que a Realme não tem grandes ambições quanto ao display dos celulares que a marca já lançou aqui no Brasil. Com o Realme 8 Pro, tudo segue nos mesmos conformes: é o mesmo painel Super AMOLED de 6,4 polegadas do Realme 7 Pro, com 1.080 x 2.400 pixels de resolução (Full HD+) e taxa de atualização de apenas 60 Hz. Eu digo “apenas” porque, com um display desse tamanho, o mínimo esperado era 90 Hz. Não que a taxa menor deixe a desejar: é possível assistir a conteúdos e navegar com fluidez pelas janelas do sistema. Contudo, jogos ficariam melhores se a taxa de atualização fosse maior.
A tela tem bom equilíbrio de brilho e contraste, que é exatamente o que eu já imaginava que o 8 Pro fosse alcançar graças à tecnologia AMOLED. Em vídeos, as cores saem vivas, com destaque para o preto, que não ficou acinzentado ou com aquele efeito de lavado que a tela de alguns smartphones asiáticos tende a exibir. Eu só gostaria que o ajuste automático de brilho fosse melhor, pois usando o aparelho debaixo do sol eu sempre tive que alterar a intensidade manualmente. A câmera frontal fica alocada em um pequeno buraco no canto superior, as bordas não são tão finas e há o “queixo” na parte inferior, que também poderia ser menor. Tem ainda um leitor de impressores digitais embutido sob o painel que se mostrou bem rápido nos meus testes, embora eu preferisse o leitor biométrico no botão de liga/desliga do Realme 7.
Curiosamente, a Realme descartou o som estéreo do 7 Pro e adotou uma única saída de alto-falante no 8 Pro. A diferença entre o modelo atual e o antigo é perceptível, embora eu não tenha o costume de usar o smartphone sem fones de ouvido. Os sons não saem com tanta potência comparado som estéreo do 7 Pro, que, por sinal, ainda tinha suporte para Dolby Atmos.
Software
O Realme 8 vem de fábrica com o Android 11 adaptado à interface proprietária da marca, a Realme UI 2.0. O visual segue o padrão dos outros smartphones da companhia lançados no Brasil, com ícones customizados, mas não a ponto de modificar o layout dos programas, nem prejudicar a experiência. Arrisco dizer que a interface compete ali no páreo com o sistema nos aparelhos da Motorola, mais limpo e sem tantas modificações. É verdade que existem alguns apps pré-instalados, mas você pode remover os que não quiser manter. E de novo eu destaco um recurso muito legal que duplica apps, o que permite, por exemplo, que você use duas contas em um mesmo serviço, como WhatsApp, Facebook, entre outros.
O que permanece um mistério é o ciclo de atualizações prometido pela Realme. Não somente para o 8 Pro, mas para os aparelhos que já estão no mercado brasileiro desde o início do ano. Em janeiro, a Realme prometeu atualizar o 7 e o 7 Pro para o Android 11, o que até agora não aconteceu. Para o 8 Pro, essa resposta foi ainda mais vaga, dizendo apenas que “a marca vai manter seu compromisso de updates nos dispositivos lançados no Brasil”. O Android já é um sistema muito fragmentado, e de uns tempos para cá são pouquíssimas fabricantes que revelam planos mais concretos de como seus aparelhos serão atualizados. A Realme parece não querer entrar nessa lista, pois falta mais transparência.
Hardware, desempenho e bateria
Sem muitas surpresas, o hardware do Realme 8 Pro permanece intocável, já que é o mesmo do 7 Pro. Ou seja, temos um Snapdragon 720G octa-core, 8 GB de memória RAM e 128 GB de armazenamento interno, podendo expandir essa capacidade para até 256 GB via cartão microSD. É uma configuração intermediária que certamente não me deixou na mão e deve atender a maioria dos consumidores, mas pode desagradar quem procura por um pouco mais de potência nos testes do dia a dia. Poderia ter sido um Snapdragon 732G? Sem dúvida. No entanto, o 720G ainda é um ótimo chipset.
Seja jogando Aslphat 9 e Free Fire ou respondendo e-mails e usando minhas redes sociais, não notei nenhum travamento ou lentidão. A transição de janelas na Realme UI 2.0 também é rápida e fluida, mesmo alternando vários apps no multitarefa. A única diferença aparente é que ele esquenta com um pouco mais de facilidade do que o 7 Pro, mas nada que deixe suas mãos suando ou algo do tipo.
A bateria, que no Realme 7 Pro era de 5.000 mAh, caiu para 4.500 mAh no 8 Pro. Na prática, não significa muita mudança, já que o dispositivo ainda dura um dia inteiro tranquilamente longe da tomada. Depois de assistir três horas de séries na Netflix, jogar meia hora de Fortnite, ouvir duas horas de música e usar meus apps favoritos de rede social (Twitter, Instagram, Twitch), a bateria foi de 100% para 41%. É uma autonomia excelente para um aparelho intermediário, mesmo que você precise deixá-lo carregando a cada um dia e meio ou dois.
