Impactos dos videogames na saúde mental são temas recorrentes de pesquisas e representam um debate acalorado na ciência. Com milhões de pessoas jogando games em todo o planeta, aumentaram as preocupações sobre os potenciais efeitos negativos dessa prática na saúde.
E isso cresceu ainda mais após a OMS incluir, em 2018, um transtorno relacionado ao excesso de videogames na Classificação Internacional de Doenças. Em 2020, com a pandemia, o tempo que as pessoas passaram jogando videogames foi muito maior, preocupando a ciência ainda mais.
No entanto, em um estudo recente publicado na revista Technology Mind and Behavior, pesquisadores investigaram a relação entre o tempo que passamos jogando videogames e à saúde mental. De acordo com o estudo, as pesquisas existentes são falhas, pois se baseiam em dados de tempo de jogo relatados pelos participantes.
Além disso, o viés impactava as pesquisas, com alguns estudos constatando impactos negativos, sugerindo que o excesso de videogames poderiam causar problemas à saúde mental, como ansiedade e depressão.
Por outro lado, outros estudos apresentavam benefícios, como reduzir o stress ou aprimorar o crescimento pessoal, mas, também, com uma metodologia que se baseava em dados fornecidos pelos participantes.
Estudo analisou o comportamento de 414 participantes por três meses
O novo estudo, feito pelo Oxford Internet Institute, usou uma abordagem diferente, observando 414 participantes por 12 semanas, identificando, em tempo real, seus hábitos nos games, focando em apenas uma plataforma, o Xbox.
Os pesquisadores também conduziram entrevistas para verificar a saúde mental dos participantes em várias etapas durante o estudo.
A média de idade dos participantes era 32 anos e tiveram suas sessões de jogatina observadas pelos pesquisadores pelo Xbox Live, que rastrearam o tempo de maneira mais precisa ao observar o status online dos jogadores.
As sessões de jogo foram analisadas em três escalas de tempo: as últimas 24, a última semana e os últimos 14 dias. A cada duas semanas, os participantes preenchiam um formulário para aferir o bem-estar mental.
Os pesquisadores observaram a correlação entre o tempo que os participantes passaram jogando videogames as respostas no questionário sobre saúde mental e bem-estar. No entanto, eles não encontraram uma ligação entre as duas coisas.
O estudo afirma que os participantes que tiveram alterações de humor, ou problemas de saúde mental, não alteraram os hábitos de jogar videogame. Ou seja, não aumentaram e nem reduziram o tempo.
Assim, o estudo chegou à conclusão que jogo não é ruim para sua saúde mental, mas também não é bom. Porém, ressalta que a área precisa de novas pesquisas.
Além disso, embora o estudo conclua que os videogames não trazem impactos — sejam eles positivos ou negativos — à saúde mental, é importante considerar que o estudo analisou apenas adultos de uma região específica e que jogam Xbox. Isso exclui, portanto, crianças e adolescentes, bem como gamers de plataformas diferentes.