Todos os setores estão atrasados quando se trata de clima, diz relatório
Um levantamento do Instituto de Recursos Mundiais, lançado na última quarta-feira (26), apontou que todos os setores, incluindo o de tecnologia, ainda estão muito atrasados nos investimentos e desenvolvimento de soluções para barrar as mudanças do clima.
Dos 40 indicadores avaliados, como indústria, transporte, agricultura, energia, alimentação e Finanças, nenhum está no caminho certo para alcançar as metas do Acordo de Paris. Os objetivos incluem a redução de 45% das emissões de CO2 e a limitação da temperatura média global a 1,5ºC até 2030.
Segundo o levantamento, a tecnologia usada na remoção de carbono está no caminho certo, mas ainda precisa avançar muito. Estimativas apontam que, hoje, as abordagens tecnológicas removem 540 mil toneladas de dióxido de carbono (MtCO2) por ano.
O valor equivale a menos de 1% do objetivo total de 75 milhões de toneladas anuais, previstas nas metas para os próximos oito anos. Ainda assim, o investimento público e privado no setor está crescendo, diz o relatório.
Na indústria, uma urgência é aumentar a capacidade de hidrogênio verde. Para bater as metas, a produção do combustível gerado a partir de energias limpas precisa chegar a 81 milhões de toneladas até 2030. Em 2020, a capacidade era de 23 mil toneladas.
O impulso de veículos elétricos é outro ponto crítico. Segundo o relatório, os carros movidos a energia elétrica precisam representar de 20% a 40% na frota global de veículos se quisermos conter metade das emissões líquidas de carbono.
Mas as últimas estimativas colocam o percentual em meros 1,3%. Não é por acaso: esses veículos ainda estão longe do acesso em massa – especialmente no Brasil. Mesmo que a oferta de modelos tenha duplicado no país desde 2020, esses carros não saem por menos de R$ 100 mil.
O que precisa ser feito
O relatório aponta que o incentivo aos setores para contornar as mudanças do clima, incluindo na Tecnologia, parte de um alinhamento estratégico de ação política combinado com investimentos privados. E essa combinação nem sempre é fácil.
O que acontece agora é o mesmo de sempre: países ricos assumem a dianteira do combate às mudanças climáticas. São eles que se beneficiam com mais carros elétricos nas ruas, por exemplo.
A Noruega já é o país com mais carros elétricos no mundo. Nos EUA, o Exército e a Amazon trabalham, cada um à sua maneira, para eletrificar suas frotas.
Outro exemplo é o impulsionamento do hidrogênio verde. Desde fevereiro, quando a Rússia invadiu a região leste da Ucrânia e deu início à disputa na ex-nação soviética, 25 países investiram pesado na commodity.
Por isso, o mercado global saltou de US$ 1 bilhão, em 2021, para US$ 73 bilhões, em 2022. Os países com investimentos mais expressivos foram Alemanha, EUA e Marrocos – este último pretende liderar a corrida para exportar o combustível.