[Review] TV 4K Samsung Neo QLED QN90A: mais brilho e contraste graças ao Mini LED

Nova versão do QLED chega ao Brasil com mais controle de brilho e contraste graças ao Mini LED. Leia nossa análise do modelo de 55 polegadas.
Imagens: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

A Samsung acaba de lançar a primeira leva de novas TVs para 2021 no Brasil. Um dos modelos inclusos no line-up é a Samsung QN90A, que marca a estreia da tecnologia Mini LED nos televisores 4K da marca. É também uma atualização ao já conhecido QLED da companhia, que agora ganha um novo integrante chamado Neo QLED, mas que mantém a mesma promessa da tecnologia anterior: ser uma alternativa ao OLED e ao temido problema do burn-in.

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Justamente por conta do novo painel de Mini LED, a QN90A mostra que a Samsung continua sendo uma das empresas que mais sabe fazer TVs de alta performance, especialmente para quem pretende gastar uma grana no QLED em vez do OLED, que por sua vez costuma ser bem mais caro. Disponível em dois tamanhos (55 e 65 polegadas) no Brasil, o aparelho chega com a promessa de entregar mais brilho, fidelidade de preto e HDR, contraste elevado e mais algumas firulas. E não vamos esquecer do controle carregado via energia solar — talvez o item mais legal das novas TVs.

Eu venho testando a QN90A de 55 polegadas nos últimos dias. Será que vale a pena gastar R$ 12.999 pelo modelo? É o que eu conto neste review completo.

Samsung Neo QLED QN90A

O que é
Uma TV 4K com tecnologia Mini LED e a promessa de mais controle de brilho, cor e contraste sem os riscos do OLED e seu burn-in

Preço
R$ 12.999 (55 polegadas) e R$ 14.999 (65 polegadas)

Gostei
Boa primeira impressão do Mini LED; melhor controle de brilho e contraste; sistema operacional Tizen mantém interface amigável; suporte à tecnologias AMD FreeSync Premium Pro; controle remoto carregado por energia solar

Não gostei
Só tem uma porta HDMI 2.1; sem Dolby Atmos e Dolby Vision; pode apresentar um delay na transição de cores escuras para claras; não tem Nvidia G-Sync

Design, conexões e controle

Um dos grandes feitos para a Samsung em toda a linha Neo QLED, e que já era percebida nos modelos QLED dos últimos tempos (principalmente na Q90T), é o quão fino os dispositivos estão ficando a cada ano. Para agora, o painel mede cerca de 2,7 cm. Ainda é maior do que a LG CX, uma das TVs OLED mais finas à venda no mercado brasileiro, mas com certeza é mais fácil de pendurar a QN90A na parede porque não tem nenhuma protuberância na parte traseira.

Se ela for ficar em pé, a base de sustentação também não ocupa muito espaço, mantendo o design das outras TVs premium da Samsung com um suporte metálico curvado que passa a impressão de que o produto está levitando. Apesar de ficar presa com seis parafusos, a base me pareceu um tanto insegura, então se posso fazer uma recomendação é não ficar mexendo muito nela. Felizmente, a base ainda possui canaletas para organizar melhor os cabos na parte de trás.

Por falar na parte traseira, do lado esquerdo fica apenas o conector para o cabo de energia, enquanto que no canto direito está a caixa Slim One Connect, que está mais compacta para centralizar as demais conexões e deve facilitar quem pretende colocar o televisor em um suporte de parede. São duas portas USB 2.0, saída de áudio óptico, quatro portas HDMI (sendo uma HDMI 2.1), saída Ethernet, saída ex-link e conector de antena. O aparelho também conta com Wi-Fi e Bluetooth embutidos.

Se você tem ou pretende adquirir um PlayStation 5 ou Xbox Series X|S, então se atente a esse detalhe: há somente uma porta HDMI 2.1, necessária para que jogos rodem em 4K e até 120 Hz simultaneamente. Entendo que o HDMI 2.1 ainda não é o padrão dominante na grande maioria das TVs premium, mas a concorrente LG já tem usado o formato como o principal em seus televisores. A linha OLED da LG, por exemplo, tem pelo menos quatro portas HDMI, e todas são no padrão 2.1. Quem tiver os dois consoles de nova geração, vai ter que trocar o cabo HDMI manualmente entre um e outro aparelho se quiser aproveitar os benefícios do formato 2.1 na QN90A da Samsung.

Partindo para o controle remoto da QN90A, eu tive uma grata surpresa: ele não tem pilhas. Sim, o controle Solar Cell pode ser carregado via cabo USB-C, mas o grande trunfo do acessório é sua capacidade de ser alimentado por energia solar. Não só isso: você pode carregar o objeto com luz natural ou artificial. Tem até um painel na parte traseira para deixá-lo embaixo do sol e nunca mais precisar se preocupar com pilhas ou até mesmo bateria.

