Um startup está usando fungo e algas para produzir hambúrguer de salmão
As startups de comida do Vale do Silício primeiro se preocuparam com formas alternativas de carne e frango com produtos plant-based (à base de proteína vegetal). Logo, a evolução natural desse mercado são as alternativas para peixes e frutos do mar.
Na semana passada, falamos de uma alternativa ao camarão feita de alga, e agora uma startup tem trabalhado em criar um hambúrguer de salmão, só que feito com fungos e algas.
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Quem está por trás dessa iniciativa é a Terramino, uma startup fundada pelos estudantes Kimberlie Le e Joshua Nixon, ambos ex-estudantes da Universidade de Berkeley na Califórnia, nos Estados Unidos.
Para fazer o hambúrguer de salmão, a dupla experimentou algumas alternativas. No entanto, o que deu mais certo para a composição do alimento foi koji (Aspergillus oryzae), um fungo geralmente encontrado no molho de soja. “Em vez de usar a habilidade do koji de transformar a soja ou o arroz, nós usamos a biomassa dele como uma fonte de proteína”, disse Le ao site da revista Fast Company.
O processo para criar a proteína vegetal envolve a preparação do fungo como um líquido, alimentando-o depois com nutrientes. Conforme os filamentos crescem, eles utilizam esses pequenos pedaços para compor o hambúrguer. A alga entra no processo para dar ao alimento um gosto de peixe e também fornecer ácidos graxos ômega-3. No fim de tudo, promete a startup, o resultado é menos gorduroso que o salmão, porém tem os mesmos valores nutricionais de um pedaço do peixe.
A Terramino passou um bom tempo na Indiebio, uma incubadora que ajuda cientistas a desenvolverem seus produtos. Durante a estadia de quatro meses, a startup informa ter conseguido melhorar a eficiência de produção em 500%. Com esse resultado, a companhia planeja começar o fornecimento de hambúrgueres e filés de salmão para restaurantes até o fim deste ano.
Por que isso?
Esse movimento de alternativas à proteína animal tem acontecido já há um tempo na Califórnia e não tem apenas relação com o vegetarianismo. Caso não seja mudada a forma de criação do gado, dos frangos, dos porcos e da pesca predatória, esses recursos podem se tornar escassos ou muito caros.
A FAO, agência da ONU para alimentação e agricultura, estima que a demanda por comida vai aumentar em 70% até 2050. Além disso, a produção de proteína animal exige muitos recursos. Segundo a mesma FAO, por exemplo, para fazer 1 kg de carne são necessários 7 kg de ração e 15 mil litros de água.
Logo, algumas empresas têm investido em alternativas para se preparar para um futuro em que a proteína animal deve ser menos disponível e um produto para poucos.
Imagem do topo por Terramino