Atraso no lançamento ameaça experimentos a bordo da Artemis 1

Cientistas temem que cubesats instalados na Artemis 1 possam ficar sem energia para completar suas missões científicas
Atraso no lançamento ameaça experimentos a bordo da Artemis 1
Imagem: YouTube/Reprodução

Após a NASA anunciar o adiamento da missão Artemis 1, cientistas estão preocupados que os sucessivos atrasos na decolagem possam comprometer os experimentos a bordo do foguete SLS (sigla de “Sistema de Lançamento Espacial”).

Quando decolar do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, o SLS levará “de carona” dez pequenos satélites do tamanho de uma caixa de sapatos — conhecidos como “cubesats”. Esses satélites foram instalados no estágio superior do foguete, em um anel logo abaixo da espaçonave Orion.

Os cubesats foram desenvolvidos por agências espaciais internacionais parceiras da NASA, além de universidades americanas e de outros países. A ideia é aproveitar a viagem da Artemis 1 para demonstrar tecnologias e realizar investigações científicas.

Entre eles, estão monitores de radiação no espaço profundo, satélites para estudos da Terra e até mesmo uma sonda para explorar um asteroide próximo do nosso planeta. Os satélites serão liberados no espaço a partir do momento que o SLS atingir a órbita terrestre e/ou iniciar a viagem até a Lua.

Porém, com os sucessivos atrasos na decolagem da Artemis 1, a preocupação é que os satélites estejam com pouca carga de bateria. Cientistas alertam que quanto mais o tempo passa, maiores são as chances de que os cubesats não tenham energia suficiente para completar os seus experimentos.

Imagem dos cubesats instalados no anel que liga o foguete SLS à espaçonave Orion.

Imagem dos cubesats instalados no anel que liga o foguete SLS à espaçonave Orion. Imagem: NASA/Divulgação

Missão Artemis 1 pode perder seu apelo científico

Os satélites foram instalados no corpo do SLS em outubro do ano passado e, desde então, as baterias não recebem energia adicional de qualquer fonte. Estima-se que elas estejam descarregando a uma taxa de pelo menos 2% ao mês.

Sem energia, os cubesats não podem fazer manobras, iniciar os sistemas de comunicação ou realizar seus experimentos.

É o caso, por exemplo, do cubesat LunaH Map, que pretende fazer um mapeamento do hidrogênio presente na superfície, crateras e outras regiões permanentemente sombreadas na Lua. Segundo a equipe da missão, a carga da bateria deve estar atualmente em 50%. Caso ela caia abaixo dos 40%, o satélite não conseguirá desdobrar seus seus painéis solares.

Os cientistas afirmam que pediram à NASA o acesso ao satélite para recarregá-lo, mas o pedido foi negado.

Cerca de cinco dos dez cubesats presentes a bordo não permitem recarregar suas baterias devido ao seu design. Porém, alguns modelos podem receber uma nova carga, desde que o SLS volte ao edifício de montagem, e a espaçonave Orion seja separada do resto do foguete, para que os cientistas tenham acesso aos pequenos satélites – algo que ampliaria ainda mais o atraso na decolagem.

No último sábado (3), a NASA decidiu adiar o lançamento da Artemis 1 após detectar um grande vazamento de combustível durante o procedimento de abastecimento do foguete. A agência ainda estuda opções – assim como potenciais datas – , mas é provável que uma terceira tentativa de lançamento ocorra apenas a partir do dia 17 de outubro.

O principal objetivo desta missão é testar o SLS e a Orion em uma viagem real de ida e volta à Lua. A missão científica dos cubesats é considerada como carga secundária pela NASA.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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