Em três anos, o fenômeno climático La Niña causou um efeito devastador no mundo e impulsionou sinais de mudança no ciclo global da água. Além disso, o ar está ficando mais quente e seco, o que aumenta os riscos de incêndio pelo mundo.
Este é o cenário atual, segundo pesquisa do Global Water Monitor, consórcio que reúne organizações e indivíduos de diversos países. O levantamento analisou dados de mais de 40 satélites que monitoram a atmosfera e a superfície de diferentes regiões da Terra.
Segundo o relatório, o terceiro ano consecutivo de La Niña, em 2022, influenciou o clima em todo o mundo. Apesar de incomum, a sequência do fenômeno não é inédita – mas, desta vez, demonstra mais intensidade em seus efeitos.
O La Niña ocorre quando as temperaturas da superfície do mar ficam mais frias do que o esperado nas regiões tropical e oriental do oceano Pacífico. Enquanto isso, as águas ficam mais quentes no ocidente.
Em 2022, o fenômeno se somou ao aquecimento nas águas no norte do oceano Índico. Isso causou uma série de inundações entre o Irã e a Nova Zelândia. Como resultado, vimos inundações no Paquistão e na Austrália.
Nas Américas, os EUA e países latinos sofreram com as secas mais intensas dos últimos anos. O mesmo aconteceu em nações da África – algumas precisaram pedir ajuda humanitária após a falta de chuvas dizimar colheitas.
O Brasil sofreu especialmente com chuvas intensas que causaram inundações repentinas e deslizamentos de terra, como aconteceu no bairro Jardim Monteverde, em Recife, em maio de 2022 (foto).
Veja onde estão os efeitos mais profundos do La Niña
O La Niña vai continuar?
Agora, monitores meteorológicos estimam que a influência do fenômeno La Niña vai diminuir. Enquanto isso, é possível que o El Niño fique em seu lugar. Se isso se confirmar, devemos ver menos inundações na Ásia e mais chuvas nas áreas afetadas pela seca nas Américas e África Oriental.
Essa oscilação entre La Niña e El Niño é natural, mas há incerteza se três anos consecutivos de um mesmo fenômeno foram um “acaso estatístico” ou um sinal das mudanças climáticas.
Se esses fenômenos se estendem no futuro, é provável que a Terra enfrente secas mais extensas e mais inundações do que já vimos até agora.