O design lembra bastante o controle que acompanhava as TVs de 2020, mas agora, visualmente falando, ele tem uma cara mais premium, mesmo sendo feito de plástico — 24% de sua composição é de materiais reciclados. Para o mercado brasileiro, a Samsung manteve três botões de acesso rápido aos apps da Netflix, Prime Video e Globoplay. Há também um botão de microfone para controlar a TV por voz usando a Alexa, a Bixby ou o Google Assistente.

O tal do Mini LED

Um dos maiores problemas nas telas de LCD é que a backlight (luz de fundo nas imagens) às vezes pode ficar fora de controle e não exibir as cores com total fidelidade. Necessariamente, TVs baseadas nesse tipo de tecnologia exigem LEDs de iluminação espalhados por toda a parte traseira do aparelho para reproduzir as imagens na tela. Para tentar contornar essa questão, em 2017 a Samsung lançou a tecnologia de “pontos quânticos”, que conseguiu entregar painéis com mais intensidade de brilho, cor e contraste. E como as TVs evoluem constantemente, chegamos a mais uma evolução desse formato: o Mini LED.

Guilherme Campos, gerente sênior das áreas de áudio e vídeo da Samsung Brasil, me contou em entrevista ao Gizmodo Brasil que a companhia diminuiu em 40 vezes o tamanho dos LEDs usados em modelos de TVs lançados anteriormente. Como essas luzes estão menores, mais delas podem ser adicionadas dentro do mesmo espaço, que fica mais preenchido e, por consequência, dá uma forcinha na qualidade de imagem, que fica mais brilhante e contrastante. A esse novo sistema de retroiluminação, a Samsung chamou de Quantum Mini LED, embora não tenha divulgado a quantidade de pontos presentes na parte de trás da TV. Contudo, pode-se esperar que haja algumas centenas deles.

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Também é importante salientar que Mini LED não é MicroLED, uma tecnologia ainda mais recente em que os pixels emitem luz por conta própria e tem todas as vantagens do OLED, sem o risco de burn-in (manchas permanentes na tela). Ela ainda é muito restrita a poucos modelos de TV que, para a surpresa de zero pessoas, está presente nos aparelhos mais caros que você vai encontrar no mercado. No caso da QN90A, a Samsung oferece 10 anos de garantia contra burn-in.

Qualidade de imagem e desempenho

Explicados alguns tópicos, agora vem a pergunta: como o Mini LED se reflete nos aspectos visuais da QN90A? A resposta é que ele é diferente e mostra um futuro promissor, porém com algumas ressalvas.

A Neo QLED QN90A não tem a mesma profundidade de preto, nem o brilho do OLED. Mas ela chega bem perto disso, em especial no que diz respeito à backlight. A minha unidade de testes não apresentou nenhum vazamento de brilho perceptível na tela, mesmo em programas em que o branco fica por muito tempo em exibição no painel. Fazendo um teste rápido no Modo Filme e com o HDR10+ ativado, ele alcançou picos estáveis de 1500 nits de brilho, o que é muito bom levando em consideração que não se trata de uma tela OLED. Como primeira impressão, nesse aspecto do brilho, o Mini LED não desapontou.

O preto também superou o que eu esperava encontrar neste modelo. Usando alguns modos de imagem pré-configurados no aparelho e com o local dimming ativado, o fundo escuro era realmente escuro e com bastante uniformidade. Em contrapartida, algumas vezes eu notei que o preto era preto até demais, escondendo ou escurecendo determinados pontos em alguns conteúdos quando combinado com o HDR — mais uma vez a Samsung ignorou o Dolby Vision. Mas, no geral, a TV entregou bons resultados e esse detalhe não causou perda de qualidade

Também notei uma coisa estranha: ao fazer a transição de uma cor escura para clara, o televisor parece que sofre com um delay para completar essa ação. É algo na casa dos milissegundos, e talvez me passou batido na maioria das vezes que aconteceu. Das vezes que eu reparei isso, foram apenas nesse caso de uma cor mais escura para uma cor mais clara e bastante brilho. Não acho que haja motivo de preocupação quanto a esse detalhe, e acredito que possa ser resolvido ou minimizado em futuras atualizações de sistema.

O painel da QN90A é do tipo VA com tecnologia Ultra Viewing Angle, o que significa que, mesmo em ângulos diferentes — algo entre 40 e 45 graus —, a TV não apresenta perda de brilho ou contraste. Logo, o aparelho pode ser colocado tanto em ambientes maiores quanto mais compactos.

