Ciência

“Ciclo do sal” sofre alteração pela ação humana; entenda impacto no mundo

Atividades com mineração, construção e agricultura estão aumentando a quantidade de sal na água, no solo e no ar; íons podem causar prejuízos
Imagem: Christian Bass/ Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment mensurou os impactos das ações humanas sobre o mineral.

A descoberta é que as atividades humanas estão tornando o ar, o solo e a água doce que há Terra cada vez mais salgados. E, como resultado, isso tem um custo tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana.

Entenda o contexto

De modo geral, os sais são íons, ou seja, elementos químicos carregados positivamente (cátions) ou negativamente (ânions). Apesar do cloreto de sódio ser o mais conhecido, o grupo ainda inclui o cálcio, o magnésio, o potássio, os íons de sulfato e alguns relacionados ao calcário e ao gesso.

Naturalmente, alguns processos da terra e da água já trazem sais para a superfície da Terra ao longo do tempo. Mas atividades humanas, como mineração, agricultura, construção e o tratamento de água estão acelerando rapidamente esse “ciclo do sal”. 

Isso porque, quando deslocados em doses mais altas, esses íons podem causar problemas ambientais. “Se você pensar no planeta como um organismo vivo, quando você acumula tanto sal, isso pode afetar o funcionamento de órgãos vitais ou ecossistemas”, disse Sujay Kaushal, autor do estudo.

O que diz a pesquisa

O estudo revelou que a salinização causada pelo ser humano afetou pouco mais de um bilhão de hectares de solo em todo o mundo – uma área do tamanho dos Estados Unidos. 

Nas águas doces, ou seja, em rios, os Íons de sal também aumentaram durante os últimos 50 anos. O período coincide com um aumento no uso e produção global de sais.

Por fim, o ar também foi afetado. Em algumas regiões do planeta, lagos estão secando e, com isso, acabam enviando poeira salina para a atmosfera. 

Além disso, há impactos que atingem a população. Por exemplo, essa poeira salina pode acelerar o derretimento da neve em alguns lugares no mundo, o que prejudica comunidades que dependem disso para o abastecimento de água. 

Outro problema é o fato de que os íons de sal podem se ligar a contaminantes no solo, formando o que os pesquisadores chamam de “coquetéis químicos”. Isso acaba circulando no meio ambiente e têm efeitos prejudiciais.

Contudo, o sal ainda não é considerado um contaminante primário da água potável. E o caminho inverso, de remoção do sal, demanda muita energia e dinheiro. 

Além disso, os pesquisadores afirmam que “o subproduto, a salmoura, acaba sendo mais salgado do que a água do oceano e não pode ser facilmente descartado”.

Dessa forma, os cientistas alertam para a importância de “limite planetário para o uso seguro e sustentável do sal”. Assim como existe para os níveis de dióxido de carbono estão associados a um limite planetário para limitar as mudanças climáticas.

O avanço na ciência

Há cerca de 20 anos, estudos de caso comprovavam a salinidade da água em locais específicos, como lagos e até mesmo cidades.

“Agora mostramos que é um ciclo – desde o interior da Terra até a atmosfera – que foi significativamente perturbado por atividades humanas”, disse Gene Likens, também autor do estudo.

Assim, os pesquisadores descreveram essas perturbações como um “ciclo de sal antropogênico”. Isso estabelece pela primeira vez que os seres humanos afetam esse processo em uma escala global.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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