Ciência

Aquíferos do mundo todo estão perdendo reservas de água, diz estudo

Pesquisa que analisou 1.693 aquíferos é a primeira a apresentar panorama global das reservas subterrâneas de água; veja no mapa
Imagem: David Becker/ Unsplash/ Reprodução

Pela primeira vez, um estudo científico mapeou o que está acontecendo com os recursos hídricos em nível global — e a conclusão não é boa. Uma pesquisa apontou que o mundo perdeu 71% de 1.693 sistemas aquíferos. A revista Nature publicou os resultados em janeiro.

Dessa forma, a perda de água das reservas subterrâneas é alarmante. A redução do recurso tem implicações no cotidiano da população mundial, de forma que pode dificultar o acesso à água doce para beber. 

Além disso, também pode prejudicar a irrigação de plantações, o que influencia na produção de alimentos no mundo. A seca também pode ocasionar no afundamento de terras, gerando problemas ambientais.

Entenda o panorama

Para analisar a redução das reservas subterrâneas de água e também a velocidade com que elas estão reduzindo, os pesquisadores compilaram dados sobre os níveis de 1.693 sistemas aquíferosTodos foram analisados do período de 2000 a 2022.

Contudo, os cientistas acessaram dados de 1980 a 2000 de apenas 542 deles. Assim, concluíram que a queda nos níveis das águas subterrâneas acelerou durante as duas primeiras décadas do século 21 em 30% dos aquíferos.

Quando analisaram a perda de água a partir dos anos 2000, os pesquisadores notaram que 617 locais tiveram quedas no nível do recurso de mais de 0,1 metros a cada ano. Isso totaliza 36% dos aquíferos analisados em um rápido declínio anual.

De acordo com os dados da pesquisa, o Aquífero Ascoy-Soplamo, na Espanha, por exemplo, foi o que perdeu água mais rápido entre aqueles estudados. Na média, as reservas do local caíram cerca de 2,95 metros por ano.

O problema também afeta o Brasil, como pode ser visto no mapa abaixo:

O cinza escuro representa os sistemas de aquíferos em que os níveis de água subterrânea foram relativamente estáveis. Amarelo, laranja e vermelho representam sistemas aquíferos em que os níveis de água subterrânea se tornaram mais profundos. O azul representa os sistemas aquíferos em que os níveis de água subterrânea se tornaram mais rasos. Cores mais escuras indicam taxas mais rápidas.

“Estes casos de declínio acelerado do nível das águas subterrâneas são duas vezes mais prevalentes do que o esperado diante de flutuações aleatórias na ausência de quaisquer tendências sistemáticas em qualquer período de tempo”, observaram os pesquisadores no estudo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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