Apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio usaram app de walkie-talkie para se comunicar

Assim como a rede social Parler, aplicativo Zello é conhecido pela grande quantidade de grupos de extrema-direita.
Jon Cherry / Stringer (Getty Images)
Imagem: Jon Cherry/Stringer (Getty Images)

Membros do grupo de apoiadores do presidente Donald Trump que invadiu o Capitólio dos EUA no dia 6 de janeiro comunicaram-se entre si por meio do aplicativo de walkie-talkie Zello. E do mesmo jeito que aconteceu com a rede social Parler, usada principalmente por extremistas de direita, a companhia responsável pelo app também é muito criticada por não moderar os conteúdos criminosos postados na plataforma.

De acordo com registros de áudio e conversas revisados ​​pelo The Guardian, pelo menos dois indivíduos que invadiram o Congresso americano usaram o Zello para se comunicar com outros membros da milícia. Estes, por sua vez, pareciam estar do lado de fora do Capitólio incitando os demais apoiadores a continuar no ato que quase provocou um golpe de estado no país.

Em uma das mensagens, um dos usuários diz o seguinte: “Estamos na cúpula principal agora. Estamos arrasando. Eles estão jogando granadas, atirando nas pessoas com bolas de tinta, mas nós estamos aqui.”

Outra mensagem, com uma voz masculina, responde: “Deus te abençoe e boa sorte. Continue”..E uma terceira mensagem avisa: “Jess, faça o seu trabalho. É para isso que vivemos, caramba. Tudo para que treinamos.”

A troca de mensagens teria ocorrido por volta das 14h44 nos EUA (16h44 no horário de Brasília) em um canal público do Zello chamado “STOP THE STEAL J6” — em referência à frase “Stop the Steal”, muito usada nas redes sociais para propagar informações falsas de que a eleição americana foi fraudada.

A usuária em questão parece ser Jessica Watkins, uma bartender de 38 anos de Ohio que recentemente disse ao Ohio Capital Journal que havia participado da insurreição em nome de uma milícia local chamada Ohio State Regular e da milícia nacional Oath Keepers.

O Zello, que afirma ter 150 milhões de usuários, afirmou em comunicado à imprensa que foi com “profunda tristeza e raiva” que sua equipe de liderança descobriu “evidências de que o Zello foi mal utilizado por alguns indivíduos durante o ataque ao prédio do Capitólio dos Estados Unidos na semana passada”.

Em resposta a quase 800 canais que hospedavam conteúdo de direita, o aplicativo disse que atualizou seus termos de serviço e “estendeu a noção de abuso na plataforma para incluir o uso por organizações cujos princípios ou líderes endossam especificamente ou incitam a violência”.

Além disso, o Zello anunciou ter excluído mais de 2.000 canais associados a milícias e outros movimentos sociais militarizados. A empresa também declarou que estava “preocupada que o Zello pudesse ser mal utilizado por grupos que ameaçaram organizar protestos adicionais potencialmente violentos e interromper as festividades de posse presidencial dos EUA em 20 de janeiro”, quando Joe Biden vai assumir o cargo.

Como o Guardian aponta, o Zello provavelmente tem um amplo apelo inerente aos grupos de milícias, devido à sua tendência frequente de priorizar a comunicação de rádio de estilo militar e modos de operação bélicos.

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