Vacinação é maior em países que confiam na ciência, diz estudo
Em momentos de crise sanitária, como a pandemia de Covid-19, a vacinação em massa é a principal saída. No entanto, as pessoas têm maior probabilidade de serem vacinadas em países onde a confiança da sociedade na ciência é alta. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pela Escola de Economia e Ciência Política (LSE) de Londres em conjunto com a Universidade de Sydney e a Universidade de Surrey.
Como método, os cientistas usaram dados da Wellcome Global Monitor 2018, que reúne mais de 120 mil entrevistas de 126 países do globo. Mas, ao contrário de análises anteriores, que focam na confiança individual, este artigo concluiu que a hesitação ou não de um indivíduo em se vacinar está significativamente ligada à sociedade como um todo. Isso ocorre pois pensar nos acertos, erros, benefícios, riscos e perigos de uma vacina exige muito esforço, principalmente quando alguém tem pouca experiência ou conhecimento sobre o assunto. É aí que a população tende a olhar para a atitude dos outros e segui-las, mesmo que de forma inconsciente. Nesse sentido, as impressões sobre como a ciência é valorizada ou contestada se formam por meio de interações sociais, representações na mídia e debates culturais e políticos. Assim, esses fatores combinados moldam a opinião pública.
Além disso, o estudo mostrou que confiança na ciência é maior na América do Norte, Europa Ocidental e Australásia — região que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas da Indonésia. Já o menor índice está na América do Sul, Europa Oriental e África. Em nível global,92% das pessoas concordam que as vacinas são importantes para as crianças, 78% que as vacinas são seguras e 84% que as vacinas são eficazes.
Segundo o autor principal, Patrick Sturgis, este é um momento no qual é preciso entender a hesitação vacinal. “Nosso estudo demonstra a importância dos fatores sociais na promoção da confiança na vacina”, afirma, em nota. “O foco da atenção global provavelmente mudará do fornecimento de vacinas para a demanda. Há países que ainda vão receber a vacina que estão hesitantes ou relutantes para recebê-la.”