Roqueiro dos Monkees processa o FBI por dossiê de espionagem nos anos 60

O FBI mantém arquivo editado em quarteto desde os anos 60, mas os documentos parecem fornecer poucas pistas sobre o motivo da banda ser alvo dos agentes federais. Veja mais detalhes dessa história
Monkees
Dolenz é o 2º da esq. p/ dir. Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Quem curte aquele rock dos anos 60, com certeza já ouviu um som do The Monkees como “Last Train To Clarksville” ou “Theme From The Monkees”. Pois bem, o último membro vivo do popular grupo é Micky Dolenz. Ele abriu um processo contra FBI por um “dossiê secreto” que a agência detém sobre ele e seus ex-colegas de banda.

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Micky Dolenz, de 77 anos, foi baterista e vocalista do grupo formado nos Estados Unidos, e entrou com um processo contra o Departamento de Justiça na terça-feira (30). O principal objetivo do músico é obter os arquivos secretos que o FBI compilou sobre a banda enquanto eles protestavam contra a Guerra do Vietnã, nos anos 60.

O baterista entrou com a ação por meio de seu advogado, Mark Zaid, especialista em liberdade de informação e fã de música que disse à revista Rolling Stone que seria “divertido”. O profissional disse que conheceu Dolenz através de amigos em comum.

De acordo com a Rolling Stone, Zaid disse que sugeriu a Dolenz que “poderia ser divertido ver se o FBI tinha um arquivo sobre ele ou seus ex-colegas de banda”. Pouco depois, o advogado soube que tal arquivo existia e que um trecho de sete páginas foi divuilgado em 2011. “Isso meio que reforçou para mim que havia realmente algo aqui”, disse Zaid.

A capa do arquivo do FBI no site da agência se refere incorretamente ao grupo como “The Monkeys”. Os documentos fornecem poucas pistas sobre o interesse de agentes federais no grupo, além de ser a época da guerra do Vietnã e do governo ser sensível às críticas de atores relevantes de Hollywood e músicos pop.

Em uma seção marcada de “atividades adicionais denunciando a política dos EUA na guerra do Vietnã”, quase uma página inteira está apagada. Mas o arquivo descreve os Monkees como uma banda “bastante bem sucedida” com “quatro jovens que se vestem como ‘tipos beatnik’, voltados principalmente para o mercado adolescente”.

No mesmo documentos, um informante do FBI afirmou que as apresentações dos Monkees continham “mensagens subliminares retratadas na tela que, na opinião de um agente cujo nome foi redigido, constituiu ‘inovações de esquerda de natureza política’, incluindo imagens de vídeo de ‘mensagens anti-EUA’ sobre a guerra no Vietnã”.

Os Monkees não eram conhecidos como uma banda abertamente política. Eles foram criados inicialmente para uma série de televisão. No entanto, a música “Last Train to Clarksville” era sobre um homem indo para a guerra e sem saber se veria seus entes queridos novamente.

Lembre da música abaixo:

O advogado informou que enviou um “pedido padrão de liberdade de informação” em junho, solicitando o arquivo completo do FBI junto com quaisquer arquivos individuais de Dolenz e seus falecidos companheiros de banda, Davy Jones, Peter Tork e Michael Nesmith. Porém, como a agência não respondeu, Zaid decidiu avançar com o processo.

O advogado admite não saber o que vai encontrar nos documentos. “Ainda estamos pescando, mas sabemos que há peixes na água”, disse ele. “Teoricamente, qualquer coisa poderia estar nesses arquivos. Não temos ideia de quais registros existem. Pode ser quase nada. Mas veremos em breve.”

O processo aponta que tanto Dolenz, quanto os falecidos companheiros de banda, costumavam passar tempo com outros músicos investigados pelo FBI, como Jimi Hendrix e John Lennon. Conforme aponta o advogado, o FBI “era famoso por monitorar a contracultura, cometendo ou não ações ilegais”.

Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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