A QN90A tem taxa de atualização de até 120 Hz e frequência de 960 Hz em backlight. São as mesmas especificações da Q90T do ano passado. Também temos suporte à tecnologia AMD FreeSync Premium Pro, feita especificamente para o público gamer. Além disso, tem um modo de jogo embutido na TV e uma configuração automática de baixa latência. Aqui, algo curioso: alguns países parecem ter recebido o Nvidia G-Sync no final de abril por meio de uma atualização de firmware. Questionei a Samsung a respeito desse update e, até o momento de publicação desta análise, a QN90A será vendida sem compatibilidade com a tecnologia da Nvidia.

Eu joguei alguns games no PlayStation 5, e posso dizer que tive uma experiência parecida com a que eu tenho com minha LG OLED CX, também de 55 polegadas. Eu digo parecida porque a TV OLED ainda me proporcionou uma experiência melhor com as especificações no máximo. A Neo QLED da Samsung, por sua vez, apresentou uma latência ligeiramente maior em partidas multiplayer com suporte aos 120 Hz. Contudo, essa é outra característica que acredito ser perceptível apenas para quem joga com uma certa frequência nessa taxa de atualização. No mais, é uma excelente TV para jogar videogame, ainda mais se você tiver um PS5 ou Xbox Series X|S.

No geral, a TV é rápida e não apresentou nenhuma lentidão nos meus testes. Para dar um gatilho na performance, a Samsung traz o chip Neo Quantum Processor para toda a sua linha de TVs em 2021. A companhia não forneceu muitos detalhes sobre o quão diferente ele é do processador do ano passado, mas divulgou que ele usa até 16 diferentes modelos de rede neural, cada um deles treinado em upscaling de inteligência artificial e deep learning.

Qualidade de áudio

Esta foi a especificação que menos achei atraente na QN90A, o que não significa que o som deixe a desejar. Muito pelo o contrário: para as TVs 4K da Samsung em 2021, a companhia traz a tecnologia Object Tracking Sound+, que esteve presente nos televisores mais caros da marca no ano passado (como a finíssima Q950TS) e que simula o já conhecido Dolby Atmos. Isso por si só já é excelente porque, até então, você só obtinha o recurso em TVs 8K. Ou seja, as versões 4K da linha Neo QLED também passam a contar com a função.

Combinada com alto-falantes nas partes superior, inferior traseira e laterais, a tecnologia Object Tracking Sound+ emite sons que rastreiam o conteúdo reproduzido na TV, aumentando a sensação de imersão. Há também o recurso Adaptive Sound+, que analisa o conteúdo em exibição e aplica o melhor tipo de som, além de uma função chamada SpaceFit Sound, que se adapta ao com de acordo com o tipo de ambiente em que a TV está posicionada. O aparelho tem um sistema de áudio de 4.2.2 canais com potência total de 60 Watts.

Juntando tudo isso, o resultado foi esse: um dos melhores sons que eu já ouvi em uma TV 4K. Os médios são bem limpos e tornam a experiência mais apurada quando o assunto são as vozes das pessoas no televisor. Eu reparei que os graves saem um pouquinho do limite, podendo gerar alguns ruídos em casos específicos, como em vídeos com música eletrônica ou quando algum personagem grita em uma série, mesmo com o volume lá embaixo. Na maior parte do tempo, eu deixei a TV no modo inteligente para amenizar essa questão. E funcionou.

Também temos suporte ao Dolby Audio. Porém, o que ficou ausente na QN90A é o Dolby Atmos nativo. Essa perda até que é compreensível porque não se pode ter tudo em uma TV tão fina. Portanto, é mais uma questão técnica, pois não tem como comprimir tantos componentes em uma moldura mais compacta. Em todo o caso, vale destacar o trabalho de engenharia da Samsung para não comprometer a qualidade sonora.

Outro recurso tirado diretamente dos modelos mais caros de 2020 é o Q Symphony, que combina o sistema de áudio embutido da TV com o som de uma soundbar compatível. Eu testei a QN90A com a soundbar Q600A, que por sua vez faz parte da nova linha de acessórios para as TVs mais recentes da sul-coreana e traz a tecnologia Dolby Atmos. De fato, o som fica ainda mais envolvente com essa sincronização dupla de áudio e, nessa situação, o aparelho não apresentou ruído em graves mais potentes. Só que é aquela coisa: a soundbar é vendida separadamente e tem um preço tão elevado quanto a própria QN90A, na casa dos R$ 3 mil.

Software e recursos da TV

O Tizen da linha Neo QLED é praticamente o mesmo da última grande atualização, lançada no ano passado. Esse era o update que o sistema operacional precisava para rivalizar contra o webOS da LG, que para mim é uma referência de plataforma intuitiva em TVs. Em questão de funcionalidade, os dois são bem parecidos, mas o Tizen ainda não tinha um apelo visual muito característico até a última geração de televisores da companhia.

