Salt Lake, nos EUA, pode desaparecer em 5 anos, alertam cientistas

O maior lago de água salgada dos EUA, Great Salt Lake, perde mais de 1,2 bilhão de litros de água por ano desde 2020
Salt Lake, nos EUA, pode desaparecer em 5 anos, alertam cientistas
Imagem: Ecoflight/Universidade Brigham Young/Divulgação)

O uso desenfreado de água no estado de Utah, ao oeste dos EUA, fará o famoso lago Great Salt Lake secar completamente até 2027. Desde 2020, a bacia perdeu mais de 1,2 bilhão de litros de água por ano. 

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O alerta está em uma pesquisa da BYU (Universidade Brigham Young, na sigla em inglês). Para diminuir o risco sobre o ecossistema, o consumo de água na região deve ser reduzido em pelo menos um terço. 

Hoje, menos de 300 mil litros de água voltam para o Salt Lake por ano. O volume não chega nem perto do necessário para cobrir os mais de 10 mil quilômetros quadrados do lago anualmente. 

O relatório foi entregue ao prefeito de Salt Lake City para que inicie um resgate de emergência a toda a bacia hidrográfica que dá nome à cidade. 

Os pesquisadores alertam que a perda de lagos salinos desencadeia um ciclo de longo prazo de declínio ambiental – e, por consequência, com prejuízos econômicos e à saúde da população em geral. 

Isso porque lagos como o Salt Lake não abrigam apenas a fauna e flora regionais, mas também protegem a qualidade do ar, da água e do clima local. 

À beira do colapso

Salt Lake, nos EUA, pode desaparecer em 5 anos, alertam cientistas

Água rosa no Great Salt Lake, EUA, em junho de 2018. Coloração é causada pela alta salinidade da água por causa da morte de algas e microrganismos. Imagem: ESA/A. Gerst/Divulgação

Com a falta de água, pesquisas já apontam que o ecossistema está à beira de um colapso que pode não ter volta. Os níveis de sal na água estão cada vez maiores, o que está expulsando as espécies nativas que tinham o lago como habitat natural. 

No Braço Norte do lago, a água já está cor-de-rosa. O motivo: ali há a morte em massa de microrganismos que são essenciais para a cadeia alimentar do ecossistema. 

“A falta de fluxo de água doce fez com que a salinidade atingisse a saturação, matando os microbialitos e algas que formam a base da rede alimentar do lago”, diz o relatório. A circulação interrompida do lago causou temporariamente os níveis mais altos de metilmercúrio do país”.

Enquanto o lago seca, aumenta o risco da liberação de elementos tóxicos como arsênio, mercúrio, chumbo, cobre e contaminantes orgânicos que se incorporam no ar. Essas partículas de poeira podem destruir plantações, degradar o solo e causar o derretimento prematuro da neve. 

Apesar dos alertas, há pouco que os moradores de Utah possam fazer. A grande maioria da população já trata e reaproveita a água consumida em suas residências. O problema está na captação: quase toda a água desviada de Salt Lake vai para a agricultura industrial. 

Hoje, três quartos do consumo da água que vem da bacia hidrográfica cai na irrigação de plantações. Outros 9% seguem para a extração mineral. Por isso, os pesquisadores defendem que é essencial reduzir a dependência do agronegócio da irrigação. 

Se uma ação coordenada não for feita até julho de 2023, as consequências serão “catastróficas”, dizem os especialistas. “Enfrentar esta crise exigirá medidas de conservação sem precedentes na memória viva”, pontuou o relatório. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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