Por falar em recarga, outra baixa: o Realme 8 Pro agora vem com um carregador Dart Charge de 50 Watts, contra 65 W do 7 Pro. Tecnicamente, isso também não muda muita coisa, uma vez que a recarga continua rápida — do zero para os 100%, eu precisei de exatos 46 minutos. Nesse quesito, a Realme segue campeã. Eu só não recomendo deixar o aparelho ligado no carregador mais tempo do que ele precisa, pois isso tende a viciar a bateria mais rapidamente.
Câmeras
Se por um lado o Realme 8 Pro perdeu em algumas especificações quando comparado à geração anterior, por outro isso tem uma explicação: o foco deste aparelho é em sua câmera principal, que agora inclui o sensor ISOCELL HM2 de 108 MP, fabricado pela Samsung. Aliás, é o mesmo sensor usado pela Xiaomi no Redmi Note 10 Pro, um dos poucos essa função. De acordo com a Realme, o componente combina nove pixels em um para no final entregar uma foto de 12 MP com muito mais qualidade e nível de detalhes.
Nem sempre, mais resolução é sinônimo de qualidade. Mas esse não é o caso do Realme 8 Pro. No geral, o resultado é bem parecido com as fotos que eu tirei com o 7 Pro, com o adicional de que objetos bem ao fundo da fotografia são capturados com mais nitidez e correm menos risco de apresentarem ruído. Locais bem iluminados pela luz solar dificilmente sairão ruins, e achei que as fotos tiveram bastante volume de cor e contraste. Além disso, é possível aproximar até 20 vezes usando o zoom digital, porém eu só obtive bons resultados com no máximo 4 ou 5x.
Talvez, nem todo mundo se importe com tantos megapixels ou queira usar tudo isso, já que fotos nessa resolução ocupam um espaço consideravelmente maior na memória do dispositivo. Se preferir, tem como usar uma qualidade menor. Em todo o caso, os 108 MP podem ser úteis caso você queira cortar a imagem sem perder qualidade nesse processo.
Além do sensor principal, o Realme 8 Pro conta com uma lente ultra-grande-angular de 8 MP, uma câmera macro de 2 MP e um sensor de profundidade, também de 2 MP. A macro… Bom, é daquele jeito volátil de sempre, como em todos os smartphones: pode ser que ela produza boas fotos, pode ser que a captura final não seja das melhores — e isso mesmo em ambientes com condições favoráveis de luz. A ultra-grande-angular, por sua vez, ficou dentro do esperado e não apresentou cantos distorcidos, como acontece nos outros smartphones que a Realme trouxe ao Brasil. Já o sensor de profundidade conseguiu contornar os objetos sem parecer que o recorte ficasse muito artificial.
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O Realme 8 Pro também inclui um modo noturno com resultados bem legais. A opção consegue equilibrar o contraste e segurar os ruídos que podem comprometer a qualidade final da fotografia. A marca diz que, em vez de usar um modo de longa exposição, o recurso captura múltiplas imagens em diferentes níveis de ISO. Depois, combina todas as capturas em uma para gerar foto em alta definição com a saturação controlada.
Para selfies, o Realme 8 Pro possui um sensor de 16 MP. E aqui eu encontrei o mesmo problema do Realme 7 5G: por mais que eu alterasse algumas configurações manualmente, as fotos ainda saíram com um efeito lavado. O modo de embelezamento também se faz presente mesmo ao desligá-lo, dificultando um resultado mais natural e próximo da realidade.
Vale a pena?
A impressão que eu tive é que o Realme 8 Pro é uma continuação inacabada do Realme 7 Pro. O celular manteve algumas das principais características do modelo anterior, como o ótimo display Super AMOLED e a recarga ultrarrápida de bateria, apesar do painel ainda ser 60 Hz e a capacidade do carregador ter diminuído. A câmera de 108 MP sem dúvida é um diferencial para quem deseja extrair uma qualidade ligeiramente superior em um smartphone intermediário. E o design, tirando aquele “Dare to Leap” gigante na traseira, é um dos pontos fortes do produto.
Contudo, chama atenção que o número de remoções de um aparelho para o outro é maior do que a de novidades. Para mim, o 7 Pro acaba sendo uma opção mais vantajosa para quem não dá tanta importância para câmeras, que já eram boas na geração passada, e você ainda leva os alto-falantes com som estéreo e a recarga de 65 W. Sem contar no preço: o Realme 8 Pro custa oficialmente R$ 2.599, que é cerca de R$ 400 mais caro que a geração passada. Outras sugestões no mesmo nível de configuração são o Moto G9 Plus e o Galaxy A52, que saem ainda mais baratos.