A interface não mudou e mantém o design mais escuro, o que por si só simplifica a navegação. Ao apertar o botão Home, uma lista de cards aparece na parte inferior da tela, exibindo os aplicativos mais usados. E ao passar por algum deles, aparecem mais cards com programas daquela plataforma de streaming. Essa lista é atualizada periodicamente e mostra o que há de novo e popular em cada serviço. Lembrando que você tem a opção de personalizar esses cards da maneira que preferir.

Por falar isso, a oferta de aplicativos é bem satisfatória, e inclui os já citados Globoplay, Netflix e Amazon Prime Video, além de YouTube, Telecine, Disney+, Apple TV+, entre outros. Tem ainda o Samsung TV Plus, que oferece alguns canais sem necessidade de assinatura. Tudo embarcado no próprio sistema.

Eu também gostei da integração da TV com o aplicativo SmartThings, que unifica dispositivos da Samsung e de empresas parceiras compatíveis, para que você possa controlá-los pelo celular. O controle remoto da QN90A já é fácil de usar, então o app funciona como uma alternativa a mais, especialmente se você tem mais de um aparelho da Samsung em casa, desde que ele seja suportado pela ferramenta.

Além disso, pelo SmartThings é possível transformar a TV em um quadro usando o Modo Ambiente+, uma versão atualizada que mostra não apenas imagens de fundo, mas também informações como data, clima e frases. Pelo app você também pode dividir a tela em duas com o recurso Multi-View ou espelhar seu smartphone Galaxy no televisor apenas encostando o celular no painel.

Temos comandos de voz? Sim. E a boa notícia é que você pode escolher qual assistente usar. Pode ser a Bixby, a Alexa ou o Google Assistente. Todos funcionam como o esperado, e estão sempre prontos para ouvir o que você deseja assistir ou fazer na TV.

Uma boa adição para as novas Neo QLED é a função Ultrawide GameView & Game Bar, que permite fazer ajustes manuais na proporção de tela e consultar o input lag, FPS, HDR e
outras informações importantes do seu jogo. A Q90NA não é uma TV com todas as pompas de aparelho gamer, mas certamente esse é mais um recurso que pode ser de grande utilidade para quem está em busca de um televisor para essa finalidade.

Vale a pena?

Depois de assistir a dezenas de horas de conteúdos na Neo QLED QN90A da Samsung, eu saio com a impressão que a companhia voltou atrás em sua estratégia para TVs 4K, que não me pareceu ser tão ambiciosa na linha de 2020. Recursos que até então eram restritos aos modelos caríssimos 8K agora voltam ou fazem sua estreia nas versões de resolução mais baixa. E isso chega impulsionado pelo Mini LED que, além de possibilitar aparelhos mais finos, se mostra como uma alternativa justa, mas não substituta, ao OLED.

Veja bem: o Mini LED é uma evolução muito bem-vinda do LED tradicional, principalmente se levarmos em conta que a tecnologia LCD mudou pouquíssimas vezes nos últimos anos. Agora temos mais contraste, mais controle de cor e brilho melhor distribuído graças a essa área maior de cobertura dos LEDs na parte traseira. Mas, no final das contas, o Mini LED não é uma solução completa, nem um competidor 100% à altura do OLED. Isso aí só vamos descobrir com a chegada do Micro LED, que neste primeiro momento será uma tecnologia ainda menos acessível para a maioria dos consumidores.

A Samsung segue se superando a cada atualização do Tizen, e foi um alívio ver que pouca coisa mudou da atualização de 2020. O televisor também é uma ótima opção para quem gosta de jogar em TVs maiores, trazendo compatibilidade com AMD FreeSync Premium Pro (faltou Nvidia G-Sync), 120 Hz de taxa de atualização e um modo de ajuste de proporção da tela. Mas sério mesmo, Samsung: larga o osso e adota de vez o Dolby Vision — e quem sabe o Dolby Atmos nativo, caso a parte técnica permita manter os televisores tão finos.

Vai por mim: a QN90A é uma TV fantástica, com a vantagem de 10 anos de garantia contra efeito burn-in. No entanto, pagar R$ 13 mil (55 polegadas) em um televisor que tende a ficar mais barato pouco meses após o lançamento pode um fator relevante para pisar no freio da compra. Neste caso, a própria linha OLED CX da LG tem valores mais em conta, custando menos da metade do preço cobrado pela Samsung, só que com essa questão toda do risco de burn-in. Aí depende do que você escolher, já que, até que o Micro LED se popularize, vai ser difícil aproveitar o melhor dos dois mundos.

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