Atari, 50 anos: os segredos do game pioneiro que mudou o mundo

Conheça a ascensão e queda do icônico console que popularizou o entretenimento doméstico por meio de jogos eletrônicos
Atari, 50 anos: os segredos do game pioneiro que mudou o mundo
Imagem: Pexels/Reprodução

A Atari completou 50 anos nesta semana. A empresa americana – considerada pioneira e uma das mais icônicas do mundo – foi a responsável por dar o pontapé inicial na popularização de jogos de arcade, consoles de jogos e, até mesmo, computadores pessoais.

Inspirado no sucesso de jogos para fliperamas da década de 1970, a Atari apostou no desenvolvimento de um console doméstico compacto que pudesse ser conectado a uma televisão. A ideia é que os jogadores poderiam ter a mesma experiência de um fliperama, mas podendo jogar em casa, da sala de estar, sentado confortavelmente no sofá.

Em 1977, a marca lançou o Video Computer System (2600) – hoje conhecido como Atari 2600. Ele vinha com dois joysticks, funcionava com um microprocessador e utilizava um sistema de cartuchos em que o jogador poderia adicionar novos jogos. Na época do lançamento, o console custava US$ 199 e chegou a vender mais de 30 milhões de unidades, segundo o New York Post.

Versão mais barata e reduzida do icônico console, conhecida como “2600 Jr.”, lançada apenas nos Estados Unidos, em 1986

Ao longo da história do console, a Atari ganhou relevância com o lançamento de jogos populares, como Asteroids, Pong, Enduro, Centipede, Black Widow, Missile Command, Breakout, Space Invaders, Adventure, entre outros. Uma curiosidade é que o Adventure foi o primeiro game vendido para consoles a incluir um easter egg escondido.

Com a parceria com estúdios terceirizados, como a Activision e a Imagic, o console chegou a receber mais de 2.600 jogos próprios.

A queda da Atari

Conforme apontou o PCMag, outros consoles do final da década de 1970 tentaram concorrer diretamente com a Atari no mercado americano, como o Mattel Intellivision, RCA Studio II, Bally Astrocade, Magnavox Odyssey2, porém, nesse primeiro momento, elas não chegaram a ameaçar de fato o icônico console.

Apesar de a marca Atari ser mais associada ao console 2600, a empresa também lançou uma miscelânea de computadores pessoais de 8 bits, como o Atari 400 e Atari 800, a partir de 1979.

Porém, o sucesso da empresa – que até então era considerado imparável – começou a ruir a partir do início dos anos de 1980, quando o mercado de jogos nos Estados Unidos começou a apresentar uma supersaturação de arcades, consoles e cartuchos, muitos deles com qualidade cada vez mais baixa.

Além disso, a aposta nos Ataris 400 e 800 ocorreu numa época que os desktops domésticos começavam a ser lançados com preços mais baratos, oferecendo mais funcionalidades que os consoles da Atari, inclusive com a possibilidade de jogar no PC.

Outro ponto que contribuiu para a queda da Atari foi o lançamento do jogo inspirado no filme “ET – O Extraterrestre”, de Steven Spielberg. Além de ter pago 20 milhões de dólares em licenciamento, o jogo acabou encalhando nas prateleiras, com milhares de cartuchos não vendidos.

A venda da Atari para a Warner Communications, em 1976, também é apontada como responsável pela queda. O cofundador Nolan Bushnell chegou a afirmar que essa venda destruiu a cultura corporativa extraordinária da Atari.

Em 1983, a empresa já acumulava US$ 538 milhões em perdas. No ano seguinte, a Atari demitiu quase todos os seus 10 mil funcionários.

Em meio à crise, ainda em 1984, a Atari original é dividida em duas divisões. As propriedades da “Atari Consumer Electronics Division” são vendidas para o empresário Jack Tramiel, enquanto que a “Atari Games” permaneceu com a Warner. Nas décadas seguintes, outras divisões, fusões e aquisições marcaram a história da empresa de games, incluindo o pedido de falência de quatro subsidiárias, no ano de 2013.

A Atari no Brasil

Os consoles e jogos da Atari só chegaram em terras tupiniquins a partir de 1983, por meio de uma parceria de distribuição com a brasileira Gradiente – por meio da subsidiária Polyvox.

Rapidamente, o console se tornou líder no mercado de jogos no Brasil, mesmo concorrendo com o Odissey, da Philips, o Dynavision, da Dynacom, e o Dactari, da Sayfi Eletrônica — que era compatível com os cartuchos da Atari.

Contudo, a febre da Atari durou pouco no país, com as vendas esfriando a partir de 1986 em diante. No final da década de 1980, a SEGA – com o seu Master System – acabou assumindo a liderança desse mercado.

Enduro, um dos clássicos jogos de corrida do Atari

Empresa segue viva

Apesar de ter ficado por muitos anos fora do mercado de consoles, a empresa quinquagenária ainda está na ativa, expandindo o seu portfólio de jogos para PC, consoles e celulares.

Além disso, a empresa lançou recentemente o Atari VCS – que lembra o visual do antigo console 2600, mas que funciona de maneira híbrida como um PC e console de jogos. A novidade chegou até a derrubar o site de financiamento coletivo, durante a pré-venda.

Para marcar o 50º aniversário, a empresa divulgou um novo logotipo que será usado em anúncios, vídeos de jogos e parcerias de licenciamento. Além disso, a marca divulgou o vídeo abaixo do fundador Bushnell e o CEO Wade Rosen discutindo o legado de criatividade e inovação da Atari.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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